sexta-feira, fevereiro 29, 2008


É possível gostar de músicas de
bandas de que você não gosta?

Adoro música e, admito, sou um não-músico frustrado. Ainda vou tentar aprender a tocar um instrumento na vida. Também gosto de falar sobre música, além de esporte e outros temas. Até fiz uma texto para a edição de abril da Rolling Stone brasileira, sobre um DVD Áudio do Rush.
Todo mundo tem um artista preferido, um estilo, uma cantora, um intérprete. Quem passa por aqui sabe que sou fã do Genesis, do Phil Collins, da Elis Regina e de muitas outras coisas.
Mas também gosto de algumas músicas de bandas e artistas dos quais não sou fã.
Deixo aqui alguns exemplos e convido os amigos a participarem com suas opiniões.

Don´t Go Away, do Oasis - Não sou fã do Oasis, não tenho um disco. Aliás, jamais ouvi um disco inteiro. Acho a banda uma pretensa imitação dos Beatles e, como qualquer imitação da maior de todas as bandas, não chega lá. Os Gallagher, irmãos que mandam na banda, são duas malas sem alça, metidos a briguentos, polemistas. Mas essa música é bem legal. Gosto da maneira descarada como o vocal tenta emular o John Lennon, com a voz "quebrando" nas notas mais altas. A levada de bateria evidentemente "chupada" de Ringo Starr não tem a mesma leveza do beatle menos famoso, mas leva bem a canção até o fim, com um duelo entre o solo de guitarra e os vocais. Bem bacana a música, sempre que ouço gosto. Ouvi hoje e mantive a opinião.

Subdivisions, do Rush - O trio canadense de progressivo temperado com metal é formado por grandes músicos, esbanja técnica, mas sempre passou uma certa imagem de frieza para mim. Tipo assim o próprio Canadá. Que, dizem os próprios canadenses, é bonito, bacana, organizado, mas meio sem charme, sem personalidade. Os fãs do Rush tratam a banda como a última cereja do bolo, mas isso é papel de fã mesmo, estão na deles. Não sou fã, mas acho essa música muito legal. Nela o Rush combina inspiração com técnica. A condução da música pelo teclado, a bateria muito bem tocada de Neil Peart e as linhas de baixo espertas de Geddy Lee cativam desde o início. Se o Rush fizesse mais canções como esta e como Red Sector A, Big Money, eu também seria um fã.

Borderline, da Madonna - Eu era fã da Madonna e deixei de ser quando ela passou a se levar muito a sério. Quando tudo tinha aquele ar de brincadeira eu achava muito mais legal. Borderline é a Madonna sem se levar a sério. Desde o tecladinho quase de brinquedo da abertura, a bateria progamada e os vocais no limite da ruindade, claramente disfarçados em estúdio. Mas era música pop para ser consumida como música pop, rápida, gostosa, despretensiosa tipo um saquinho de pipocas no cinema. A Madonna de hoje, com pose de artista engajada, querendo forçar a barra para ditar moda, não me desce. Gostava quando ela ditava moda pensar em fazê-lo.

Ana Júlia, do Los Hermanos - A mesma lógica da Madonna vale para essa banda, no meu caso de ouvinte. Quando apareceu essa canção eu curti, achei bem pop, legal, curtição, refrão pegajoso Até hoje ela agita. Tocou no casamento do meu cunhado e levantou a galera. Mas a banda parece que acredita em algo de messiânica, intelectual, fãs engajados e investe numa fusão com a MPB. Preciso ouvir mais. O que ouvi depois de Ana Júlia não me seduziu.

Bandolins, do Oswaldo Montenegro - Esse cara eu acho chato, muito chato. Esse negócio de bardo, de menestrel, me parece meio forçado, teatralizado. Mas essa música, que ele cantou com um cara chamado Carlos Alexandre, é belíssima. As vozes se combinam à perfeição em cada verso e quando cantam em dueto é de arrepiar. Lindo arranjo com destaque para o instrumento que dá nome ao tema. Também acho Agonia bem interessante. Talvez seja o caso de ver o som do cara mais no contexto do teatro.

