sexta-feira, setembro 30, 2011


Hino de Belém


Enquanto enfrentava o cada vez mais caótico trânsito paulistano, ouvi um comentário do excelente José Nêumane Pinto, na rádio Jovem Pan, sobre o comportamento da torcida paranese durante a execução do Hino Nacional Brasileiro antes de Brasil x Argentina.

Concordo e discordo de algumas opiniões e ideologias do Nêumane, mas o admiro profundamente como intelectual informado e articulado. Nesse caso do Hino, assino embaixo tudo que ele disse. Que foi basicamente o fato de o povo belenense e paraense ter tratado o Hino com o devido respeito e consideração.

Sou contra manifestações ufanistas e a mistura, que acho equivocada, de futebol com patriotismo. Futebol é manifestação cultural. Patriotismo não tem nada a ver com encher o peito e gritar gol do Brasil e depois sair do estádio e ser uma porcaria de cidadão. Sonegar impostos, comprar produto pirata, ser um mau chefe, um mau pai, um mau filho, um péssimo político etc. Só para exemplificar.

Claro que nem todo mundo é assim, e tem gente que é patriota de verdade por ser um bom cidadão, por respeitar seu País e respeitar seus conterrâneos e torcer pelo time de futebol.

A questão do hino é que ele foi banalizado completamente nos estádios de futebol, por causa de mais uma dessas leis inúteis que obriga a execução do mesmo antes dos jogos. Mas executam no sentido de carrasco da palavra. Tocam o hino pela metade, em alguns locais com andamento errado e acelerando a execução para ganhar tempo.

Em alguns estados da União o hino estadual também é executado e muitas vezes tocam este inteiro e o Nacional pela metade! Quando não vaiam o mesmo!

Vejam bem, acho importante que se respeite os hinos estaduais, os regionalismos e questões culturais de um País tão rico em diversidades como o nosso. Mas já vivemos num Brasil avacalhado pela politicagem, pelo descalabro, pela violência e por abrigar uma das piores classes políticas do Universo . Se avacalharmos o Hino, um dos nossos símbolos de unidade, aí vai sobrar o quê?

E repito, não sou ufanista, ultranacionalista, nem nada. Gosto de ser brasileiro, tenho verdadeiro orgulho disso e trabalho para ser um cidadão melhor e, com isso, ajudar a melhorar o País. Independentemente de a seleção ganhar ou perder jogos.

Por isso o episódio do Hino de Belém deveria ser emblemático. As pessoas ignoraram a mutilação do hino e seguiram cantando a plenos pulmões, por vontade, por alegria, por gostarem, mas foi espontâneo, genuíno, natural.

Patriotismo não é comprar camisa e fazer churrasco com amigos, depois xingar técnico e jogador de quatro em quatro anos.

Como símbolo popular de nossa cultura, a seleção brasileira pode ajudar muito nisso, desde que seja mais brasileira e menos comercial, que jogue mais no Brasil, que empreste seu prestígio para campanhas de cidadania.

Se der para jogar mais futebol a gente também agradeceria.

quinta-feira, setembro 29, 2011


Boas dores de cabeça

para Mano Menezes


Nada de entusiasmos ufanistas, exageros e aquele papinho de esse é o futebol brasileiro com muito orgulho, com muito amor. Não sou adepto do populismo rasteiro.

O bom da vitória do Brasil sobre a Argentina em Belém, acho eu, são as boas dores de cabeça que dela brotarão para Mano Menezes.

Entre elas a belíssima atuação do jovem lateral-esquerdo Bruno Cortês, do Botafogo. Fazia tempo que o Brasil não via um lateral jogar tão bem por aquele lado.

Lucas como meia, tendo espaço para fazer o que faz de melhor, arrancar com a bola dominada, também projeta uma saborosa dúvida. Daria para atuar com Ganso de um lado, Lucas do outro, Ronaldinho Gaúcho (ou quem sabe Kaká), Neymar e Damião ou Borges? Lucas como atacante perde quase todo seu encanto, mas é um ponta-de-lança que pode ser muito útil em 2014.

Falar de Neymar é chover no molhado. Só quem é muito ranzinza para não reconhecer no garoto o maior talento surgido no País em muitos anos. A seleção da estréia na Copa é ele e mais dez.

