Comentei o dérbi paulistano Corinthians e Palmeiras para o Première.
Um bom jogo, que valeu mais pela segunda etapa.
O resultado nada traz de definitivo, apenas mantém o Palmeiras virtualmente classificado em seu grupo e o Corinthians em grande dificuldade em sua chave.
O que interessa mesmo para os torcedores dos maiores rivais do futebol paulista é o que o jogo pode apontar para o futuro.
A mensagem é positiva para corintianos e palmeirenses. As duas equipes precisam evoluir e devem melhorar para as disputas mais importantes que virão, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro.
O Palmeiras está num estágio mais avançado de preparação e tem um elenco, pelo menos do meio para a frente, que oferece mais opções ao treinador Gilson Kleina.
O Corinthians patinou no início da temporada e passa por uma reformulação que, ao que tudo indica, ainda não terminou. Mas mostrou no clássico que há tempo e condição para que a equipe evolua e saia do marasmo em que estava.
Isso se os maus torcedores não atrapalharem novamente.
Clássicos são campeonatos dentro de um campeonato, e o desempenho anterior muitas vezes pouco ou nada significa quando um jogo deste tamanho acontece.
O Corinthians foi superior ao Palmeiras, em especial nos 15 primeiros minutos do segundo tempo, quando poderia ter decidido o jogo.
O Palmeiras teve o mérito de não se desorganizar após sofrer o gol e não oferecer o contragolpe ao Corinthians, o que possibilitou a busca do empate.
Foi um clássico bem diferente dos outros dois já disputados no estadual bandeirante.
No primeiro clássico, o Santos massacrou o Corinthians na etapa final. No segundo clássico, o Palmeiras subjugou o São Paulo, que não ofereceu resistência alguma.
O dérbi, embora tivesse o Corinthians com mais oportunidades, não teve um atropelamento e nem uma equipe dominando completamente a outra, como sugeriu Mano Menezes na coletiva pós-jogo, claramente preocupado em se defender das críticas que vinha sofrendo e valorizar o próprio trabalho.
A chave para a melhora corintiana passou pela mudança no meio-campo, que vinha sendo o setor mais frágil da equipe. Com três volantes, um enganche tipicamente argentino (Jadson), um atacante de lado e um homem de referência o Timão esteve mais bem distribuído em campo. Com três homens para a cobertura, os laterais puderam subir menos preocupados com a marcação, que não é o forte de Uendel e Fagner.
Se Romarinho e Guerrero não tivessem perdido as ótimas chances que tiveram, o Corinthians venceria o jogo. Mas Fernando Prass fez muito bem seu papel, principalmente na finalização de Guerrero. Romarinho é bom jogador, nada mais do que isso, mas não pode ser avaliado apenas porque faz gols contra o maior rival. O que não compensa a quantidade astronômica de oportunidades que desperdiça.
O Palmeiras joga mais aberto. Tem apenas um volante de contenção, Marcelo Oliveira, e chega geralmente com Valdívia, Wesley, Leandro e Kardec. Mazinho tem função tática de marcação no meio, para dar cobertura às subidas de Valdívia, Wesley e Juninho. Mas não tem jogado bem. Assim como Leandro, o que sobrecarrega Wesley e Valdívia (que teve uma atuação apagada) na armação.
O banco palmeirense dá mais opções ofensivas a Kleina do que os suplentes corintianos oferecem a Mano. Com Mendieta e Diogo o Verdão conseguiu ficar com a bola e buscar o empate. O Corinthians não tinha um homem de velocidade para puxar um contragolpe que pudesse ser fatal. Enquanto o Palmeiras não tinha um zagueiro no banco para uma eventual necessidade, cabendo a Marcelo Oliveira o papel de coringa. São elencos que, embora numerosos, têm buracos em determinadas posições.
O Corinthians tem uma zaga que hoje falha muito nas bolas cruzadas e carece de opções ofensivas para abastecer Guerrero. Tem um ótimo primeiro volante, mas o segundo e o terceiro homem de meio-campo não fazem a diferença.
O Palmeiras carece de laterais com mais qualidade. Wendel é competitivo e bom marcador, mas tem deficiências ofensivas. Juninho ataca bem, mas marca muito mal. Para jogar com apenas um volante de contenção, o time precisaria contar com um jogador mais qualificado do que Marcelo Oliveira, embora ele esteja jogando bem. Eguren e França são boas opções para reforçar o setor.
A vida palmeirense está mais fácil no Paulistão. O Corinthians ainda precisa tirar sete pontos de distância para o segundo colocado em sua chave, com o detalhe de que não pode fazê-lo por conta própria, precisa contar com os resultados dos outros.
O que fica do dérbi é que com tempo para evoluir as equipes podem chegar numa boa condição no Brasileiro e na Copa do Brasil. Todo mundo ainda está se acertando, não existe um supertime hoje no futebol nacional, há muito equilíbrio.
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