Amor Nas Estrelas, de Nara Leão - Não sou um grande fã de bossa nova. Embora tenha Elis e Tom como um dos maiores discos de todos os tempos. Acho overdose ouvir um disco inteiro de bossa nova, tudo muito igual. Veja bem, não é ruim, longe disso, é questão de gosto. Nara Leão também nunca me agradou como cantora, achava a voz pequenina, nada que se compare à magistral Elis Regina, por exemplo. Mas nessa música, que foi seu último sucesso antes da morte prematura, ela me fisgou. Acho uma linda canção, ingênua, cativante, bem cantanda. Pena que sej tão difícil escutá-la hoje em dia.

Ships, do Barry Manillow - Manillow é um ícone brega. Aquela coisa horrorosa chamada "Copacabana" deveria ser vetada pelos cariocas. É um crime, nunca uma homenagem. Mas o cara, no estilão da Broadway, com muitos exageros, canta bem e é um bom melodista. Essa música é muito bonita, chega a ser tocante, fala da relação de pai e filho, e lembranças, de coisas que não foram ditas. Tem um bonito arranjo, bem exagerado como deve ser um arranjo de uma canção nessa linha. O piano conduz a canção de maneira lenta e segura. Manillow é um excelente pianista. Sempre que ouço essa música agradeço a Deus por ainda poder conviver com meu pai e curtir sua companhia, sua presença.

Independência, do Capital Inicial - Eu acho que o Capital ficou bem melhor depois de velho, depois do Acústico MTV. Das bandas brasileiras que surgiram nos Anos 80 eu achava a mais fraquinha. O Dinho cantava mal pacas naquele tempo. Não que seja um grande cantor, mas hoje tá mais firme, mais adequado ao tamanho da voz. Independência eu acho uma grande música, está entre as melhores do Capital na minha opinião. Adoro a abertura, com o teclado e o baixo prometendo muito e a canção depois cumprindo tudo. O solo de sax é inusitado e caiu muito bem.

quinta-feira, fevereiro 28, 2008

BATE-PAPO


O grande barato de um blog é poder trocar uma idéia com quem passa por aqui, deixa sua opinião, uma pergunta, uma crítica, dá uma cornetada. Procurarei me disciplinar para responder, sempre que possível. Vamos às respostas da vez.

* Ao Anônimo flamenguista. Se você leu com atenção, o que eu acho que fez, percebeu que eu não comentei o jogo Flamengo e Botafogo porque não vi, já que estava trabalhando em outro jogo no mesmo horário. A questão do Bebeto é maior do que o resultado do jogo. Trata-se de um símbolo do esporte brasileiro, um técnico de vôlei campeão do mundo e um dirigente de alto nível que, se sair mesmo, fará falta ao futebol brasileiro. Ou seja, não falei do jogo, falei de um fato extra-jogo. Portanto, não concordo com o tom da sua mensagem. Sobre os dirigentes do Botafogo, só discordo do que você disse sobre o Bebeto. O Montenegro já mostrou que não tem equilíbrio para ser um bom dirigente de futebol.

* Ao Guillermo gremista - Primeiro, Guillermo, obrigado pela visita. Segundo, tenha cuidado ao ler e, por favor, não procure o que não existe. Quem disse aquilo sobre o Palmeiras foi o Taffarel, em 1996, quando era goleiro do Atlético Mineiro, não fui eu. E o texto é bem claro quanto aos times brasileiros e deixa evidente que, por associação, qualquer grande time brasileiro, o melhor do País em sua época, seria o melhor do mundo. Como o Grêmio de 83. Sobre o Felipão, nem preciso falar, já que sou um dos maiores admiradores do trabalho dele.