Foi tudo às mil maravilhas? Claro que não. A dupla de volantes não tem pinta de que possa reivindicar uma vaga no time da Copa. A lateral direita, em que pese o bom jogo de Danilo, em termos de Copa ainda parece aberta.

Mas o bom é que dá para imaginar um time olímpico realmente forte, e para o bem do treinador, agora muito mais aliviado, a saudável questão sobre os jogadores que atuam no País e os chamados "gringos" virou tema de ordem na pauta.

quarta-feira, setembro 28, 2011


A rodada fundamental* 
 
Embora ainda não decida o título, a etapa do fim de semana pode encaminhar muita coisa no Brasileirão

Nunca escondi de ninguém que prefiro campeonatos com final ao sistema de pontos corridos. Mas o modelo atual do Brasileiro também reserva boas emoções. A próxima rodada é um desses casos. Jogos em sua maioria valendo pela vigésima-sexta etapa e podendo encaminhar muita coisa.

Por uma dessas maravilhosas coincidências, líder e vice-líder se enfrentam no jogo que mais promete: Vasco x Corinthians, no Rio. Enquanto isso, o São Paulo, terceiro colocado, recebe o Flamengo, sexto. Luís Fabiano deve ser a atração tricolor, diante dos companheiros de Ronaldinho Gaúcho. De olho nisso tudo, com um jogo a menos, o Botafogo, quarto na tabela, enfrenta o raçudo Atlético, em Goiás. Sábado, no Rio, o Fluminense, quinto na classificação, pega o Santos, com potencial para ser o sexto se vencer os dois jogos a menos que ainda disputará.

Mais abaixo, o Palmeiras e sua irregularidade recebem o virtualmente rebaixado América, de olho na partida entre Atlético-PR e Inter e também no jogo entre Flu e Peixe. Se vencer e contar com tropeços de gaúchos e cariocas, o Verdão pode até pular para o quinto lugar. Mas se não vencer...

Enfim, juntando tudo isso e pensando nas combinações de resultados, é daquelas rodadas para o torcedor ir ao estádio e levar o radinho, ficar com o celular ligado e, quem estiver em casa, dividir a tela em quantas partes for possível para não perder nada.

O jogo com maior carga dramática é o de São Januário. Porque o Vasco pode, se vencer, abrir cinco pontos em relação ao Corinthians e seis para o São Paulo, caso haja derrota do Tricolor. Mas também corre o risco de cair para o terceiro posto se perder e der vitória paulista no Morumbi.

Bola por bola, a cruz-maltina tem sido mais redonda que a de todos os outros times. Arrumado, entrosado e confiante, o Vasco ainda conta com o goleiro Fernando Prass e o meia Diego Souza em fases inspiradas. O Corinthians pode não entusiasmar, mas segue firme na disputa pela taça e sonha com a volta de Adriano.

Na sequência dessa rodada pra lá de agitada, a seleção brasileira, de novo ela, provocará desfalques importantes em várias equipes, mexendo com a realidade da competição e apimentando ainda mais essa receita. Pode não decidir nada, mas que vai fazer barulho, isso essa próxima rodada vai.

Jejum no Coliseu

Chama a atenção a estiagem por que passa Kléber, o Gladiador palmeirense. São 20 jogos sem fazer gols pelo Brasileirão, mais que um turno, num período de tempo que chega a cem dias, um terço do ano. Neste período, ele contabilizou apenas um tento, pela Sul-americana, contra o Vasco.

Ventos da mudança

Se vencer a Argentina amanhã, em Belém, a seleção brasileira deve ser um time mais solto nas próximas partidas. Não será surpresa para este colunista se Mano Menezes colocar em campo, simultaneamente, em algum momento, Oscar, do Inter, Lucas, do São Paulo, e Ronaldinho Gaúcho. Para guardar e checar.

Lusa em alta  

A ótima fase da Lusa fez com que o clube lançasse seu programa de sócio torcedor. Com direito a um vídeo muito bem sacado na página do programa na internet. Quem quiser, pode conferir o vídeo no endereço www.eutorcojunto.com.br. O projeto tem plano único, por enquanto, pelo valor de R$ 39,00 por mês.


Nó Tático

Problemas brotam no Palmeiras como mato. Cada um tem seu diagnóstico para os motivos que levam um clube gigantesco a colecionar vexames. Meu diagnóstico é antigo e vou repeti-lo. Falta qualidade na direção. O Palmeiras tem um quadro incompetente e retrógrado de dirigentes que pararam no tempo e nos vendetas das alamedas do velho Palestra Itália.

