quinta-feira, julho 28, 2011


O dia em que

a terra parou

A noite desde 27 de julho foi daquelas que serão recordadas por muitos outros 27 e por muitos outros julhos. Talvez numa simbólica homenagem àqueles astros do pop rock que foram cedo, aos 27 anos, fazer shows em outra dimensão.

Mas o que vale é que a rodada do Brasileirão será lembrada por muitos anos. E me fez lembrar de um dia em que, na escola, em São Paulo, a molecada só falava de um 5 a 4 entre Cruzeiro e Inter, pela Libertadores, em 1976. Não tenho essa vocação enciclopédica de alguns coleguinhas, que adoram números, datas, efemérides. Prefiro me ater à essência, ao significado das coisas.

Espero que ninguém venha hoje com mirabolantes teses táticas para explicar os 5 a 4 do Flamengo no Santos e os 4 a 3 do São Paulo no Coritiba. 16 gols em dois jogos não se explicam com números de linhas de ônibus. Admiram-se. O negócio é ver, rever e festejar esse dia em que a terra parou para lembrar que o futebol pode ser, sim, um saudável ópio do povo.

Isso é o Brasileirão, embora muita gente torça o nariz e não curta o que, para mim, é o melhor campeonato nacional de clubes do planeta bola.

Parabéns, Elano!

Ao dar a cara para bater na entrevista após o jogo, o meio-campo santista Elano mostrou que tem caráter. Tem jogador que por muito menos, por um frango, um pênalti perdido, uma expulsão, desaparece por uma semana. Mas quando brilha, quando se dá bem, fica horas dando entrevista.

Elano é um bom jogador, útil, eficiente, regular. Dificilmente joga muito bem, dificilmente joga muito mal. Tinha feito um passe lindo para o primeiro gol de Borges. Aí perdeu o pênalti que, depois, ele mesmo afirmou que errou porque bateu diferente do que costuma bater, do que treina.

Mas foi lá, assumiu, deu a cara. Merece respeito.

Parabéns, Ronaldinho!

Foi Ronaldinho Gaúcho em noite de Ronaldinho Gaúcho. Como há muito não se via. Decidindo, criando, encantando. Não se pode exigir de jogadores exibições de gala toda semana. Mas de alguns parece que é isso que se cobra. Jogar bem não é suficiente para jogadores como ele, é a impressão que fica. Ele tem que dar recital toda hora? Impossível.

Quando foi contratado, nadei um pouco contra a maré. Não tenho bola de cristal, mas acho que um jogador da idade do Gaúcho ainda tem lenha para queimar, sem comparações com o que aconteceu há alguns anos. Ontem, na Vila de Pelé e Neymar, ele deu o recado de que ainda está por aí.

7 comentários:

Felipe Moreno disse...

Oi Nori. Legal seu post. Gosto bastante de seus comentários, são inteligentes, afora as tiradas, algumas memoráveis, como o "Elefantaço" recentemente em jogo na Argentina.
Como santista e amante do futebol-arte, deu gosto de ver (ouvir) o jogo antológico de ontem na Vila.
Continue com seu brilhantismo de sempre!
Abração

Kako Sales disse...

Parabéns, Nori!

Objetivo, imparcial, coerente. Somente alguns adjetivos pra qualificar a excelência no jornalismo esportivo que vc representa, cara.

@DuuTortelli disse...

Como diria Galvão Bueno, "Ajaaaa coração amigo". Que rodada foi essa..

Emerson Rinaldi disse...

Muito bom. Concordo com você em tudo que disse, principalmente ao Elano. Ele teve peito e caracter com certeza. Espero que ele decida ficar no Santos e que a torcida releve. É bom jogador.

Andershow disse...

Sou santista e concordo em 117%. Só faltou comentar que o Neymar foi maravilhoso =)
Texto simples, objetivo e imparcial. Digno do melhor comentarista da tv, ao lado de Caio Ribeiro. Espero eu esteja no jogo do Santos contra o Atlético - PR domingo. Abraços

Rubão disse...

Linhas muito bem traçadas, parece que a rodada inspirada de ontem, contaminou quem estava fora de campo também!

Parabéns Maurício.

Rubão (eu mesmo).

PS - pena que o Palmeiras também não se inspirou a golear.

Tiago Santana CRF disse...

27/07/2011 Uma noite para ficar na historia msm,tenho ctz que lembrarei dos minimos detalhes para contar aos meus futuros netos!!Valeu Nori,vc foi mto feliz no comentario!