* Ao Alexandre Giesbrecht - É triste mesmo, Alexandre. Os torcedores estão virando fanáticos de satélite, de videogame. Não consigo conceber um brasileiro torcendo pelo Ajax, pelo Real Madrid. Temos tantas opções por aqui.

* Ao João Luís - Prezado João, seu post faz pensar, o que é ótimo. Mas há alguns pontos que provocam o debate. Os argentinos acham seus times os melhores do mundo por uma questão de paixão, de devoção, mas preferem mesmo é ganhar a Libertadores, de preferência derrotando um brasileiro. Sobre as arbitragens, veja o escândalo recente na Itália, o que mostra que também há problemas na Europa. A questão é que se analisa o futebol europeu vendo apenas os grandes clubes. Ninguém fala de Alavés e Getafe, de Modena e Trieste, dos estádios vazios em jogos menores. Desorganização é o maior problema, mas temos casos de trabalhos interessantes como o do Inter, o do São Paulo, o Atlético Paranaense. Mas continuo fiel ao Brasileirão, que pra mim é o melhor campeonato do mundo.

* Ao Israel. Amigo, isso é realmente muito triste. Mas quem sabe não veremos um dia camisas do Flamengo, do Corinthians, do Grêmio passeando por Madri, Roma, Londres?

* Ao Orlando. Bem lembrada a comparação. Realmente, Santos em 2007 e o Palmeiras agora mostraram esse ar meio blasè, dando a idéia de que podem vencer a qualquer hora. Não tem sido assim.

* Ao Felipe. Eu me lembro de ter escrito algo sobre o Ronaldo. Mas repito: torço muito por ele, para que volte a arrebentar, porque é um Fenômeno mesmo. Só acho que a passagem dele pela Holanda, o fato de ter ficado muito forte muito rápido, tudo isso está cobrando um preço alto agora.

* Ao Serginho Laurindo, Robert Alvarez, Val. Muito obrigado pelas mensages e pelo carinho com o seu Luiz Noriega, que é uma grande fera da nossa comunicação.

Abraços a todos.