Sempre destaco o seguinte: o último título conquistado pelos dirigentes do Palmeiras foi o Paulista de 1976. De lá para cá, o clube só venceu quando o futebol foi tocado por gente de fora, as famosas parcerias. O que indica um problema antigo. Falta humildade e união entre os dirigentes palmeirenses para reconhecer sua incompetência em administrar uma herança do tamanho deste clube glorioso.

Falta ao Palmeiras uma direção de futebol que entenda e goste de futebol e que dê a cara para bater. No vexatório empate contra nove do Atlético Goianiense, o vice Roberto Frizzo cercou-se de seguranças e preferiu o silêncio após um dos jogos mais vergonhosos da história do clube.

O resultado é a formação de grupos de jogadores sem personalidade, sem perfil vencedor e sem conexão com a história do clube. Na hora do aperto, o que mais se vê nos times recentes do Palmeiras é jogador se livrando da bola e empurrando a responsabilidade para quem estiver mais perto, esperando um salvador da pátria. Reflexo da falta de comando do clube.


A marca ainda é forte, poderosa, mas a incompetência é alarmante e contagiosa.

*coluna publicada terça-feira, dia 27/09/2011, no www.diariosp.com.br

quinta-feira, setembro 22, 2011

A tal da ética da bola


Quem curte futebol e esporte em geral está acostumado a ouvir falar sobre a tal ética do atleta, um código que não está escrito nem foi publicado, um conjunto de regras e padrões de comportamentos implícitos da profissão de atleta.

Mais ainda no futebol, onde esse código é conhecido como a tal ética do boleiro.

Ética de boteco, diga-se. A grosso modo, esse código é o seguinte: você não me sacaneia que eu não te sacaneio. Simples assim. Só não vale o que eles chamam de trairagem. Contra eles próprios, diga-se, porque quem faz a trairagem nunca se acha traíra

Só que no meio do caminho entram interesses financeiros, amizades, privilégios e uma série de outros fatores.

O caso mais recente da aplicação do tal código de ética do boleiro foi esse envolvendo o zagueiro Chicão, do Corinthians.

Sacado do time claramente por questões técnicas, Chicão se recusou a ir ao banco de reservas no clássico contra o São Paulo, alegando estar abalado emocionalmente por ter sido sacado. Mas prontamente se ofereceu para jogar contra o Bahia, na rodada seguinte.

Em se partindo de um capitão de time, de quem se cobraria, no mínimo, alguma liderança, pintam várias perguntas.

Qual o compromisso mostrado por um líder quando se comporta assim? Se foi sacado do time, sua liderança não seria útil na concentração, no banco? Ou ela só vale quando ele joga?

Que pensa um jogador se o atleta que é escolhido como capitão dá esse tipo de exemplo absolutamente individualista? Será que o compromisso dele é com a equipe ou apenas com si próprio?

Existem mil maneiras de avaliar esse caso. E há complicadores. Chicão é amigo do presidente do clube, que é chefe dele e do treinador. Há jogadores que não são amigos nem do presidente e nem de Chicão. Que foram sacados do time e estiveram no banco de reservas normalmente.

Deixo aqui minha visão dos fatos. Fosse eu o Tite e Chicão nem no banco ficaria contra o Bahia. Simples assim. Atleta não pode escolher posição e jogo para atuar. Ao se desligar do elenco para um clássico decisivo, Chicão jogou uma pressão absurda em cima de Tite e dos jogadores que atuaram nas posições de zagueiros. Qualquer falha desses atletas seria potencializada, e a culpa cairia sobre o treinador.

Tite fez uma opção técnica. Chicão é bom zagueiro mas tem falhado seguidamente. Não é nada de outro mundo ele sair do time. A opção também foi corajosa, porque o treinador está com a corda no pescoço. O Corinthians fez um jogo conservador contra o São Paulo, jogou para empatar. Empatou e a zaga com Wallace e Paulo André não foi mal.

Para mostrar ao grupo que tem comando e não faz escolhas pessoais ou preferenciais, acho que Tite deveria repetir a zaga contra o Bahia e nem relacionar Chicão para o banco. Ele mostraria aos jogadores que valoriza espírito de grupo e compromisso.

E vocês, o que acham?

segunda-feira, setembro 19, 2011



Sabe as duas linhas de quatro...


