SELEÇÃO OLÍMPICA DO
BRASIL É BRINCADEIRA
Leio nos jornais de hoje que o planejamento da Seleção Olímpica masculina de futebol do Brasil não existe. Que o time não sabe ao certo quando se reunirá, onde treinará, se fará ou não amistosos. Talvez nem conte com Ronaldinho Gaúcho, convocado pelo presidente da CBF, se o jogador for negociado com o Milan.
Dunga, treinador do time principal e também do olímpico, já declarou que o que importa é a Copa do Mundo. Competição que, recordemos, já começou, pois as Eliminatórias já são a Copa. E o Brasil está fora da zona de classificação. Mas retornemos à Olimpíada. O Brasil vai, de novo, na base do improviso. Pode ser até que ganhe a medalha de ouro, pois há talento para isso. Mas o que fica é a discussão sobre os métodos, sobre o que é hoje a Seleção Brasileira de futebol, em sua versão principal e também na faceta olímpica.
O futebol tem esse lado arrogante de desprezar a Olimpíada. Assim como a Olimpíada não vê com bons olhos o futebol. Na verdade, por parte do futebol, deve ser um pequeno temor da Fifa de que, um dia, o torneio olímpico tenha importância comparável à Copa do Mundo. Uma grande bobagem, diga-se.
Num mundo ideal, não seria interessante que o Brasil tivesse uma Seleção Olímpica ativa, que nesse estágio, há poucos dias dos Jogos, já tivesse feito alguns amistosos, treinado, definido ao menos um padrão tático? A Argentina, pelo que sei, já avançou mais nesse sentido e existe um desejo sincero de grandes jogadores participarem da campanha em busca do bi olímpico.
Tudo isso somado se reflete no momento pálido da Seleção Brasileira, em qualquer de suas versões. Um time dominado pelo medo dentro de campo, entupido de volantes, refém de alguma jogada individual, que sonha com o desafogo através de laterais que não acertam cruzamentos. Um time pobre de idéias, preso à lógica do bateu, levou de seu treinador. Dunga como jogador, dentro de campo, era melhor técnico do que tem se mostrado como professor de fato. Orientava e conduzia melhor.
Talvez o imprevisto e a improvisação conduzam o futebol brasileiro a mais uma conquista em Pequim. Como foi na Copa América, quando o Brasil venceu com apenas uma grande atuação, a da final, diante da Argentina.
Mas o que deveria preocupar a CBF mas parece preocupar apenas quem de fato se preocupa com isso, é o futuro do futebol brasileiro.
Vi a Copa América e vi a Euro. Confesso que fiquei apavorado com as nossas perspectivas.
2 comentários:
O Dunga está se importando "somente" com a Copa do Mundo sem perceber que, caso tenha um fracasso daqueles retumbantes nas Olimpíadas, ele dificilmente chegará à tal competição, será demitido antes disso.
Nori, sou um fã confesso do seu trabalho e gostaria de uma ajuda sua. Estou produzindo um TCC sobre o futebol europeu no País e gostaria de marcar uma entrevista com você sobre o tema. Se você pudesse me ajudar, ficaria extremamente agradecido. Em caso positivo, me responda pelo meu e-mail, se possível: filipelima@mail.com (é mail mesmo, não é gmail, não), que a gente combina pelos e-mails, OK?
Abraços e agradeço desde já.
Fala, Nori!
Vou ser irônico: a culpa é do talento dos nossos jogadores. E explico.
Apesar de toda a falta de planejamento, das trocas dos pés pelas mãos, da inconsistência do trabalho, a seleção sempre conta com jogadores muito, muito bons e talentosos, capazes de resolverem uma partida em um ou dois lances (haja vista a Copa América, onde só apanhamos e, na final, demos um baile na Argentina).
Você esteve "in loco" na Euro, foi testemunha da seriedade que equipes e campeonatos recebem, viu times voando em campo. Mas, enquanto tivermos safras talentosas por aqui, maquiando a desorganização local com boas atuações e a conquista de um ou outro campeonato, dificilmente chegaremos aos pés do que vc viu do outro lado do Atlântico.
Grande abraço.
Joao Luis Amaral
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