terça-feira, fevereiro 26, 2008


ATÉ O TORCEDOR ESTÁ
FICANDO COLONIZADO


Para mim, mesmo em crise técnica grave o futebol brasileiro ainda é o melhor do mundo. Considero o Campeonato Brasileiro o mais difícil e equilibrado do planeta bola. Tecnicamente, só perde para a Liga dos Campeões, mas pergunto: o que seria da Liga dos Campeões se dela não participassem tantos brasileiros e argentinos?
Algo me incomoda na formação do torcedor brasileiro de futebol na atualidade. Cada vez mais o pensamento é europeizado. Os grandes campeonatos sempre são os europeus, os times do Velho Continente são melhores, são os verdadeiros esquadrões. Acho que existe aí uma confusão entre qualidade, organização e poderio econômico.
Recebi uma mensagem muito educada do amigo Bruno Trivellato. Ele disse que estava, assim como seus amigos, estupefato com um comentário que fiz no ano passado. Eu afirmei que a defesa do São Paulo era a melhor do mundo durante o Brasileirão. O time de Muricy Ramalho sofreu apenas 19 gols em 38 jogos, média de 0,5 por jogo. Pesquisei naquela época se havia algum time importante de campeonato importante que ostentasse tal número. Não havia. Então que mal há em afirmar algo assim, baseado em números?
É proibido para um time brasileiro ser o melhor do mundo em alguma coisa? Esse privilégio é europeu, ou de algum grande clube europeu? Deixe o dinheiro de lado, esqueça as diferenças econômicas brutais e a evidente falta de organização e marketing que existe por aqui. Esportivamente, os grandes clubes brasileiros não são tão grandes quanto os europeus?
Em que campeonato do mundo existem tantos times candidatos ao título nacional como no Brasil? Na Itália são quantos? Quatro. Idem na Inglaterra. Na Espanha quando a safra é boa se chega a esse número, o mesmo vale para a Inglaterra. Aqui temos os 8 grandes de Rio e São Paulo, os 2 do Sul, os 2 de Minas, pra ficar nos campeões mais frequentes.
Por que o Flamengo de Zico, Adílio e Júnior, campeão do mundo, não pode ser considerado, de fato, o melhor time do mundo naquela época? Ou o São Paulo de Telê? Até mesmo o Palmeiras de Luxemburgo em 96, que Taffarel afirmou ser o melhor time do mundo após uma derrota do Atlético Mineiro.
O mesmo vale para os jogadores. Não tenho dúvidas de que nos anos 80, por exemplo, Falcão, Sócrates e Zico eram, seguramente, os melhores jogadores em atividade no mundo. Que Robinho em 2003 e 2004 poderia pleitear esse título. Que o Edmundo de 97 no Vasco estava no mesmo patamar de qualquer craque em atividade na Europa.
Graças a uma incrível capacidade de desorganização o futebol brasileiro está conseguindo a proeza de deixar de ser atraente para os jovens torcedores. Alguns acham o máximo um jogo do Campeonato Holandês, que é terrivelmente ruim. Tem gente que acha, de verdade, que Empoli e Livorno podem fazer um bom jogo. Eu não troco por um Ipatinga e Sport. No Brasil ainda existe um quê de imprevisto, pode acontecer um golaço a qualquer momento, um lampejo num jogo teoricamente mais fraco. Se formos falar de clássicos, então, o Brasil dá de dez a zero.
Não se trata de ufanismo, mas de uma opinião baseada em fatos. O futebol que se joga hoje no mundo é igual em todas as partes. Não existe uma revolução tática em andamento. A diferença é que os grandes jogadores - quase sempre brasileiros ou argentinos - são comprados a peso de ouro pelos clubes mais ricos, os europeus. Até os que prometem ser grandes são cooptados antes mesmo de cumprirem a promessa.
Não sei até quando a floresta de talentos do futebol brasileiro resistirá à cobiça devastadora de empresários. A tendência é de que vire deserto em breve se nada for feito. Mas ainda existe uma bela natureza a ser admirada por aqui. São alguns oásis que precisam ser preservados.

RONALDO

Fui cobrado a emitir uma opinião sobre Ronaldo, o Fenômeno, e mais uma de suas contusões. Lamento muito, pois sou fã de Ronaldo e acho que, em forma, ele ainda é o dono da camisa 9 do Brasil. Nenhum dos postulantes à vaga chega perto dele. Torço para que volte a jogar e em alto nível. Já disse isso há algum tempo e repito: Ronaldo ficou forte demais e muito depressa na Holanda (não sei como, não posso afirmar) e falta sustentação física para tanta força. Triste, muito triste, mas desse cara não se duvida.

segunda-feira, fevereiro 25, 2008




O QUE FAZER COM O
MALUCO DO TAYLOR?