Vivemos o tempo que eu chamo de tatiquês nos comentários de futebol, seja por jornalistas ou mesmo torcedores. Brincamos na TV que é a turma das linhas de ônibus, o 4-2-3-1 e por aí vai.

Cada um faz do seu jeito e todo mundo merece respeito, existem ótimos profissionais que adotam essa linha. Mas converso demais com jornalistas, torcedores, treinadores, jogadores e ex-jogadores e compartilho da opinião da maioria de que muitas vezes nada do que se fala com certo exagero de sistemas de jogo e esquemas táticos realmente acontece num jogo de futebol.

Muitas vezes é aquela história de deitar erudição e posar de entendido. Mas cada um no seu quadrado.

Óbvio que a tática faz parte de qualquer esporte, e também do futebol, não poderia ser diferente.

Há um mantra das análises, quase um clichê de tão usado, que são as famosas duas linhas de quatro.

Pois na minha maneira de ver o futebol temos um time hoje no Brasil que executa esse esquema tático (a maneira como o time se desloca e se movimenta em campo) dentro do sistema de jogo (a formação do time de acordo com a característica e as funções dos atletas) 4-4-2. É o Vasco, do felizmente em franca recuperação Ricardo Gomes.

Gomes se formou como treinador na escola européia, que tradicionalmente usa esse sistema. Foi zagueiro, dos bons, sabe como um bom beque deve se posicionar no intuito de diminuir o campo do adversário e compactar sua equipe, reduzindo espaços.

Quem assistiu a vitória vascaína sobre o Grêmio viu um time jogando conscientemente e muito bem com duas linhas de quatro quando a equipe gaúcha tinha a bola.

Não se trata apenas de formar uma linha com dois laterais e dois zagueiros e colocar à frente dela dois volantes e dois meias, liberando dois atacantes para puxar os contra-ataques. Trata-se de de posicionar essas duas linhas de maneira com que a última, a dos zagueiros, não marque muito perto da área ou (erro grave) dentro da mesma. E com isso não trazer a segunda linha para tão perto da própria área, nem deixá-la muito longe da faixa que divide o gramado.

Com isso o adversário fica preso entre essas duas linhas, o jogo se resume a um espaço pequeno de campo. Os atacantes precisam sair da área, os laterais estão bloqueados e os meias e volantes têm a frente deles uma muralha bem postada e consistente.

Claro que não funciona sempre. Há o improviso, o talento individual. Mas o Vasco está treinado e montado para jogar dessa maneira.

Mesmo quando tem um volante improvisado de lateral, no caso de Jumar contra o Grêmio, e quado não conta com Felipe e Juninho Pernambucano, seus meias. O Vasco se fecha bem, atrai o adversário e sai em contragolpes mortais. Diego Souza é hoje um ponta-de-lança que, por ter sido volante no começo da carreira, não se incomoda em atuar mais recuado quando necessário. Na frente, quase sempre um homem de velocidade com um atacante de área. Simples e eficiente. Líder com méritos.

Pronto, dei meu pitaco no tatiquês de plantão. 

sexta-feira, setembro 16, 2011


A Seleção vai se soltar?


Perguntei isso ao Mano na volta da Argentina, já que por coincidência, viemos nos mesmos voos de Córdoba a São Paulo.

Fiquei animado com a resposta e até entendi o ponto de vista do treinador, embora discorde de algumas coisas.

Mano, basicamente, não quer perder a confiança dos jogadores. Isso, nós, torcedores, comentaristas jornalistas, comentaristas ex-jogadores, enfim, todo mundo, isso nós não conseguimos medir porque nós não estamos competindo. Só quem compete sente algumas coisas e, principalmente, a pressão.

A ideia do treinador é voltar a ganhar para que os jogadores acreditem nas suas ideias e propostas. O que, no mundo do futebol, muita gente diz, só acontece quando se ganha. Por melhor que seja o trabalho, por mais legais que sejam as ideias, se perde, o jogador começa a desconfiar do técnico. E nessa lógica dos treinadores, o primeiro passo antes de voltar a ganhar é parar de perder.

Então, penso o seguinte: o Brasil tem tudo para ganhar da Argentina em Belém, a pressão diminuirá e Mano, aos poucos, começará a soltar o time.

