Será que dá liga
entre os clubes?
Não deve trazer grande impacto imediatamente ao futebol brasileiro a saída mais do que anunciada e aguardada de Ricardo Teixeira. Assume um de seus vices, José Maria Marin, que esteve sempre alinhado com as sucessivas administrações do ex-presidente.
O que era preciso acontecer - e não vejo movimentação alguma em torno disso - é um entendimento entre os clubes de futebol do Brasil para que possam assumir o controle e o destino do esporte internamente. A seleção brasileira é assunto da CBF, embora também precise de uma reformulação completa em suas diretrizes.
O que gira a bola, com o perdão do trocadilho, é o futebol interno, a competição entre clubes, os torneios estaduais, regionais e nacionais. O clube é o dia-a-dia, a seleção é o feriado, a viagem de férias. Para bancar a viagem de férias a gente tem que ralar muito no dia-a-dia.
Infelizmente, não vejo um dirigente que esteja à altura dessa empreitada entre os muitos que perambulam por nossos clubes. Não existe pensamento coletivo. Que não representa perda de competitividade. O dirigente de clube sempre deve trabalhar para que seu clube seja o vencedor, afinal, é esse o propósito. Mas precisa ter a grandeza de pensar no seu negócio de maneira macro.
Nosso futebol melhorou muito nos últimos dez anos. Houve incremento de receitas, melhora de organização, isso não se discute. Mas ainda estamos longe de aproveitar sequer metade do potencial das marcas que representam os clubes de futebol no Brasil.
Os que aproveitam bem, gastam pior. As dívidas muitas vezes superam os faturamentos recordes. É uma bola de neve. Falta responsabilidade e estratégia coletiva.
Na minha maneira de ver o futebol, uma Liga ou Associação de Clubes, mas que não tenha relação alguma com o Clube dos 13, deveria assumir o comando. Administrada por um profissional da gestão esportiva, respaldado por um conselho consultivo formado por ex-jogadores, treinadores, preparadores físicos e gente da mídia do marketing. Com cobrança de resultados. Às claras.
A Série A deveria se responsabilizar por parte da manutenção financeira da Série B, por exemplo. Além de fazer um fundo que pudesse auxiliar a Série C. Não vejo espaço para quatro divisões nacionais no quadro atual.
Sou contra a adequação do calendário brasileiro ao das grandes ligas europeias. Nunca escondi isso. O futebol brasileiro tem que atender às necessidades dos torcedores, jogadores e treinadores brasileiros. O País tem um ritmo, uma ordem das coisas, na qual o futebol deve se encaixar.
Na Espanha o calendário do futebol acompanha o calendário escolar e o parlamentar. Segue o ritmo da vida do país. Vá propor a um espanhol ou a um italiano que os campeonatos nacionais daqueles países sejam disputados durante o sagrado verão? É a época das férias e o futebol se insere nesse contexto.
Imagine uma rodada de Brasileirão em 26 de dezembro ou 2 de janeiro? Já existem jogos no Carnaval, o que não se explica ou se justifica.
Para quem defende essa adequação como uma reserva de mercado, que olhe para o vizinho. A Argentina atrelou seu calendário ao europeu há algum tempo e jamais parou de vender jogadores. Seu futebol hoje está virtualmente falido e foi estatizado pelo governo. Ou seja, como para tudo na vida, é uma ideia, mas está longe de ser a solução final, a única saída. Essa não existe.
Excursões pela Europa, pré-temporadas na Ásia? Não precisa virar o calendário de ponta-cabeça. Basta racionalizar. Não prego a extinção dos estaduais, mas eles precisam ser contextualizados como parte da pré-temporada. Esses torneios representam um mercado importante, que não pode simplesmente ser riscado do mapa. Mas estadual com 20 times é devaneio.
Um campeonato estadual teria que se adequar à nova realidade. Serviria de pré-temporada e vitrine. Não se pode decretar o fim do futebol nas cidades pequenas ou abandonar os clubes médios. Por que sem médios e pequenos, alguns grandes descerão um degrau, e nenhum deles está imune a essa ameaça.