As imagens são um soco no estômago. Tanto que é difícil encontrá-las no You Tube. O Arsenal conseguiu retirá-las do ar. Ali está resumida a grande batalha do futebol mundial: a luta dos que sabem e tentam jogar contra os que não sabem e tentam parar quem sabe na base da truculência, da porrada.
Que punição seria recomendável a um carniceiro como o Taylor do Birmingham? O que pretende um jogador que dá uma entrada daquelas num companheiro de trabalho, que não seja machucá-lo? Não existe nada de casual numa jogada daquelas. Óbvio que o Taylor (que merece mais do que ninguém o nome Butcher, de açougueiro, em inglês, ao contrário do Terry Butcher verdadeiro, que batia menos) não queria quebrar a perna do Eduardo. Mas quebrou. Assumiu o risco disso ao entrar daquele jeito. A velha questão de culpa e dolo. Se ali não houve dolo, intenção, houve culpa evidente, pela irresponsabilidade do ato.
Por aqui, cedo ou tarde, veremos uma tragédia semelhante se não forem tomadas providências. Há jogadores no Brasil, principalmente alguns zagueiros e volantes, que confundem raça e dedicação com violência e intimidação. Adoram mostrar as travas das chuteiras, deixar cotovelos, joelhos e tudo o que for possível para segurar o adversário na base da porrada. O pior disso tudo é que tem torcedor que aplaude.
Muitos atletas ficaram marcados como violentos por jogadas em que provocaram contusões graves, mas que foram casuais, acidentes. O Raí, que sempre foi um jogador leal, quebrou a perna do Dorival Júnior num Palmeiras x São Paulo. O mesmo Raí rompeu os ligamentos do joelho num lance com Wilson Gottardo, num São Paulo x Cruzeiro, no qual Gottardo sequer foi violento, foi uma trombada por trás, com Raí ficando com a chuteira presa no gramado.
Outros serão eternamente lembrados pela violência estúpida e gratuita, como o Márcio Nunes, que arrebentou com o Zico.
Felizmente, o jogador brasileiro aprende desde muito cedo a fugir das botinadas dos volantes e beques irascíveis. Já desenvolveu esse talento, percebe a maldade na ponta das chuteiras inimigas, e consegue escapar dela na maioria das vezes.
Mas enquanto não se tomam providências, há o risco de algum Taylor made in Brazil trucidar um dos nossos coitados Da Silva. Com o nível das arbitragens brasileiras, o perigo é real e imediato.

AS COISAS QUE SÓ ACONTECEM COM O BOTAFOGO

O Botafogo é pura emoção. Não deve existir no mundo clube mais instável emocionalmente. Espero que Bebeto de Freitas volte atrás em sua anunciada decisão de renunciar ao cargo de presidente do Botafogo. Mesmo sendo emoção em estado puro, Bebeto ainda é zilhões de vezes mais racional que a maioria dos cartolas alvinegros. E o Botafogo está bem, anda batendo na trave, mas uma hora a conquista vai chegar.

GRANDES? POR ENQUANTO....

O Paulistão está dando uma bela lição nos clubes grandes. No atual momento, só o Corinthians está no grupo dos 4 melhores. Com todos os méritos, já que é o time mais regular e confiável entre os grandalhões. Pode não jogar bonito, mas pelo menos tem um jeito de jogar com o qual técnico e jogadores parecem estar de acordo.
O São Paulo perdeu o tal do encaixe de que tanto fala o ótimo Muricy Ramalho. E perdeu onde não se pode perder, na defesa. Até o Rogério anda em fase ruim. Resta saber se o time se recupera e finalmente encaixa na Libertadores.
O Palmeiras decepciona pela falta de resultados e a ausência de vibração do time, que tem um ar meio blasè, parece achar que ganha quando quiser. E não tem sido assim.
O Santos anda respirando, mas precisa, em nível de direção, decidir se fica do lado do Leão ou de alguns torcedores. Parece óbvio que é melhor ficar do lado de Leão. Mas de cabeça de cartola nunca se sabe o que pode sair.

quinta-feira, fevereiro 21, 2008




UMA IMAGEM VALE MAIS

DO QUE MIL PALAVRAS



Momento tiete de filho para pai. Foto sensacional. Meu velho, Luiz Noriega, está entrevistando o gênio argentino Alfredo Di Stéfano, "La Saeta Rubia" na Copa de 62, no Chile. Di Stéfano foi convocado pela seleção da Espanha, já que naquele tempo a convocação abrangia os jogadores que atuavam pela liga local. Puskas também foi convocado pela Espanha. Contundido, Di Stéfano não jogou. Na foto, além do Luizão aparecem outros craques da crônica esportiva, como Walter Abrahão (à esquerda), Milton Camargo (de boina) e Haroldo Fernandes, de cabelo escovinha.

quarta-feira, fevereiro 20, 2008

TOCO Y ME VOY


Hoje é dia de uma passada rápida pelo blog. As escalas têm sido puxadas. Estive em Ribeirão Preto e São José do Rio Preto no fim de semana, e hoje estarei em Rio Claro. Mas, como dizia aquele anúncio, o mundo gira e a Lusitana roda, sempre há tempo para uma atualização.