Para mim não será surpresa se a equipe jogar com dois meias, ou um meia e um ponta-de-lança. Tipo Ganso (ou Oscar) pela esquerda e Lucas pela direita. Com a manutenção do trio de frente com Neymar, Damião e Ronaldo Gaúcho.

Outra dúvida que tinha, quanto a Hernanes. Mano respondeou que vê o jogador hoje como um meia, não mais como volante, e que o atleta não está descartado do ciclo da seleção.

São pontos de vista distintos, de quem analisa, torce, espera melhoras, mas não compete, não depende do resultado para nada.

Todas essas visões merecem ser discutidas.

quarta-feira, setembro 14, 2011


Mano e o Superclássico



Brasil e Argenitna sempre podem fazer grandes jogos. O desta noite aqui em Córdoba tem um ingrediente à parte, o noviciado dos treinadores e da maioria dos convocados neste agora chamado Superclássico das Américas.

Boa sacada de marketing, diga-se, que poderia ser ainda melhor se homenageasse grandes nomes da cultura e da história das duas nações, e não um cartola sul-americano. Mas, vá lá, assim é o mundo de hoje.

Para Mano Menezes, segundo ele próprio, é um jogo para se ganhar. Ele sabe que vem pressionado, que precisa de resultados para ter um pouco de ar e, aí sim, buscar um time. O que deveria ser sua tarefa primordial, mais além do resultado.

O time brasileiro que deve ir a campo hoje não chega a ser brilhante. Tem um ataque poderoso, é verdade, mas poderia ter um desenho de meio-campo que respondesse aos anseios do torcedor. Por que não começar com Oscar na vaga de Renato Abreu?



Na coletiva de ontem, Mano respondeu que pretente utilizar o entrosamento de Ralf e Paulinho, do Corinthians, e também de Renato Abreu e Ronaldinho Gaúcho, do Flamengo. Faz sentido se analisarmos sob a ótica da busca do resultado. Mas não faz sentido se o objetivo é buscar alguém que possa fazer a função de Ganso, fora do jogo, e de destravar nosso meio-campo. Essa, sim, uma tarefa de vulto.

A Argentina se Sabella é um time mais fraco que o do Brasil. No papel. Sem Verón e Riquelme, perde em hierarquia e criatividade.

Talvez por isso Sabella tenha optado por defender com cinco jogadores. Há muito tempo que os treinadores argentinos optam por fechar os caminhos dos brasileiros pelos lados do campo, acreditando que, assim, as equipes terão dificuldades para desafogar o jogo pelo meio.

A base argentina é o Vélez, pela primeira vez na história, com seis entre os titulares. Afinal, foi o melhor time do país no primeiro semestre. Destaques para o bom lateral-esquerdo Papa e o perigoso atacante Martinez. O problema é que o Vélez e o Estudiantes, que praticamente completa a mescla do time argentino, hoje não vivem grandes momentos, parecem estar fora de época.



Bom para o Brasil. O trio ofensico é de preocupar qualquer defesa. Neymar e Ronalidnho dispensam apresentações, e Damião é das mais gratas surpresas. Ante uma dupla de marcadores centrais como Sebá Dominguez e Desábato, que estão longe de ser espetaculares, podem dar esse ar puro de que Mano tanto precisa. 

quinta-feira, setembro 08, 2011



Encontros e despedidas
















Hoje pego carona nessa linda canção do mestre Milton Nascimento, interpretada por tanta gente boa como Simone, a gente finíssima Maria Rita e tantos outros, para falar do Brasileirão e um tantinho do basquete masculino do Brasil.

Mande notícias do mundo de lá
Diz quem fica


Cada vez mais parece que São Paulo, Botafogo, Vasco e Corinthians mostram mais capacidade e disposição de brigar pelo título brasileiro, deixando quase todo o restante da turma a ver navios.

 Me dê um abraço
Venha me apertar
Tô chegando


Olho em Fluminense, Inter e, mais atrás, em Grêmio e Santos. Flu e Inter têm times para entrar no bolo e disputar a taça, o Grêmio ensaia uma bela recuperação e mira a Libertadores. O Santos, bem, o Santos, é o time do Neymar, do Ganso, do Borges e do Muricy. E tem dois jogos a menos. Portanto...

