Jogo veloz
Um conceito que muita gente confunde no futebol é o de velocidade. Jogo veloz não é aquele em que um cara dá um chutão lá da defesa para um maluco sair em disparada atrás da bola. Jogo veloz é o que fazem os quatro semifinalistas da Liga dos Campeões da Europa, a troca rápida de passes com o time evoluindo em volta da bola.
Até o Chile, que não tem uma grande seleção, registre-se, fez um jogo veloz contra o Brasil, que insiste em jogar na base do chutão dos zagueiros para ver se lá na frente alguém resolve sozinho.
O futebol brasileiro se perde a cada dia em busca de uma solução para um problema cuja constatação é evidente: paramos no tempo e já não produzimos tantos craques como antes.
Nosso futebol sempre foi técnico e habilidoso. Muitas vezes mais habilidoso, mas quase sempre técnico.
Atualmente o jogador brasileiro padrão tem horror a posse de bola, tem paúra de dominar e tocar. Muitos jogadores profissionais precisam de dois, três toques para controlar uma bola. Ato que deve ser automático para um profissional dessa área. Dominar e tocar redondo, um passe preciso, então, é ainda mais raro.
Sem querer ser nostálgico e já sendo, até meados dos anos 90 ainda era assim.
Mas hoje, após anos e anos, de preparação física em excesso, luta incessante pelo resultado a qualquer custo, hoje o futebol brasileiro paga um alto preço por isso.
Não quero escrever com isso que o Brasil é carta fora do baralho na Copa de 2014. Mas temos poucos coringas e a mão é fraca. Para buscar uma canastra suja será difícil, que dizer de uma real.
Até nossos melhores jogadores andam óbvios.
Para buscar um sistema de jogo, acho que o treinador não deve impor seus conceitos. Tem que usar de sua capacidade e experiência par tirar o melhor de cada jogador dentro do que ele pode render e do que está acostumado a fazer em seu clube.
Acho inócuas as tentativas de colocar um Oscar, um Jádson para atuar do lado do campo, em posição fixa o tempo todo, apenas porque na Europa se faz assim em muitos clubes e seleções.
Neymar jogando enfiado no lado esquerdo, parado, com acesso fácil para qualquer marcador, é um pecado. Melhor é que ele esteja livre para criar, para rodar o campo, tabelar, driblar em velocidade.
Ronaldinho Gaúcho rende muito mais no Galo porque existe um sistema que funciona corretamente há muito tempo e que supre as carências do meia. Bernard corre por ele, os volantes correm por ele. E em termos nacionais o jogo é mais lento.
Em jogo internacional a coisa é muito mais complicada, e a velocidade com que a bola circula já complica até para um superdotado tecnicamente como Ronaldinho.
Que a Copa das Confederações seja utilizada para buscar uma maneira de jogar, para mudar conceitos, não apenas para vencer em busca de revanchismo e um ufanismo sem propósito.
Um comentário:
Grande, Nori! Será que o Felipão tem essa capacidade? Acho que não. Ele é mt bom em montar equipes que funcionam segundo o seu estilo. Pragmático busca o resultado. Também não o condeno por isso. Ele não tem as características de um herói que é o que precisamos para esse retorno ao nosso conceito de futebol. Talvez com Pep Guardiola...Como não tem ele resta torcer para Felipao nos mostrar o contrário ou esperar 2018. Um abraço.
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