* Forte e polêmica a entrevista dada pelo piloto de Stock Car Renato Russo ao Estadão. Denúncias gravíssimas de uso de drogas e consumo de bebidas antes das corridas, por parte dos pilotos. Merece apuração urgente e séria.

* Pouco falei sobre isso, mas sigo sem entender a decisão do Grêmio de afastar o Vágner Mancini. Se alegaram falta de experiência, por que contrataram? Que experiência tinha Mano Menezes quando assumiu o Tricolor gaúcho? É por essas e outras que há cartolas e há dirigentes. O Grêmio, que vinha tão bem nesse sentido, deu uma cartolada monstro.

* Flamengo e Botafogo devem fazer uma grande final de Taça Guanabara. Dois bons times, rivalidade, Maracanã lotado. Exceto o inchaço absurdo que colocou times ridículos na competição, o Campeonato Carioca segue sendo o melhor modelo de início de temporada. Essas finais de turno agitam o torcedor e atiçam, no bom sentido, o lado saudável da rivalidade. Vejo o Flamengo mais talentoso e o Botafogo mais organizado para a decisão. Sem favoritismo, no entanto.

* Impressionante a sequência invicta do Atlético Paranaense. Boa notícia para o sério e competente treinador Ney Franco, que se encontrou no comando do Furacão.

* Comentei Juventus x Palmeiras, sábado, em Ribeirão Preto. Usei esta expresão na transmissão e repito aqui: o Palmeiras nasceu como time ali. Começa a aparecer o trabalho de Luxemburgo.

* Também vi, in loco, o pesadelo santista diante do Rio Preto. Jogo horroroso. Sigo sem entender o por quê da derrocada santista. Com todos os titulares à disposição, o time não é ruim. Mas está uma bagunça dentro de campo. Kléber Pereira é um arremedo do matador da temporada passada. Rodrigo Souto nem de longe lembra o volante versátil de 2007. Há algo de estranho no Reino da Baixada.

* O São Paulo 2007 foi a excelência em defesa. O Tricolor 2008 perdeu eficiência defensiva. Parece simples jogar a responsabilidade nos zagueiros. Vejo de outro modo. Acho que o São Paulo do ano passado marcava muito bem, começava a marcar lá no campo de ataque, com o Leandro, que saiu. E a defesa tinha o Breno, com um tempo de bola incrível. É por aí que Muricy deve trabalhar o time a partir de agora. Mais marcação na frente e regularidade atrás.

* Imagino o dilema que vive Mano Menezes no Corinthians. O que seria melhor, dada a situação do clube: jogar mais aberto e perder alguns jogos, ou ir ganhando corpo à custa de muitos empates? Qualquer derrota no Corinthians de hoje terá enorme repercussão. Por isso, acho que o Mano acerta em optar pela cautela, até para conseguir tempo e dar sequência ao seu trabalho.

* No próximo número da edição brasileira da revista Rolling Stone deve aparecer um texto meu, uma análise sobre a versão em DVD Áudio do último álbum da banda canadense Rush. Gosto muito dessa área musical e fico honrado em colaborar com uma revista da qualidade da RS.

* Um abraço para o amigo e companheiro de trabalho Edison Souza, da EP TV de Campinas e do SporTV. Pra quem não sabe, o Edison foi jogador de futebol profissional, com passagens por times do interior de São Paulo. Grande figura e excelente repórter.