Coisa que gosto é poder partir
Sem ter planos


Parece ser o caso dos Palestras,  Palmeiras e Cruzeiro. Verdão cada vez menos inspirado, se perdendo em meio a dirigentes despreparados, time limitado e um treinador que parece não saber o que fazer. O Cruzeiro transformado em entreposto comercial pelo seu presidente, que vende muitos jogadores e desmonta times com uma rapidez impressionante.

Melhor ainda é poder voltar
Quando quero


Faço um momento Série B agora, pra reverenciar Portugesa, Ponte Preta e Náutico, firmes e fortes na onda rumo à Série A de 2012. E, como não registrar, do Botafogo na Série A, trabalhando sério e firme para voltar a ser o gigante que sempre foi.

Todos os dias é um vai-e-vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar

Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar


É a dura rotina de Avaí, Atlético Paranense, Atlético Mineiro e Bahia. Sobe, desce, cria esperança, a afasta. Será assim até o final?

Tem gente que veio só olhar
Parece ser o caso do simpátissísimo Coelho mineiro na Série A.

Tem gente a sorrir e a chorar
E assim, chegar e partir
São só dois lados
Da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem da partida
A hora do encontro
É também despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar
É a vida desse meu lugar
É a vida


Esse é o futebol brasileiro atual, cheio de sobe-desce, de vai-e-vem, de times mais esforçados que qualquer coisa, mas capaz de produzir belas festas como a dos são-paulinos para Rogério Ceni, levar milhares de pessoas ao estádio como fizeram os botafoguenses. 

terça-feira, setembro 06, 2011




Taça solteira procura

Oferecida, a recompensa para o campeão brasileiro de 2011 espera ser conquistada. Muitos galanteiam, mas ninguém chega junto

*coluna publicada hoje no Diário de S.Paulo

 Num luxuoso condomínio empresarial da Barra da Tijuca, no Rio, dorme a taça de campeão brasileiro de 2011. Sonhadora, romântica, ela espera ser conquistada por um time forte, vencedor, competitivo, que justifique a honra de tê-la nos braços na festa de encerramento, em 5 de dezembro, provavelmente.

 O problema da taça solteira que procura um dono é a absoluta falta de firmeza e personalidade dos pretendentes. O Brasileirão 2011 é um deserto de grandes times. Muita gente ameaça, promete, mas na hora de cumprir...
        
O caso emblemático é o ainda líder Corinthians. Já poderia estar preparando a lista de convidados para a festa, mas perde pontos preciosos e a cada rodada gasta quase tudo que conseguiu economizar no começo da temporada. Deu tanto mole que, abusados, São Paulo, Vasco e Botafogo estão ali, fitando a taça com olhos de cobiça. É verdade que nenhum deles com aquela pinta de Don Juan, mas todos com reais possibilidades de dormir na liderança já na próxima rodada. Como teve o Flamengo, outro time que inspira pouca confiança.

Por falar em confiança, acreditar no próprio taco, todas essas frases de efeito usadas no jogo das conquistas (também futebolísticas), no Palmeiras tudo isso parece miragem. O time dá a impressão de ter desaprendido a vencer. Ou será que mais do que isso não pode fazer mesmo? Fica sempre armando o bote, rondando, à espreita, mas aborta a missão, tal qual a famosa mosca de padaria.

 A disputa por essa donzela que é a taça de campeão brasileiro é um retrato do nosso futebol atual. Muita correria, pouca qualidade, pobreza de ideias. O discurso parece combinado de tão chato e previsível. Equilíbrio, desgaste, muitos jogos, falta de tempo para treinar e blábláblá.

Vai que aparece um pretendente abusado, atropela por fora e deixa pelo caminho os favoritos de plantão? Na procura por uma equipe que faça justiça ao título de campeã brasileira de 2011, nossa solitária taça pode até ser surpreendida por um abusado pretendente em desabalada carreira a partir de novembro. Afinal, até agora o medo de subir ao altar parece estar prevalecendo.

Sede de história

 Rogério Ceni é um profissional iluminado. Daqueles que têm sede de fazer história. Mais de cem gols marcados e agora chega à marca de mil jogos com a camisa do São Paulo. Chega bem, diga-se. Poucos atletas conseguem manter sua regularidade, principalmente aos 38 anos. Merece todas as homenagens.

Frescura demais
           
Pipocam nos grandes times paulistas histórias de jogadores de equipes adversárias e até do mesmo time que não se falam, que não se suportam e gostam de espalhar isso. Muita frescura para pouco futebol, na maioria dos casos. Comportamento de estrela de cinema e futebol de extra.

