segunda-feira, novembro 24, 2008

MURICY, JUVENAL E AS RAZÕES
DA SUPREMACIA SÃO-PAULINA

Só se um desastre de proporções bíblicas se abater sobre o Morumbi o São Paulo deixará de conquistar seu sexto título brasileiro, o terceiro em sequência (fato inédito na história do Campeonato Brasileiro nos moldes atuais, já que o Santos venceu a Taça Brasil de 1961 a 1965).
Isso posto, é hora de analisar os motivos que levam o São Paulo e seu treinador, Muricy Ramalho, a serem os melhores do futebol nacional.
Dentro da minha maneira de ver o futebol, o título de 2008 (claro que se confirmado) será, entre os três, aquele em que Muricy terá a maior parcela dos méritos. Por que era o mais improvável e o mais difícil de ser conquistado. O treinador sempre teve uma forte corrente de críticos entre os chamados cardeais (em última análise, os corneteiros do São Paulo) e uma parcela da torcida tricolor. Em 2008 essas críticas aumentaram muito em virtude dos fracassos do time até a reta final do Brasileiro. Muricy várias vezes disse que se sentia sozinho e quem bancava seu trabalho era o presidente do clube, Juvenal Juvêncio.
O São Paulo começou 2008 vítima da soberba que se abateu sobre o clube. Seus dirigentes passaram a achar que o time era uma casa de recuperação de jogadores e que qualquer caso não era perdido desde que caísse no CCT. Quebraram a cara com um monte de contratações equivocadas. Principalmente os micos Carlos Alberto e Fábio Santos. Some-se a eles nomes como Éder, Éder Luiz, Juninho, Joílson. Adriano foi a grande aposta. Dentro de campo, rendeu bem, embora tenha proporcionado uma série de problemas fora dele, a maioria habilmente contornada ou ocultada pelos dirigentes. Mas não foi decisivo como o São Paulo esperava. Não fez nada na segunda partida semifinal do Paulistão contra o Palmeiras e, embora tenha marcado no jogo em que o Fluminense eliminou o São Paulo da Libertadores, a bola da classificação esteve nos seus pés e ele a perdeu quando faltavam segundos para o fim do jogo, dando a chance para o gol decisivo do Flu. Não se trata de culpar Adriano, mas naquele jogo quem resolveu foi Washington.
Ali Muricy esteve com um pé fora do São Paulo. O projeto de hospital de craques ruins de cabeça dera errado e a culpa, pensavam muitos, era dele. O treinador que sempre pediu contratações mais criteriosas e reclamava do elenco limitado. O momento de maior atrito, segundo informações que obtive de bastidores, ocorreu quando o treinador foi contestado por alguns diretores quanto ao fato de não utlizar os jogadores do badalado centro de formação do clube. Muricy e a comissão técnica tentaram e não viram qualidade suficiente, o que irritou muitos cardeais. Juvenal Juvêncio, um raro caso de dirigente que gosta de futebol e vê futebol, fechou questão com o técnico, embora ele mesmo acreditasse que havia mais talento do que realmente existia na base.
Quando ficou 11 pontos atrás do Grêmio no Brasileiro, o São Paulo jogou a toalha. Mas simultaneamente a este ato simbólico, o time encontrara sua melhor forma. Ou tinha encaixado, como se diz no jargão do boleiro. Sempre criticado por escalar três zagueiros, Muricy aprimorou o forte sistema defensivo do time. Jogadores de fundamental importância que andavam apagados passaram a jogar bem, como Dagoberto, Borges e, principalmente, Jorge Wagner, que é o motor do time. Hernanes, acima da média, correspondeu no momento decisivo. A concorrência passou a fraquejar e a pipocar.
Outro diferencial do São Paulo ficou evidente. O time não é brilhante, longe disso. Mas perde pouco porque tem, individualmente, os melhores zagueiros e um dos melhores goleiros do Brasil. em 2007 o São Paulo perdeu apenas 7 jogos no Brasileiro. Em 2008 foram somente 5 derrotas até agora. Isso dá consistência e confiança ao time e ao treinador. Muricy trabalha como poucos a bola parada e é um treinador que joga para o resultado, não para agradar críticos e torcedores. Observa com precisão cirúrgica as necessidades do futebol atual, tem uma comissão técnica competente e ativa. O presidente do clube é boleirão, sabe a hora de agir nos bastidores, de falar, de calar. O São Paulo está pagando os melhores bichos dessa fase decisiva do campeonato. Dinheiro vivo, pago no vestiário.
Mas reafirmo minha tese de que esse é o título de Muricy mais do que qualquer outro. Talvez o destino esteja compensando a ele o título que a absurda anulação de 11 jogos ajudou a tirar em 2005. Muricy deve se tornar em breve o segundo treinador a conquistar três títulos consecutivos de um Campeonato Brasileiro. O primeiro a fazê-lo por um mesmo time. Anteriormente, o grande Rubens Minelli tinha sido campeão de 1975 a 1977, duas vezes com o Inter e uma com o São Paulo. Minelli é exatamente a grande inspiração de Muricy. Aparecerão muitos pais da criança são-paulina seis vezes campeã do Brasil. Mas a investigação de paternidade apontará para Muricy, sua comissão técnica e Juvenal Juvêncio. Eles pariram um time de jogadores que mostraram comprometimento e não fraquejaram quando o título se ofereceu a eles.

