Agora é hora de ajudar
o ser humano Jóbson
A notícia é dura e cruel. Dois anos de suspensão para Jóbson, do Botafogo, por doping. Em seu julgamento no Stjd ele admitiu ser usuário de crack.
Não entro no mérito da punição. Se é justa, pesada, branda. Se os clubes que têm atletas pegos em exames antidoping devem ser punidos. Isso dá muito combustível para discussão.
O que me preocupa é essa praga das drogas, que ameaça nossos jovens. Falo por mim, porque na vida nunca traguei um cigarro, nem do de nicotina nem de qualquer outro. Não saio por aí criticando o que os outros fazem, mas me orgulho da minha escolha. Meu corpo é meu santuário e nele não entra droga alguma.
Mas o que interessa não sou eu, mas sim outro caso de doping no esporte. Coisa que está virando rotineira. É preciso separar o doping pelas questões esportivas, do cara -ou "da cara" - que se enche de bombas e hormônios para correr mais rápido, saltar mais longe ou mais alto etc.
Outro estilo é o do atleta que cai na droga pela questão social, pelo deslumbramento e pelo despreparo. Quando percebe, vira dependente, a questão é química. E não falo apenas de atletas, falo de todos os seres humanos, de nossos filhos, amigos.
No futebol existe o impacto de se tratar do esporte mais popular do mundo, de ídolos.
Não acho justo que se cobre de um atleta um comportamento ideal. Atleta não tem que ser exemplo, tem que desempenhar bem sua função. Ninguém pede para ser exemplo de ninguém. Para isso temos pais, amigos verdadeiros, mestres na vida.
O jogador de futebol brasileiro é um desamparado por definição. Pode estar com a conta no banco recheada, mas, infelizmente, muita gente o vê apenas como uma cifra ambulante, alguém em quem encostar como parasita e sugar tudo que ganha. Parente, falso amigo, procurador, dirigente. Basta ver quantos casos temos de grandes craques que estão aí em situação terrível fincanceira e psicologiamente. Dinheiro é o que menos importa nisso.
Que agora Jóbson tenha ajuda de verdade do Botafogo. Não o jogador que tirou o time do rebaixamento, mas o ser humano que está precisando de amparo e de uma saída para o vício. O Botafogo e todos os clubes brasileiros. Que se dizem sociais e esportivos, mas precisam assumir de vez sua responsabilidade como formadores não apenas de bons jogadores de futebol, mas de bons brasileiros.
Boa sorte, Jóbson.
2 comentários:
Muito bem colocado! Por trás de um atleta existe um ser humano frágil e dependente de ajuda como qualquer outro!
Crack é pesado, não é uma droga social. Acho que mostra os problemas que o Jóbson vai enfrentar, que serão muito maiores do que a suspensão. O primeiro é o ambiente em que ele se envolveu com essa droga. Não costuma ser o mesmo ambiente em que alguém de sucesso e dinheiro se envolve, por exemplo, com cocaína. Isso, se bobear, foi com antigos amigos, aquelas companhias difíceis de se largar. O segundo problema é a dependência que essa droga causa, o que é facilmente comprovado não só por reportagens, como também pelos inúmeros "noias" que vemos pelo Centro de São Paulo, que antes ficavam vagando pela chamada Cracolândia e agora se espalharam por boa parte do Centro. Se essa é uma droga difícil de se largar com apoio, imagine essas pessoas que não têm apoio nenhum. Será que o Jóbson vai ter apoio, agora que estará longe do sucesso e, possivelmente, do dinheiro? O terceiro problema é o menor deles na questão da vida social, mas o afetará quando e se ele voltar ao futebol, que é o preconceito. A cultura do esporte é hipócrita por natureza, e o mesmo "junkhead" que já usou ou ainda usa maconha, cocaína etc. será um dos primeiros a criticar. Já o faria se o Jóbson tivesse sido suspenso por causa de uma droga que esse "junkhead" tivesse usado, mas tendo sido por crack é capaz de a reação ser ainda pior. Infelizmente, creio que o Jóbson não conseguirá voltar a um time grande, isso se voltar ao futebol.
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