sexta-feira, março 25, 2011


O voo (cego) do Ganso


É um dos assuntos do momento no futebol. A saída iminente de Paulo Henrique Ganso do Santos. Esse rapaz é um diamante raro, craque de bola, um meia armador como há muito não aparecia no Brasil. Óbvio que cedo ou tarde despertaria o interesse de compradores endinheirados.

A relação ainda é muito clara no mundo dos negócios da bola. O Brasil é vendedor de pé-de-obra (com a licença do amigo Mauro Beting). Compradores há muitos por aí. Europeus, russos, ucranianos etc. O dinheiro do futebol tem várias origens e muitos mistérios.

O que pega são as diferenças de postura e os interesses envolvidos, penso eu.

Vamos lá! Jogador joga onde quiser jogar, e isso é um direito do profissional do esporte que deve ser festejado, sempre. Agora, palavra e, principalmente, contrato assinado, devem ser respeitados.

Se Ganso assinou um contrato, deu sua palavra. Se mudou de ideia no meio do caminho, tem o direito de fazê-lo, mas precisa renegociar. Uma boa negociação tem que ser vantajosa para todos os envolvidos. Se ele quer sair, o que parece mais do que evidente, deveria ceder em alguma coisa, ele e seus investidores. O Santos cederia no que pode ceder agora, imagino eu, que é perder seu melhor jogador. Mas merece ser ressarcido por isso, já que investiu dinheiro na sua formação.

Aí entram os tais interesses. O cluber quer o jogador para ganhar jogos e campeonatos, antes de vendê-lo e lucrar. O investidor quer que o jogador jogue bem, faça gols e possa ser vendido. Onde o bicho pega? Investidor não torce para ninguém, não tem camisa. Sua equipe é o dinheiro. Para ele, se tiver jogadores espalhados por vários times, melhor, pois aumentam as chances de sucesso e lucro.

Investidor é ótimo para o futebol, mas não é clube de futebol. Nem pretende ser.

O Santos hoje está sofrendo porque um negócio feito anteriormente, por uma outra gestão, na tentativa - legítima - de fazer caixa, cedeu fatias importantes dos direitos econômicos de alguns de seus principais jogadores para um grupo ou grupos de investidores.

É por isso que clubes de futebol precisam ter oposição, sócios e conselhos atuantes, fiscalizadores. Para que haja um mínimo de comunicação entre uma gestão e outra, para que o clube não possa ser penalizado por erros administrativos ou rixas políticas.

Nenhum jogador de futebol é maior do que clube algum. O Santos teve o maior jogador da história. Mas já era um time importante antes de Pelé. Virou o maior time do mundo nos anos 60 com Pelé, que parou. E o Santos segue vivo, foi campeão antes, durante e depois de Pelé. Isso vale para qualquer camisa.

Assim como o jogador tem o direito de sair quando e para onde quiser, ele também precisa respeitar o compromisso que assumiu e assinou. Não tem nada de ingratidão, mercenário, isso são termos de gente que leva a coisa na base do fanatismo, que extrapola a importância do futebol.

Se Ganso quer e pode sair, ele e seus investidores precisam entender que é melhor buscar um acordo, tirar aqui, acrescentar ali, para que todos fiquem pelo menos satisfeitos, já que é impossível que todo mundo saia feliz.

PH Ganso parece ser um rapaz de cabeça boa. É profissional, não faz corpo mole em campo. Talvez esteja sendo seduzido por promessas de muito dinheiro e a possibilidade de jogar no grande centro mundial, a Europa. Isso é legítimo. Mas pode ser que o garoto esteja em voo cego pela pressão dos envolvidos. Ele deveria pensar em sair, mas numa boa, deixando as portas abertas para um retorno no futuro. Viu isso acontecer com Robinho, bem de perto.

O objetivo, lícito, do investidor, é ganhar dinheiro. O lucro do time de futebol são os títulos. Já que não podem mais viver um sem o outro, clubes e investidores precisam encontrar uma fórmula que seja boa para ambos.

3 comentários:

@FabioCdMA disse...

Nori seu texto é fenomenal, você é um craque dos comentários! Parabéns!!

luciano da silveira disse...

como smpre vc acertou na mosca nas suas explanacoes e nas posicoes k elevam o nosos futebo apenas a um NEGOCIO $$$ chamado $FUTEBOL$... onde os jogadores k seria nosso melhores crakes sao mau acessorados e kerem sair antes mesmo de serem confirmados como grandes jogadores e aidna sao apenas promessas... abrx do seu fa no tt @lukaradeku (noruega........ kakakakakakakakakak)

Unknown disse...

Olá, Noriega, tudo bom?!

Gosto do seu jeito de pensar, mas queria propor uma outra ótica ao debate.

O Ganso não foi comprado pelo Santos, mas o clube o formou. Logo deve ser "ressarcido" po te-lo formado.

Mas aí, eu penso, o jogador se profissionalizou no clube e vai jogar seus 3/4 primeiros anos de profissional no clube. Nesse período, Ganso vendeu camisas, conseguiu patrocínios e teve parcelas IMPORTANTES em títulos.

Veja, sem ganso (só com Neymar) talvez o Santos não faturasse a CB e não estivesse na libertadores (o verdadeiro caça-níquel). A conquista por si só trouxe fundos e fundos aos caixas do clube.

Ganso levou público aos estádios! Pos o Santos na mídia e aumentou o marketing do clube. Aumentou o número de novos "santistinhas".

E agora talvez o lucro maior, os passes de Ganso ajudaram a valorizar (ainda mais) a jóia Neymar. Como ajudaram, bastante (muito mesmo), a vender vários jogadores por um preço bem valorizado. Veja o caso de André que, com todo respeito ao Mano e a quem gosta dele, não jogaria no time da minha rua (e não vai vingar na seleção porque é MUITO fraco).

Além disso, para sempre o Santos terá porcentagens sobre negociações futuras do atleta. E eu pergunto, para um clube formador isso é pouco? Precisa-se de mais, muito mais?!

Entendo que quando um gasto é grande para aquisição de um jogador, espera-se retornos na mesma ordem de grandeza. Mas acho que Ganso já deu uma bela contribuição aos cofres Santistas e se sair por 20 ou 40 milhões isso só se somará ao já feito por ele.

Uma negociação tem que ser boa pra todo os lados para ser boa? Difícil analisar quando que o clube perde e quando ele passa a levar vantagem, a linha é tênue.

***
Veja o caso de Lucas no SP, que ainda não ganhou títulos, não vendeu tantas camisas e nem classificou o clube para competições de maior receita. Não ajudou a valorizar jogadores ainda (pois não houveram jogadores vendidos), nesse caso a receita é bem menor por parte do clube. Ainda.

Qual é a análise mais correta? A que leva em conta isso, ou a que não leva nada?