Será impossível reservar uma semana ou dez dias no calendário para que os clubes excursionem ou organizem torneios internacionais no Brasil? Para isso seria preciso inverter o calendário e fazer o ano do futebol começar e terminar em julho?
Não tenho a chave para todos os problemas, apenas compartilho uma visão. Porque é preciso um grande debate para procurar um novo caminho e manter a evolução do futebol como negócio, para que ele possa se sustentar em campo.
O jogo cresceu de tal maneira que hoje está inserido no contexto do entretenimento. Seja via TV ou no estádio. O torcedor quer e merece ser mais bem tratado. Não duvido que ele queira participar do dia-a-dia do clube, contribuir, ser parceiro. Mas será que ele confia nos seus dirigentes a esse ponto?
Temos boas experiências de sócio-torcedor em andamento, bons contratos de patrocínio, enfim, é viável. Mas é preciso que os dirigentes dos clubes se preocupem menos com as vantagens dos bastidores e deixem a coisa ser resolvida em campo, pelos verdadeiros artistas.
entre os clubes?
Não deve trazer grande impacto imediatamente ao futebol brasileiro a saída mais do que anunciada e aguardada de Ricardo Teixeira. Assume um de seus vices, José Maria Marin, que esteve sempre alinhado com as sucessivas administrações do ex-presidente.
O que era preciso acontecer - e não vejo movimentação alguma em torno disso - é um entendimento entre os clubes de futebol do Brasil para que possam assumir o controle e o destino do esporte internamente. A seleção brasileira é assunto da CBF, embora também precise de uma reformulação completa em suas diretrizes.
O que gira a bola, com o perdão do trocadilho, é o futebol interno, a competição entre clubes, os torneios estaduais, regionais e nacionais. O clube é o dia-a-dia, a seleção é o feriado, a viagem de férias. Para bancar a viagem de férias a gente tem que ralar muito no dia-a-dia.
Infelizmente, não vejo um dirigente que esteja à altura dessa empreitada entre os muitos que perambulam por nossos clubes. Não existe pensamento coletivo. Que não representa perda de competitividade. O dirigente de clube sempre deve trabalhar para que seu clube seja o vencedor, afinal, é esse o propósito. Mas precisa ter a grandeza de pensar no seu negócio de maneira macro.
Nosso futebol melhorou muito nos últimos dez anos. Houve incremento de receitas, melhora de organização, isso não se discute. Mas ainda estamos longe de aproveitar sequer metade do potencial das marcas que representam os clubes de futebol no Brasil.
Os que aproveitam bem, gastam pior. As dívidas muitas vezes superam os faturamentos recordes. É uma bola de neve. Falta responsabilidade e estratégia coletiva.
Na minha maneira de ver o futebol, uma Liga ou Associação de Clubes, mas que não tenha relação alguma com o Clube dos 13, deveria assumir o comando. Administrada por um profissional da gestão esportiva, respaldado por um conselho consultivo formado por ex-jogadores, treinadores, preparadores físicos e gente da mídia do marketing. Com cobrança de resultados. Às claras.
A Série A deveria se responsabilizar por parte da manutenção financeira da Série B, por exemplo. Além de fazer um fundo que pudesse auxiliar a Série C. Não vejo espaço para quatro divisões nacionais no quadro atual.
Sou contra a adequação do calendário brasileiro ao das grandes ligas europeias. Nunca escondi isso. O futebol brasileiro tem que atender às necessidades dos torcedores, jogadores e treinadores brasileiros. O País tem um ritmo, uma ordem das coisas, na qual o futebol deve se encaixar.
Na Espanha o calendário do futebol acompanha o calendário escolar e o parlamentar. Segue o ritmo da vida do país. Vá propor a um espanhol ou a um italiano que os campeonatos nacionais daqueles países sejam disputados durante o sagrado verão? É a época das férias e o futebol se insere nesse contexto.
Imagine uma rodada de Brasileirão em 26 de dezembro ou 2 de janeiro? Já existem jogos no Carnaval, o que não se explica ou se justifica.
