segunda-feira, fevereiro 11, 2008
FUTEBOL SE FAZ DE CLÁSSICOS
Os times pequenos - a quem respeito profundamente - que me perdoem, mas tratando-se de futebol, clássico é fundamental. É nos grandes choques entre os gigantes do futebol que se escreve a história do esporte-maior.
O fim de semana da bola nos brindou com dois dos maiores jogos do País em termos de história e rivalidade. O Fla-Flu, ainda que com muitos reservas e debaixo de um dilúvio, levou 40 mil pessoas ao Maracanã. No Morumbi, menos da metade desse público viu um eletrizante e polêmico São Paulo 3 x 2 Santos.
Não pude ver o jogo do Maracanã, a goleada tricolor movida a Thiago Neves. Trabalhei no do Morumbi, portanto só poderei falar sobre o clássico paulista, embora seja um dos milhões de fãs do Fla-Flu, um jogo que transcende, um dos maiores clássicos mundiais.
O jogo do Morumbi tem vários aspectos a serem analisados. E polêmica de sobra. Começo pela parte do futebol, da técnica e da tática. O primeiro tempo mostrou o São Paulo quase no nível de 2007. Futebol coletivamente bem jogado, compacto, marcação forte no campo do adversário, movimentação e saídas rápidas para o ataque. Com mais capricho nas finalizações e se não fossem duas belas defesas de Fábio Costa, o time de Muricy Ramalho definiria o clássico nos primeiros 45 minutos.
O Santos só tentou se defender, ainda muito bagunçado dentro de campo, com um Tabata inútil. O gol de Kléber Pereira foi obra de seu oportunismo e do bom futebol do garoto Adriano, raçudo e rápido. Fora isso, só deu São Paulo, com bom jogo de Fábio Santos. Mas a zaga tricolor já dava sinais de falhas de posicionamento e cobertura. Deixou Kléber Santana três vezes cara a cara com Rogério Ceni no jogo - o artilheiro só fez uma. A defesa é o setor que deve dar mais trabalho a Muricy. Juninho é técnico, mas como zagueiro, como defensor, o vejo abaixo dos outros jogadores que o São Paulo tem para a posição.
A segunda etapa mostrou um Santos mais bem posicionado em campo, com Adriano pela ala direita e Alemão na vaga de Tiago Luís. O time de Emerson Leão foi lutador e diminuiu a distância técnica para o adversário, tendo, inclusive, criado chances para matar o jogo, desperdiçadas por Kléber Pereira. Mas ainda há muitos pontos a corrigir, principalmente o meio-campo, setor em que o Santos, atualmente, não tem peso, não consegue se impor.
Finalmente, vamos às polêmicas. E antes delas, deixo claro, mais uma vez, que não existe verdade absoluta no futebol quando se trata de polêmica e interpretação. Há casos evidentes, gritantes, de marcações escandalosamente unânimes. Mas há casos que suscitam defesas de teses e argumentações e todas elas devem ser respeitadas. Não há dono da razão quando se falade futebol.
Isso postado, vou à minha visão dos lances polêmicos.
No primeiro gol do São Paulo, há reclamação de falta de Adriano em Adaílton. O zagueiro santista não esboçou reclamação na jogada. Pelo que vi, foi uma disputa por espaço, daquelas que acontecem toda hora dentro da área e Adriano foi mais malandro. O maior erro ali foi de Fábio Costa, que não saiu do gol numa bola que estava à sua frente.
No segundo gol do São Paulo há reclamação de falta de Miranda na barreira do Santos, que abriu. Sob o ponto de vista da regra, a falta só pode ser marcada depois de a bola estar em jogo. O que eu vejo como atitude correta do árbitro é não autorizar a cobrança da falta enquanto não acabar o empurra-empurra. Quando Juninho bate a falta, o empurra-empurra já acabou e há até um jogador do Santos que consegue se adiantar na tentativa de evitar que a bola passe. Repito: ali o erro do árbitro foi autorizar a cobrança. Depois de autorizada, ele esquece a barreira. E, de novo, falhou Fábio Costa (ele inclusive assumiu).
O mais polêmico dos lances é o que envolve Miranda e Kléber Pereira. Há um evidente deslizar da bola pelo braço esquerdo de Miranda. A regra fala em levar a mão à bola de maneira intencional, mas pede que se observe a movimentação do braço e a distância do mesmo do desenvolvimento da jogada. Miranda move o braço em paralelo à bola e muda sua trajetória. Difícil dizer se ele teve ou não a intenção, mas que a movimentação do braço muda a trajetória da bola, isso para mim parece claro. Portanto, eu marcaria pênalti interpretando a regra dessa maneira.
Mais dois detalhes. Adriano entrou pesado em Richarlyson e Fábio Santos entrou pesado em Rodrigo Souto, se não estou enganado. Lances duros, para, no mínimo cartão amarelo, que não foi dado em nenhum caso.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
5 comentários:
Fala, Nori!
Sobre a sua visão acerca do lance do pênalti, concordo plenamente. Complicado é crucificar o árbitro se ele não teve uma visão privilegiada do lance. De qualquer forma, com esse lance cabe uma cutucada na diretoria do São Paulo, que a cada erro de arbitragem faz um escarcéu.
Até agora não vi essa falha gritante que muita gente pensa que houve no segundo gol do São Paulo. Horrível foi o primeiro gol, esse sim.
Pelo que parece o São Paulo precisa de um cara à la Zidanilo. O Douglas, do São Caetano, foi revelado aqui e joga muita bola. Pode ser a peça que falta ao time do Muricy.
Ainda em tempo não custa lembrar o episódio lamentável protagonizado pelo Adriano. Espero que o STJD tenha peito e o puna com rigor pela cabeçada no bonde Domingos.
Não vi o clássico, infelizmente. Tinha um Brusque x Criciúma, clássico muito mais importante para assistir. hahaha
Um abraço!
Meu caro Nori, eu também acho que Clássico é clássico e vice-versa.
Mas vc não acha que os times do interior dão um molho especial ao Paulistão e que, os clubes grandes estão, na verdade, sendo surpreendidos pela estrutura dos times interioranos?
Um abraço.
Edison Souza - Campinas
Dois clássicos do Paulistão terminaram com o debate sobre se o juíz acertou ou errou. Prova que a qualidade dos juízes deixa a desejar. Mas não coloco a culpa neles. É como exigir de um craque que jogue tudo o que sabe sem o devido treinamento. A Federação e a CBF deveriam profissionalizar o quadro de juízes, que ela seja uma carreira como a de jogador de futebol, com estabilidade empregatícia - para diminuir a pressão que o juíz sofre. Creio que essa medida fará com que os erros venham a diminuir. Ou pelo menos, é o meu desejo.
Midnight Oil é uma das minhas bandas favoritas e esse CD que você está escutando é excelente. Tenho toda a discografia deles, além do concerto que eles fizeram para as vítimas do tsunami lá na Ásia. Não sei se você tem ou se já ouviu, mas recomendo deles o "Earth and Sun and Moon", "10,9,8,7,6,5,4,3,2,1", "Blue Sky Mining" e um acústico deles, de 1993.
sei lá, mas eu não consigo achar outro adjetivo pra definir o Leão a não ser: Intragável
Postar um comentário