terça-feira, dezembro 14, 2010

CBF respeitou a história

Mas faço apenas um reparo à decisão de reconhecer os títulos nacionais a partir de 1959. A Taça Brasil deveria ser equivalente à Copa do Brasil


Sou daqueles que concordam com a decisão que a CBF deve referendar em breve, de reconhecer como títulos nacionais os torneios disputados entre 1959 e 1970, que eram chamados de Robertão, Taça Brasil e Taça de Prata.

Assim como o mundo não começou depois de Cristo, o futebol brasileiro também não brotou em 1971 em termos de disputas nacionais. Havia vida antes disso.

Ou como diz meu companheiro de transmissão aqui em Abu Dabi Lédio Carmona, "será que nossos avós e pais eram todos otários ao comemorar aqueles títulos?''

Para mim, seria o mesmo que achar que o primeiro brasileiro nasceu na madrugada de 8 de setembro de 1822, depois de Dom Pedro cortar os laços que nos uniam a Portugal. Antes disso eram todos portugueses desterrados para além-mar, ou nascidos no desconhecido Novo Mundo?

Pena que tudo que envolve discussão de futebol no Brasil acabe caindo no clubismo raso. Quem torce para um time que não ganhou nada entre 1959 e 1970, acha ridículo que esses títulos sejam reconhecidos. Quem torce para os times que ganharam muito naquele período, concorda, mas não argumenta.

Eu passo por cima dessa história de torcida e de clube. O que me interessa é argumentar historicamente com o que eu penso ser o correto.

A partir de 1959, o Brasil deixou de ser o Rio-São Paulo em termos de futebol. Tanto que foi o Bahia o primeiro time a conquistar um torneio realmente nacional e disputar a primeira Libertadores, em 1960.

Não acho que se possa jogar na mesma vala o Brasil de 1959 com o do século 21. Naquele tempo, era daquele jeito que dava para se fazer um torneio nacional e ponto. Alguns dos maiores times do futebol brasileiro em todos os tempos foram formados naquela época. O Santos de Pelé, a Academia do Palmeiras, o Cruzeiro de Tostão e Dirceu Lopes.

O Nordeste, sempre esquecido pelo Sul Maravilha, também merece ser lembrado. Com o Bahia em 1959, com o Náutico vice-campeão da Taça Brasil de 1967.

Era aquela a representatividade do futebol brasileiro naquela época, em perspectiva histórica.

O que houve a partir de 1971 foi um projeto de adequação política do futebol a uma realidade ditatorial, usando a paixão como propaganda. O tal do onde a Arena vai mal, um time no Nacional. Houve edições com mais de 90 times.

Discordo, também, dos que arguentam que a questão é de nomenclatura. Porque o Campeonato Brasileiro, esta vaca sagrada tida desde 1971, foi chamado de Campeonato Nacional, Copa Brasil, Copa União e João Havelange. Porque todos esses seriam mais ou menos legítimos que os dos anos 60?

É algo como comprar um Gol em 1985 e um Gol atualmente. Óbvio que não é o mesmo carro, a tecnologia mudou, o motor, o preço. Mas é o Gol.

Enfim, na verdade eu nunca entendi direito porque a CBD e posteriormente a CBF demoraram tanto para reconhecer o óbvio e chamar de campeões nacionais os times que ganharam esses torneios.

A ressalva que faço é em relação à Taça Brasil, que acho que deveria ser equiparada à Copa do Brasil e reconhecida como tal.

Mas isso é uma outra história.

18 comentários:

Unknown disse...

Acho q agora o Brasil deveria reconhecer Dom Pedro como o primeiro presidente

Rafael Farias disse...

Noriega! Parabéns pelo seu comentário, eu sempre pensei dessa maneira... e uma coisa é óbvia, o futebol não começou em 1971.


sou santista, e para mim, sempre foi o santos como octacampeão, pois meu avô era apaixonado, e com toda certeza ele não comemorou em vão!


grande abraço! e mais uma vez Parabéns pelo seu comentário

Unknown disse...

Realmente a equiparação deveria ser feita com a Copa do Brasil. Santos jogou 24 jogos para conquistar cinco títulos da Taça Brasil, enquanto que em 2004 jogou pouco mais que o dobro disso para conquitar um Campeonato Brasileiro.
E, se é para voltar atrás, porque não voltar à 1937? Já existia disputa entre os campeões estaduais naquela época: http://pt.wikipedia.org/wiki/Copa_dos_Campe%C3%B5es_%28FBF%29_-_1937

Unknown disse...

Discordo. Frontalmente. Os campeões anteriores a 1971 foram campeões dos torneios que disputaram. Isso não muda e não mudará.

O que é impensável é atribuir uma outra qualificação a torneios extintos disputados há mais de quarenta anos atrás. Isso abre um precedente muito estranho e perigoso. "Título retroativo."

Se o torneio que existia à época era a "Taça Brasil", que sejam então campeões da Taça Brasil.

O que estão fazendo é dizer que uma pessoa, em 1985, tinha um Gol modelo 2010. Verdadeira viagem no tempo.