Agora vai?
     
Vou conferir as promessas de endurecimento do Ministério Público para cima das malfadadas torcidas bandidas. Já faz mais de vinte anos que escuto essa conversa e pouca coisa de fato acontece. Por que as diretorias de clubes têm tanto carinho por esse tipo de torcedor? Ou seria medo?

Nó Tático

Não tem como fugir de uma regra em esporte de alto rendimento. Mesmo nas modalidades coletivas, quem conta com o talento individual quase sempre leva vantagem. Um Giba no vôlei, uma Hortência ou Paula no basquete. Na hora do aperto, bola para eles, que resolvem.

Aí eu me pergunto: atualmente, no Campeonato Brasileiro, alguém faz a diferença? Neymar e Ganso não têm conseguido, Ronaldinho Gaúcho vinha fazendo e deu uma parada. Quem mais?

Por mais que treinadores adorem falar de táticas, apresentar números como posse de bola, finalizações etc. eu insisto com a tese de que um grande time de futebol se faz com gente que decide jogos. Um goleiro tipo paredão, um meia que ofereça gols aos atacantes que saibam fazê-los nos momentos determinantes.

Quem decide nesse Brasileiro muito equilibrado, mas de gosto duvidoso? Talvez não seja apenas coincidência o fato de a própria seleção brasileira estar carente dessa figura. Do jogador de referência não pelo posicionamento, mas pela postura. Do cara que cresce quando o jogo fica cascudo, que gosta do clássico, do grande momento, que se acostumou a decidir e não foge desse compromisso histórico.

sexta-feira, setembro 02, 2011



O mercado da


bola no Brasil



Recebi do amigo Amir Somoggi, da BDO RCS, um excelente estudo sobre o mercado do futebol brasileiro, baseado em dados de 2010. Mostra a evolução financeira do nosso futebol, como os clubes andam faturando e não deveriam chorar de falta de dinheiro. Deveriam, sim, é investir melhor e gastar com mais inteligência.

Os dados derrubam uma velha tese de que só o dinheiro da TV sustenta bons trabalhos e mostram o Internacional faturando mais que times do chamado "eixo Rio-SP".  Basta trabalhar e procurar recursos dentro de sua realidade regional. Cada mercado tem seu tamanho, não se pode comparar Sudeste com outras regiões por uma questão de realidade econômica do próprio País.

Mas existem ferramentas capazes de colocar a competição num nível mais parelho. Temos hoje grandes empresas sediadas fora do tal "eixo Rio-SP" que são líderes em seus ramos de atividades, estando no Sul, no Nordeste, no Norte.

Seguem alguns dados do brilhante estudo, que avalia o VALOR DAS MARCAS DOS 12 CLUBES MAIS VALIOSOS DO BRASIL E foi assim dividido:


4 Clubes SP – Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Santos.
4 Clubes RJ – Flamengo, Vasco da Gama, Fluminense e Botafogo.
2 Clubes RS – Grêmio e Internacional.
2 Clubes MG – Cruzeiro e Atlético-MG.

O volume de receitas gerado pelo futebol brasileiro em 2010 foi de 2,1 bilhões, com incremento de 172% em relação a 2003.

Os 12 clubes analisados no estudo geraram 1,52 bilhão em receitas em 2010, evolução de 199% em relação a 2003.

Em 2010, os 12 clubes citados no estudo geraram R$ 287 milhões em receita com patrocínio e publicidade. Os recursos com bilheteria de jogos alcançaram R$ 174 milhões e se for somada a arrecadação do estádio do Morumbi, do São Paulo, com shows, esse número chega a R$ 208 milhões.

Os 12 clubes levaram mais de 3,9 milhões de torcedores aos estádios em 2010. 52% do total das Séries A e B.

Os clubes com maiores torcidas representam um total de 90% dos torcedores de futebol no Brasil.

Os clubes que tradicionalmente apresentam as maiores receitas representaram 70% do total do mercado em 2010.

Numa comparação entre mercados, até 2009 os clubes que mais tinham apresentado evolução de receita foram os dois grandes do Rio Grande do Sul. Em 2010 o cenário mudou, com evolução dos quatro grandes de São Paulo.

Desde 2004 o valor consolidado das marcas dos 12 maiores clubes brasileiros aumentou 139%. Em 2010 esse valor alcança a marca de R$ 4,09 bilhões.

