segunda-feira, janeiro 26, 2009

PARA CERTOS CARAS
O GOL FICA ENORME

Eles têm a chave, a senha, a palavra mágica que faz do futebol o que é. Para certos caras fazer um gol é tão simples como acordar e ir ao banheiro lavar o rosto, tocar uma campainha, fritar um ovo. Para outros é um dilema, requer manuais, fórmulas e teorias complicadas. Mas é para os artilheiros de verdade, aqueles que têm um pacto diabólico com a bola e as redes, que o gol parece ser sempre enorme, o espaço entre as duas traves é um latifúndio.
Assim é com Keirrison, com Washington, com Kléber Pereira e, porque não, com Pedrão, do Barueri. Esperemos um pouco mais para saber se Tiago Silvi, do Botafogo de Ribeirão Preto, é dessa rara estirpe. Porque em breve Ronaldo Fenômeno deve fazer lembrar a todos que esse negócio de gol sempre será com ele.
Embora já não tenha o brilho de outrora e seja um campeonato pretensioso para sua real importância, políticamente anabolizado com 20 clubes onde não cabem tanto, o Paulistão tem goleadores às pencas para renovar o gosto do povo pela arte de estufar as redes. Keirrison é veloz, esperto, sempre ligado, faz da leveza dos seus 21 anos sua grande arma. Washington é um carrasco que gosta do jogo pelo alto e não se sente descolado quando a bola desce para o gramado. Une força e técnica para finalizar e sabe ser o garçom quando faz a parede. Kléber Pereira é daqueles que quando dá um tapa e põe a bola à frente do marcador o estádio já sabe que vem gol por aí. Alguns argumentam que ele perde muitos gols, mas quem não perde?
Borges é o ator coadjuvante que, muitas vezes, acaba salvando o filme. Falta charme, mas gol também é com ele. Pedrão não tem o nome, nem a fama dos outros quatro. Está mais para um trabalhador do gol, daqueles que não pode se dar ao luxo de recusar serviço, seja em Barueri ou na Coréia do Sul. Mas o resultado é quase sempre satisfatório.
Essa turma é garantia de muito trabalho para meus colegas narradores.

TÉCNICO DE JUIZ? FAÇA-ME O FAVOR.

Grande entrevista do brilhante repórter Victorino Chermont no Tá Na Área de ontem mostrou a novidade da arbitragem no Campeonato Carioca. Criaram a figura do técnico do juiz. O Vitu entrevistou um cara que parecia saído da caserna, cheio de termos militarescos para definir sua função: ser bedel do trio de arbitragem. Ora, se esse cara vai ficar orientando durante o jogo, corrigindo posicionamento, alertando para erros, ele torna-se, de fato, um quarto ou quinto árbitro e terá interferência no andamento do jogo. Suas opiniões influenciarão o trio de arbitragem. Fico me perguntando o que disse o técnico de arbitragem ao bandeirinha Luiz Antônio Muniz de Oliveira que, grosseiramente, anulou um gol pra lá de legítimo de Victor Hugo, do Friburguense, contra o Flamengo. Esse professor já está com o cargo a perigo. Tem cada uma.

AS HORDAS SEGUEM IMPUNES

Jogo de Copa São Paulo sempre traz lembranças de como os estádios de futebol eram lugares mais calmos e seguros. No interior o ritmo ainda é outro, é possível que os torcedores assistam aos jogos misturados, num mar de camisas que são apenas adversárias, jamais inimigas. Mas ao final de um desses jogos, uma facção dessas que apavoram os estádios reuniu uma pequena turba de delinquentes para tentar agredir um único funcionário do clube em cujo estádio o jogo foi disputado. Eram uns 20, 30. O mais velho deles talvez não tivesse 20 anos. 20, 30 para bater em um. Destes, um delinquente conseguiu se infiltrar covardemente e por trás agrediu o tal funcionário, que só pode se defender atrás de uma bancada de cimento. Quando a polícia chegou, os 20, 30 que pareciam um pelotão, se transformaram em adolescentes medrosos, gritando "tio, eu não fiz nada". Fizeram, sim. E continuarão fazendo enquanto não houver medidas duras para devolver aos estádios os verdadeiros torcedores.
Numa estrada federal torcedores desceram de seus ônibus para, em vez de comemorar a vitória de seu time, apavorar motoristas e suas famílias que voltavam para casa promovendo um quebra-quebra.
Nada tenho contra quem decide formar uma torcida organizada. Tudo tenho contra quem é bandido e se esconde atrás dessas torcidas. Enquanto isso, os clubes permitem que eles agridam, até matem, ostentando os distintivos das agremiações em suas camisas.
O passado nostálgico virou presente trágico até num simples jogo de Copa São Paulo no outrora pacato interior.

A COTAÇÃO DO CRUZEIRO

Recebo uma pergunta sobre o Cruzeiro. Taí um belo time. Gosto do estilo de jogo, da proposta do Adílson, que o Felipão já tinha dito, lá atrás, que seria um bom treinador. Guilherme e Ramires são duas feras. Talvez a defesa ainda seja um pouco reticente e falte ao time, como um todo, aquela faísca que propague o incêndio em jogos decisivos. Mas tem tudo para fazer uma ótima Libertadores.

4 comentários:

Núbia Tavares disse...

Nori, todo atacante perde gol. A diferença entre o bom e o ruim é que bom perde por um capricho dos Deuses. Já o ruim perde porque não está bem posicionado ou porque tem o pé torto. Esses nomes que você citou prometem! E espero, para minha felicidade, que o melhor deles seja o Keirrison. Não só pq sou palmeirense, mas por ele ser meu conterrâneo tbém.
Ah, obrigada pelo comentário no Blob.

Anônimo disse...

"...Washington é um carrasco que gosta do jogo pelo alto e não se sente descolado quando a bola desce para o gramado. Une força e técnica para finalizar e sabe ser o garçom quando faz a parede..."

Caro Noriega, como tricolor que assistiu a 70 jogos do flu em 2008 (38 do Brasileiro, 14 da libertadores e 18 do carioca), discordo com conhecimento de causa de sua afirmação, em tela. Você, um execelente comentarista por sinal, por força da profissão não pode ver todos os jogo do Flu que eu vi e compreendo que sua imagem do Washington foi construída encima dos quase 40 gols que ele fez pelo Flu no ano passado. Os melhores momentos do DVD e/ou do passado dele como jogador. Maaaaaaaas, por isso mesmo não viu os 500 gols que ele perdeu, a maioria de forma bizonha. Das bolas que nele bateu ( matadas na canela) e voltaram em contra-ataque. E da visível falta de recursos técnicos que apresentou em 2008.

Com certeza para a maioria dos torcedores tricolores, aqueles que assitem a todos os jogos, não deixou saudade alguma.

Unknown disse...

Oi, Fernando, tudo bem? Falo do Washington por tê-lo visto jogando e fazendo gols desde que ele passou pela Ponte Preta. Sempre foi artilheiro, eu acho. Perde muito e também faz muito. Mas são apenas opiniões, e todas merecem respeito, certo?
Abs

Anônimo disse...

Certo, Nori. São opiniões.

Respeito muito a sua. Maaaaas, fico com a minha. hehehehehehehehe

Abração