* Por enquanto é só, pessoal, diria o Pernalonga.

segunda-feira, fevereiro 11, 2008


FUTEBOL SE FAZ DE CLÁSSICOS


Os times pequenos - a quem respeito profundamente - que me perdoem, mas tratando-se de futebol, clássico é fundamental. É nos grandes choques entre os gigantes do futebol que se escreve a história do esporte-maior.
O fim de semana da bola nos brindou com dois dos maiores jogos do País em termos de história e rivalidade. O Fla-Flu, ainda que com muitos reservas e debaixo de um dilúvio, levou 40 mil pessoas ao Maracanã. No Morumbi, menos da metade desse público viu um eletrizante e polêmico São Paulo 3 x 2 Santos.
Não pude ver o jogo do Maracanã, a goleada tricolor movida a Thiago Neves. Trabalhei no do Morumbi, portanto só poderei falar sobre o clássico paulista, embora seja um dos milhões de fãs do Fla-Flu, um jogo que transcende, um dos maiores clássicos mundiais.
O jogo do Morumbi tem vários aspectos a serem analisados. E polêmica de sobra. Começo pela parte do futebol, da técnica e da tática. O primeiro tempo mostrou o São Paulo quase no nível de 2007. Futebol coletivamente bem jogado, compacto, marcação forte no campo do adversário, movimentação e saídas rápidas para o ataque. Com mais capricho nas finalizações e se não fossem duas belas defesas de Fábio Costa, o time de Muricy Ramalho definiria o clássico nos primeiros 45 minutos.
O Santos só tentou se defender, ainda muito bagunçado dentro de campo, com um Tabata inútil. O gol de Kléber Pereira foi obra de seu oportunismo e do bom futebol do garoto Adriano, raçudo e rápido. Fora isso, só deu São Paulo, com bom jogo de Fábio Santos. Mas a zaga tricolor já dava sinais de falhas de posicionamento e cobertura. Deixou Kléber Santana três vezes cara a cara com Rogério Ceni no jogo - o artilheiro só fez uma. A defesa é o setor que deve dar mais trabalho a Muricy. Juninho é técnico, mas como zagueiro, como defensor, o vejo abaixo dos outros jogadores que o São Paulo tem para a posição.
A segunda etapa mostrou um Santos mais bem posicionado em campo, com Adriano pela ala direita e Alemão na vaga de Tiago Luís. O time de Emerson Leão foi lutador e diminuiu a distância técnica para o adversário, tendo, inclusive, criado chances para matar o jogo, desperdiçadas por Kléber Pereira. Mas ainda há muitos pontos a corrigir, principalmente o meio-campo, setor em que o Santos, atualmente, não tem peso, não consegue se impor.
Finalmente, vamos às polêmicas. E antes delas, deixo claro, mais uma vez, que não existe verdade absoluta no futebol quando se trata de polêmica e interpretação. Há casos evidentes, gritantes, de marcações escandalosamente unânimes. Mas há casos que suscitam defesas de teses e argumentações e todas elas devem ser respeitadas. Não há dono da razão quando se falade futebol.
Isso postado, vou à minha visão dos lances polêmicos.
No primeiro gol do São Paulo, há reclamação de falta de Adriano em Adaílton. O zagueiro santista não esboçou reclamação na jogada. Pelo que vi, foi uma disputa por espaço, daquelas que acontecem toda hora dentro da área e Adriano foi mais malandro. O maior erro ali foi de Fábio Costa, que não saiu do gol numa bola que estava à sua frente.
No segundo gol do São Paulo há reclamação de falta de Miranda na barreira do Santos, que abriu. Sob o ponto de vista da regra, a falta só pode ser marcada depois de a bola estar em jogo. O que eu vejo como atitude correta do árbitro é não autorizar a cobrança da falta enquanto não acabar o empurra-empurra. Quando Juninho bate a falta, o empurra-empurra já acabou e há até um jogador do Santos que consegue se adiantar na tentativa de evitar que a bola passe. Repito: ali o erro do árbitro foi autorizar a cobrança. Depois de autorizada, ele esquece a barreira. E, de novo, falhou Fábio Costa (ele inclusive assumiu).
O mais polêmico dos lances é o que envolve Miranda e Kléber Pereira. Há um evidente deslizar da bola pelo braço esquerdo de Miranda. A regra fala em levar a mão à bola de maneira intencional, mas pede que se observe a movimentação do braço e a distância do mesmo do desenvolvimento da jogada. Miranda move o braço em paralelo à bola e muda sua trajetória. Difícil dizer se ele teve ou não a intenção, mas que a movimentação do braço muda a trajetória da bola, isso para mim parece claro. Portanto, eu marcaria pênalti interpretando a regra dessa maneira.
Mais dois detalhes. Adriano entrou pesado em Richarlyson e Fábio Santos entrou pesado em Rodrigo Souto, se não estou enganado. Lances duros, para, no mínimo cartão amarelo, que não foi dado em nenhum caso.