Os clubes que mais cresceram em valor de mercado para suas marcas foram os seguintes (ao lado a evolução do valor no período entre 2004 e 2011)

1) Corinthians - R$ 581 milhões
2) Flamengo - R$ 366,7 milhões
3) São Paulo - R$ 324,3 milhões
4) Palmeiras - R$ 244,5 milhões
5) Internacional - R$ 195, 7 milhões
6) Grêmio - R$ 157,4 milhões

Essas seis agremiações respondem por 79% da evolução de R$ 2,3 bilhões do valor de marca dos 12 entre 2004 e 2011.

Esse ranking apresenta pouca mobilidade. O Corinthians, que foi terceiro em 2004 e segundo em 2009, está em primeiro desde 2010.

O Flamengo foi líder em 2009, caiu para terceiro e agora recuperou o segundo posto.

O São Paulo liderou o ranking em 2004, caiu para terceiro em 20090, foi vice-líder em 2010 e caiu novamente para terceiro.

O Palmeiras aparece estacionado na quarta posição, assim como o Inter logo atrás. O Santos subiu de oitavo para sexto, Grêmio é o sétimo e Vasco, o oitavo. Seguem, pela ordem, Cruzeiro, Atlético-MG, Fluminense e Botafogo.

O ranking do valor das marcaso dos 12 maiores clubes do Brasil em 2011 ficou assim, segundo o estudo:

1) Corinthians - R$ 749,8 milhões
2) Flamengo - R$ 659,8 milhões
3) São Paulo - R$ 625,3 milhões
4) Palmeiras - R$ 444,1 milhões
5) Internacional - R$ 268,7 milhões
6) Grêmio - R$ 222,8 milhões
7) Vasco - R$ 156,5 milhões
8) Santos - R$ 153,3 milhões
9) Cruzeiro - R$ 139,3 milões
10) Atlético Mineiro - R$ 110, 3 milhões
11) Fluminense - R$ 104,2 milhões
12) Botafogo - R$ 89,9 milhões

Segundo o estudo publicado e a metodologia utilizada pela BDO RCS Auditores, as variáveis mais significativas apresentadas foram as características e perfis de torcidas, com valor consolidado de 1,89 bilhão, receitas derivadas das marcas, com R$ 1,16 bilhão, e características do mercado local, com R$ 1,04 bilhão.

quinta-feira, setembro 01, 2011



Olho em Vascão e Fogão


O campeonato é equilibrado, está aberto para uns sete ou oito times, mas no rolar da bola pelo início do segundo turno, analisando o que aconteceu no primeiro, destaco quatro times. Dois por desempenho puro e simples, Corinthians, ainda líder sustentado no início avassalador, e Flamengo, sustentado pelo talento redivivo de Ronaldinho Gaúcho.

Os outros dois, Vasco e Botafogo, são os que, na minha análise, jogam o futebol mais eficiente e agradável de se acompahar. A concorrência deve ficar de olho na dupla alvinegra carioca, que está literalmente gastando a bola. Não será surpresa para mim se em algumas rodadas eles forem os ponteiros.

O Vasco é um time que prima pela experiência, aliada à boa técnica de jovens valores como Bernardo e Dedé, por exemplo. Tem jogadores rápidos como Fágner e Éder Luíz, talento e rodagem no meio, com Felipe, Juninho e Diego Souza, e bons jogadores de conclusão. É um time que joga simples, tem muito controle emocional e ganha confiança a cada jogo.

O Botafogo é um time veloz e fatal no contra-ataque. Sai bem pelos lados do campo, tem um volante que alia técnica e conhecimento tático, que é Renato, outro participatico como Marcelo Mattos, e laterais que chegam com frequência e qualidade ao fundo. Herrera é um atacante que sempre dá muito trabalho, e Maicossuel é ideal para contragolpes mortais. Também joga simples, sem frescura, sem esquemas mirabolantes.

O Corinthians tem tentando se superar na base da raça, muito mais do que do equilíbrio técnico e tático. O Flamengo depende muito do Ronaldinho e Tiago Neves. Não que seja ruim, longe disso, mas como time não funciona tão bem como Vasco e Botafogo, penso eu.

São Paulo e Palmeiras não são times confiáveis, oscilam demais, e carecem de algo fundamental: solidez no mieo-campo.