CORNETANDO O BLOGUEIRO

O bom do blog é poder receber todo tipo de mensagem, críticas, correções, elogios. Uma delas me pareceu especialmente interessante. Um blogueiro que não quis se identificar considerou pouco original e fora de propósito a frase que escrevi sobre Gustavo Nery, agora no Inter. Ironicamente, eu afirmei que Nery deveria ter o melhor empresário do mundo. O blogueiro não gostou e aqui está registrado. Mas sem querer desrespeitar o jogador e seu empresário, Gustavo Nery não joga nada há algum tempo e sempre consegue vaga em grandes times. Ou estou exagerando.

INTERNACIONAL FAZ JUS AO NOME

Enquanto alguns, equivocada e soberbamente, desprezam a Copa Sul-americana, lá vai o Inter rumo a mais uma decisão, reforçando seu nome no continente e divulgando-o mundo afora. Em caso de vitória colorada contra o Estudiantes, talves os times brasileiros passem a dar mais valor a esta competição, mesmo com todos os defeitos que ela possa ter.

6 comentários:

Anônimo disse...

Acho o São Paulo uma "Casa forte" que precisou de reforma após a ação do tempo. Nessa reforma, houve mais erros do que acertos. Sua fachada no início do ano era bonita mas, as janelas e portas não foram acertadas. Houve necessidade de uma nova reforma que incluía a própria fachada. Deu certo? Não! A casa continuou feia e com os traços do saudoso arquiteto Telê Santana.
Então, o que faz da casa antes ultrapassada e agora bonita?
Nada! Mas, a estrutura a mantém em pé.
Enquanto os demais arquitetos projetavam e exibiam suas belas casas, os trabalhos de engenharia demonstram-se frágeis, a ponto do "lobo-mal" assoprar, assoprar, ... até a casa cair!
. Enfim, o trabalho de engenharia é bom mas, a arquitetura deixa a desejar com reformas e mais reformas para torna-la bela. Meu medo é de que o estilo arquitetônico seja um "modelo nacional", uma vez que ele não convence na Libertadores.
"O correto deve ser o da engenharia!"

Alexandre Massi disse...

sabe o que é mais engraçado desse lance do gustavo nery, noriega.

No fim de 2005, quando inter e corinthians "decidiam" o brasileirão, o Juca Kfouri encomendou com vários jornalistas uma comparação entre elencos.

Na lateral-esquerda, o duelo era Gustavo Nery x Alex.

Adivinhe quem ganhou, de forma unânime?

Gustavo Nery!

Calazans, PVC, Tostão e Juca opinaram!!

Abs

www.blogdomassi.blogspot.com

Anônimo disse...

Acho que o Muricy iria gostar muito de ler isso. É bom, gratificante, ver um trabalho reconhecido de forma coerente e sem chumbetagens.

Parabéns, Noriega.

Beijos.

e VIVA o São Paulo.

Anônimo disse...

Nori, novamente chegamos ao término do ano com o São Paulo Futebol Clube sendo o grande campeão brasileiro. Os méritos acredito eu, que são de todos aqueles que trabalham no clube e hj fazem deste o maior clube brasileiro(tendo a terceira maior torcida do país e em alguns estados já é a segunda).O Muricy obviamente tem seus méritos,como ótimo treinador que é, mas discordo totalmente daqueles que tentam dizer que ele tira "leite de pedra"...O São Paulo certamente tem o melhor goleiro disparado do Brasil ha pelo menos 10 anos, tem os melhores zagueiros da América do Sul, tem um meio de campo com o melhor jogador do Brasil na atualidade Hernanes e o ataque conta com 2 jogadores de boa qualidade sendo que o Dagol sempre foi apontado como um craque. Quanto ao Muricy não aproveitar o CT de Cotia, me parece que os dirigentes tinham alguma razão,pois basta ver a diferença do São Paulo quando o Jean entrou no lugar do Ricky?!!Na verdade o Jean acertou o time tricolor, aliás a grande revelação do campeonato.O Muricy passou por um momento ruim no começo do ano, isto é fato, a diretoria não errou não como você quis dizer, pois trouxe grandes jogadores como Adriano e Rodrigo mais pro fim e outros que haviam sido destaque no campeonato anterior tais como Juninho e Joílson.Por isso acho que todos têm méritos enormes no titulo e tiveram sua parcela de culpa na eliminação da libertadores incluindo o Muricy e sua insistência com o Ricky. Abraço e saudações tricolores em especial ao cavalo paraguaio Palmeiras(pocoto,pocoto,pocoto).

Anônimo disse...

Certeza que o cara que te criticou pelo comentario sobre o Gustavo Nery, ou é o próprio ou o Empresário dele...pois ele, o Rafael Moura eo Beletti...vou te falar...são casos de empresarios convicentes...

Anônimo disse...

Ola, Nori...
Concordo em partes com o que vc (se me permite) escreveu. Mas se o os "cardeias" contrataram esses jogadores que não deram certo e o o Muricy os escalou, falta personalidade ao Muricy, bastaria sacá-los do time... Todos ganham ou todos perdem... Time ruim não ganha campeonato, o Muricy jamais ganhara um brasileiro até assumir o São Paulo e já é um técnico rodado, não aprendeu agora (após assumir o tricolor)a dirigir um time... Lembremos das 2 eliminações de Libertadores para equipes tecnicamente inferiores (a final perdida para o Inter não reclamo pois o Inter era um timaço, ao contrário de Grêmio e Flu)...
Um abraço.