Para quem defende essa adequação como uma reserva de mercado, que olhe para o vizinho. A Argentina atrelou seu calendário ao europeu há algum tempo e jamais parou de vender jogadores. Seu futebol hoje está virtualmente falido e foi estatizado pelo governo. Ou seja, como para tudo na vida, é uma ideia, mas está longe de ser a solução final, a única saída. Essa não existe.
Excursões pela Europa, pré-temporadas na Ásia? Não precisa virar o calendário de ponta-cabeça. Basta racionalizar. Não prego a extinção dos estaduais, mas eles precisam ser contextualizados como parte da pré-temporada. Esses torneios representam um mercado importante, que não pode simplesmente ser riscado do mapa. Mas estadual com 20 times é devaneio.
Um campeonato estadual teria que se adequar à nova realidade. Serviria de pré-temporada e vitrine. Não se pode decretar o fim do futebol nas cidades pequenas ou abandonar os clubes médios. Por que sem médios e pequenos, alguns grandes descerão um degrau, e nenhum deles está imune a essa ameaça.
Será impossível reservar uma semana ou dez dias no calendário para que os clubes excursionem ou organizem torneios internacionais no Brasil? Para isso seria preciso inverter o calendário e fazer o ano do futebol começar e terminar em julho?
Não tenho a chave para todos os problemas, apenas compartilho uma visão. Porque é preciso um grande debate para procurar um novo caminho e manter a evolução do futebol como negócio, para que ele possa se sustentar em campo.
O jogo cresceu de tal maneira que hoje está inserido no contexto do entretenimento. Seja via TV ou no estádio. O torcedor quer e merece ser mais bem tratado. Não duvido que ele queira participar do dia-a-dia do clube, contribuir, ser parceiro. Mas será que ele confia nos seus dirigentes a esse ponto?
Temos boas experiências de sócio-torcedor em andamento, bons contratos de patrocínio, enfim, é viável. Mas é preciso que os dirigentes dos clubes se preocupem menos com as vantagens dos bastidores e deixem a coisa ser resolvida em campo, pelos verdadeiros artistas.
2 comentários:
Olá, Nori!
Fiz um post um pouco diferente sobre a saída do Teixeira, como é característica do blog, e ficaria honrado se você lesse.
http://futebologiabrasil.blogspot.com/2012/03/queda-da-bastilha.html
Abs,
Beto Passeri
E EU DISCORDO DE VOCÊ, NORI.
Mas discordo, apenas, quando você diz que "respeita o Mano". Respeito não deve ser gratuito; deve ser adquirido por merecimento. E o que fez Mano Menezes para merecer respeito como treinador de futebol?
Venceu dois campeonatos da série - B (com elencos e orçamentos de times série - A) e venceu uma copa das barangas, perdão, Copa do Brasil, com o fortíssimo e milionário elenco do Corinthians. Seria isto o "currículo de vencedor" desejável para um treinador de seleção brasileira? É óbvio que não.
O problema é que indivíduos que dão mais valor à vaidade pessoal do que a predicados morais dificilmente reconhecem a própria incompetência.
Convidado pela CBF, às vesperas da Copa do Mundo de 1970, Dino Sani abdicou do convite, sob a alegação de "não estar pronto para o cargo".
DINO SANI É MERECEDOR DE RESPEITO.
Mano é um grande enganador. Um cara bom de entrevista; mas ruim de trabalho, cujas atitudes divergem, na prática, do sua, melosa, conversa pra boi dormir. Por isso, suas declarações não são dignas de credibilidade.
"Neymar tem que ir para a Europa; Ronaldo Gaúcho é exemplo para os jovens".
Por que o Neymar tem que ir para a Europa, porque o Ronaldo Nazário precisa faturar?
E o Ronaldo Gaúcho é exemplo de quê? De múmia paralítica, de zumbí, de sanguessuga?
Bem, ao que parece o Mano não é doido nem é médium ou vidente para enxergar coisas que ninguém vê.
O lobby pela saída do Neymar (aliás, em apoio ao Ronaldo Nazário) e o "projeto" que convoca Ronaldo Gaúcho para o, provável, quarto fiasco olímpico, deve ter razões que absorvem e calam qualquer indício de razão.
E tenho dito,
FRANCISCO.
Postar um comentário