quarta-feira, fevereiro 05, 2014

Esporte tem que ser cultura

Os tempos estão bicudos.

Fala-se cada vez menos de gols, belas jogadas, dribles, apostas divertidas e curiosas.

Há quanto tempo não se conta uma bela história de vida de algum atleta? Ou mesmo algo divertido.

O futebol está ficando chato.

Como esporte mais popular do País, espero que não contamine outras modalidades, embora entenda que já esteja contaminando.

Vejo o comportamento de alguns treinadores no voleibol, por exemplo, e percebo a replicação de modelos do futebol.

Lembro-me dos meus primeiros anos de repórter n Diário Popular.

A violência entre torcedores havia atingido um índice tão alarmante que era comum sermos pautados para cobrir enterros e velórios de torcedores, como se isso fosse esporte.

Recebíamos ameaças. Telefonavam na redação, às vezes até em nossas casas.

Muita gente lucrou em cima dessa violência. Alguns fizeram carreira política, outros carreira no Governo.

As torcidas organizadas foram "banidas" várias vezes e nunca saíram do lugar.

A questão não está em banir as uniformizadas. Cada um faz o que quer da vida. Fica sócio de clube, monta uma banda, entra em torcida.

A questão está em respeitar o direito do próximo, viver civilizadamente, cumprir a Lei e ser punido por não cumprir.

O futebol faz fortunas, constrói e destrói reputações, elege políticos.

Tudo isso tem contribuído para que o futebol venha perdendo cada vez mais seu lado lúdico, de diversão, de lazer e confraternização.

A paixão foi contaminada pelo ódio.

O negócio faz parte e tem que ser assim mesmo. Os jogadores movimentam milhões e merecem ganhar bem por isso. Os clubes idem.

As próprias torcidas vivem desse negócio.

Já ouvi de diretor de torcida que ele não quer saber de violência porque isso espanta os clientes dele.

Sabem do que ele vive? De vender camisas da torcida da qual faz parte.

É ótimo que os jogadores estejam se posicionando. Ainda que eu desconfie que exista um interesse político disfarçado por trás de alguns integrantes ou mentores do movimento Bom Senso, que talvez mire apenas o comando da CBF. Tomara que eu esteja errado. Até porque acredito nos propósitos de alguns dos jogadores que estão dando a cara.

O negócio gira milhões mas poderia girar bilhões. Falta organização. As entidades que comandam o futebol no Brasil são amadoras. Mais do que isso: são burras. Se o objetivo é ganhar dinheiro, poderiam ganhar muito mais.

Têm uma mina de ouro nas mãos e tratam como se fosse uma lojinha de quinquilharias.

Todo movimento gera uma reação.

Que esta seja positiva e traga resultados.

Os atletas têm razão em temer por suas vidas.

Devem cobrar melhores condições de trabalho. Por parte de quem organiza os torneios e por parte dos clubes que os contratam.

Também precisam ser mais profissionais.

Sou um otimista. Acredito que dias melhores virão.

Como pregava meu saudoso pai em suas transmissões, Esporte é Cultura. Um grande País se Forja nos Campos Esportivos.

Não podemos perder isso de vista.
 

Nenhum comentário: