segunda-feira, setembro 19, 2011



Sabe as duas linhas de quatro...


Vivemos o tempo que eu chamo de tatiquês nos comentários de futebol, seja por jornalistas ou mesmo torcedores. Brincamos na TV que é a turma das linhas de ônibus, o 4-2-3-1 e por aí vai.

Cada um faz do seu jeito e todo mundo merece respeito, existem ótimos profissionais que adotam essa linha. Mas converso demais com jornalistas, torcedores, treinadores, jogadores e ex-jogadores e compartilho da opinião da maioria de que muitas vezes nada do que se fala com certo exagero de sistemas de jogo e esquemas táticos realmente acontece num jogo de futebol.

Muitas vezes é aquela história de deitar erudição e posar de entendido. Mas cada um no seu quadrado.

Óbvio que a tática faz parte de qualquer esporte, e também do futebol, não poderia ser diferente.

Há um mantra das análises, quase um clichê de tão usado, que são as famosas duas linhas de quatro.

Pois na minha maneira de ver o futebol temos um time hoje no Brasil que executa esse esquema tático (a maneira como o time se desloca e se movimenta em campo) dentro do sistema de jogo (a formação do time de acordo com a característica e as funções dos atletas) 4-4-2. É o Vasco, do felizmente em franca recuperação Ricardo Gomes.

Gomes se formou como treinador na escola européia, que tradicionalmente usa esse sistema. Foi zagueiro, dos bons, sabe como um bom beque deve se posicionar no intuito de diminuir o campo do adversário e compactar sua equipe, reduzindo espaços.

Quem assistiu a vitória vascaína sobre o Grêmio viu um time jogando conscientemente e muito bem com duas linhas de quatro quando a equipe gaúcha tinha a bola.

Não se trata apenas de formar uma linha com dois laterais e dois zagueiros e colocar à frente dela dois volantes e dois meias, liberando dois atacantes para puxar os contra-ataques. Trata-se de de posicionar essas duas linhas de maneira com que a última, a dos zagueiros, não marque muito perto da área ou (erro grave) dentro da mesma. E com isso não trazer a segunda linha para tão perto da própria área, nem deixá-la muito longe da faixa que divide o gramado.

Com isso o adversário fica preso entre essas duas linhas, o jogo se resume a um espaço pequeno de campo. Os atacantes precisam sair da área, os laterais estão bloqueados e os meias e volantes têm a frente deles uma muralha bem postada e consistente.

Claro que não funciona sempre. Há o improviso, o talento individual. Mas o Vasco está treinado e montado para jogar dessa maneira.

Mesmo quando tem um volante improvisado de lateral, no caso de Jumar contra o Grêmio, e quado não conta com Felipe e Juninho Pernambucano, seus meias. O Vasco se fecha bem, atrai o adversário e sai em contragolpes mortais. Diego Souza é hoje um ponta-de-lança que, por ter sido volante no começo da carreira, não se incomoda em atuar mais recuado quando necessário. Na frente, quase sempre um homem de velocidade com um atacante de área. Simples e eficiente. Líder com méritos.

Pronto, dei meu pitaco no tatiquês de plantão. 

4 comentários:

Thiago Martins disse...

Uma grata surpresa o trabalho do Ricardo Gomes.Depois dos últimos trabalhos dele,principalmente no S.P.F.C,nem o mais fanático Vascaíno cravaria que ele acertaria o Vasco,que vinha de anos de angústia e carência de títulos importantes(assim como o meu Palmeiras).Parabéns ao R.Gomes,que vem mostrando ser um bom treinador,que realmente aprendeu sistemas táticos na Europa,e vem implantando a sua filosofia no Vasco.

Balekko disse...

o vasco vem jogando dessa maneira desde a copa do brasil, sempre com eder luis fechando a linha do meio...ate justifica o fato de bernardo ser reserva do diego especificamente, pelo alto potencial de arremates a frente da area. Acho ate que nos ultimos jogos o vasco tem deixado de seguir a risca essa regra das linhas de 4 mas mesmo assim mantendo a ideia. Saudacoes vascainas

Unknown disse...

Balekko, durante o jogo é normal que se desarme, mas contra o Grêmio foi um belo exemplo de execução. Abs

Rubão disse...

Felipão tentou um introduzir o 4-2-3-1 quando jogou - raríssimas vezes - com Valdivia, Luan e Patrik (Maikon Leite), deixando apenas o Kleber à frente.

O problema dos times não é simplesmente a questão tática. A parte física vem se tornando crônica, pois todas as equipes, em algum momento ou outro, são alijadas dos meus melhores atletas. E como os times brasileiros não possuem um elenco rico como os clubes europeus, a improvisação acaba imperando.