quinta-feira, fevereiro 07, 2008


LUXA E ROMÁRIO


Duas das grandes estrelas do futebol brasileiro da atualidade vivem momentos especiais em suas carreiras. Romário, que se desligou do Vasco como técnico e jogador, e Wanderley Luxemburgo, que anda meio desligado como técnico do Palmeiras. São dois dos melhores em suas atividades - refiro-me a Romário como jogador, claro.
No caso do Baixinho, surpreende a revolta contra o estilo Eurico Miranda de administrar o Vasco. Afinal, Romário se beneficiou muitas vezes desse estilo, colecionando privilégios e gozando das benesses de ser amigo do chefe. Agora, na função de chefe, Romário talvez tenha percebido que para quem está no comando quase sempre não existem amigos.
Eurico Miranda, definitivamente, não é o modelo de dirigente que eu admire, mas sempre foi assim e sempre assumiu ser assim. Ele é o Vasco. Interfere, dá pitacos, manda. Romário já sabia disso quando aceitou ser essa coisa meio amorfa, técnico e jogador.
Analiso de duas maneiras a saída do Baixinho do Vasco. Ele amadureceu definitivamente e tem idéias bem diferentes, como técnico, daquelas que tinha como jogador. Ou Eurico Miranda percebeu que como técnico Romário não passa de um atacante genial em fim de carreira.

O QUE ACONTECE COM LUXEMBURGO?

Não são três derrotas seguidas que jogarão por terra o currículo de um dos maiores técnicos de futebol do Brasil. Mas o retorno de Wanderley Luxemburgo ao Palmeiras levanta uma série de questões. Seus times sempre foram arrumados taticamente, fossem eles vencedores ou não. E o treinador não precisava de muito tempo para arrumá-los. Em pouco mais de um mês de trabalho no Palmeiras, Luxemburgo não consegue arrumar a bagunça que se vê em campo.
Ele sempre trabalhou com um limite de tensão, com muita cobrança, que se traduzia em um time também cobrador e muito sintonizado no jogo. Esse Palmeiras de 2008 é um time disperso, que aceita passivamente as derrotas pelo que se traduz das declarações
Peguemos os trabalhos vitoriosos de Luxemburgo e os analisemos taticamente. Quase sempre há uma grande dupla de volantes no meio-campo. Um mais marcador e outro com muita qualidade na saída de bola. Em alguns casos havia até três volantes dando muita consistência ao setor de meio-campo. No Palmeiras de 2008 Pierre parece condenado a esse trabalho, marcando praticamente sozinho à frente da zaga, evidentemente sobrecarregado.
Não se duvida de Wanderley Luxemburgo. Seu currículo é a prova disso e ele já saiu de situações até piores. Mas não me lembro de um time dirigido por ele que estivesse tão desarrumado dentro de campo. Some-se a essa pane coletiva uma série de erros individuais e está explicada a péssima fase palmeirense.

SAMBA DO PLANALTO

Só se canta isso em Brasília:

"Ei, você aí, me dá um cartão aí, me dá um cartão aí"

Pra quê sujar a mão em dinheiro (ainda que lavado) se está aí à disposição de todos essa maravilha que é o dinheiro eletrônico farto, sem limite de gastos e, em alguns casos, coberto pelo sigilio?