Ou será que os campeões da extinta Copa Conmebol podem reivindicar o título da atual Copa Sulamericana? Ou seja, ridículo.

Anônimo disse...

seguindo essa ''lógica'' então os títulos da mercosul devem ser reconhecidos como títulos da atual copa sul-americana, os títulos da intercontinental devem ser reconhecidos como mundial de interclubes... e por aí vai!

Matt disse...

Você não acha que a Taça de Prata deveria ser a Copa do Brasil e a Taça Brasil o Brasileiro? Sempre que olho os 2 campeonatos, penso dessa forma, inclusive pelos seus formatos...

Sua análise é bacana, concordo com você, mas discordo nessa avaliação do "grau de importância" do capeonato.

Edgard Franco disse...

Não, Nori, a Copa do Brasil é um torneio de segunda linha, que não é disputado pelos 4 melhores times do país. Ao contrário, a Taça Brasil era disputada pelos campeões estaduais. A forma de disputa não vem ao caso, pois como você mesmo disse, era o que dava pra fazer à época.
O correto mesmo seria
reconhecer a Taça Brasil só até 1967 e o Robertão só a partir de 1968, pois a partir de 1968 os representantes do Brasil na Libertadores passaram a ser o campeão e o vice do Robertão (até então a Taça Brasil tinha esse status). E obviamente, o torneio mais importante era o que indicava quem ia para a Libertadores.
Mas não há condições políticas de se desconsiderar o único título de Garrincha (Taça Brasil de 68).

Unknown disse...

E o futebol Brasileiro não nasceu em 1959, em 1937 o Atletico-MG venceu a Copa dos Campeões organizado pela FBF e foi uma competição oficial do Brasil com os mesmos moldes da Taça Brasil e Robertão.... Se é pra unificar, deveria unificar todos os campeonatos oficiais, antes mesmo da Taça Brasil de 1959 que só tem tal repercussão por causa dos times do eixo RJ-SP.

Unknown disse...

Vale ressaltar ainda o Grêmio de Maringá - PR (Campeão do Torneio dos Campeões da CBD 1969) e o Paulistano - SP (Campeão da Copa dos Campeões Estaduais em 1918 e 1920)

Marcos Gurgel disse...

Em uma palavra: perfeito.

Abraços,
MG

Unknown disse...

A melhor frase que eu ouvi a respeito dessa unificação pela história passada é:

"Vamos unificar então D. Pedro I como primeiro presidente do Brasil."

Não concordo.

Campeão Brasileiro é Campeão Brasileiro.

Campeão da Taça Brasil é campeão da Taça Brasil e pronto.

Cada um em seu lugar na história.

Se o santos foi o melhor na época de Pelé e o torneio tinha outro nome, certamente o Santos foi o maior campeão daquele torneio, e isso não muda.O que não pode mudar é a palhaçada da CBF em unificar títulos sendo que não foram todos os clubes participantes,entre outras coisas.

Anônimo disse...

"Todo mundo que é a favor é clubista e quem é contra também." - A discussão é tão idiota que se resume a isso.

Acho que ninguém quer tirar os méritos do Bahia, Palmeiras, Santos, Cruzeiro e Botafogo. Não há como negar a grandiosidade do título que essas equipes conquistaram na época, conquistas de muito mérito e que deveriam receber sim mais valor. Mas não faz sentido equiparar esses títulos ao Robertão e aos Campeonatos Brasileiros de 71 em diante. Os argumentos já foram expostos milhares de vezes.

E o fato de só valer de 59 em diante só mostra como quem está valorizando apenas o que convém é a CBF, já que anteriormente foram disputados inúmeras taças com o mesmo formato, mesmos critérios de classificação, mesmo número reduzido de jogos, mas outros nomes e outras entidades futebolísticas, agora inexistentes, por trás.

Anônimo disse...

Eu como São Paulino vitorioso e justo também concordo. Muito boa a aitutde da pecadora CBF. grande abraço www.luisfutebolbrasileiro.blogspot.com falando do Inter.

Anônimo disse...

Respeito muito os titulos, mas pensando bem então temos que engolir o Flamengo de 1986 e o Corinthians de 2000? Pensando por esse lado acho que cada regulamento e cada ''razao social'' de campeonatos devem ser respitados. Pode se reconhecer e homenagear algo, mas por nos numeros estatisticos do campeonato no formato de hoje não.

Unknown disse...

ola noriega concordo em termos com vc e tambem com argumentação do grande ledio carmona, mas é um assunto q vai gerar discussões infinitas pq tem varios argumentos contra afavor na bagunça q é nosso futebol até hj, mais acho q isso vai abrir brecha pra varios outros reconhecimentos de titulo, com meu humilde conhecimento em futebol gostaria de saber mais sobre a copa dos campeõs q era disputada na decada de 30 se não me engano, inclusive meu glorioso atletico mineiro venceu em 37, fato que parece muito importante na epoca pq faz parte do hino do galo, eu gostaria de saber se a copa dos campeõs tambem poderia ser reconhecida como campeonato brasileiro da epoca ja q reunia alguns times de varios estados?

André Henriques disse...

Eu não sei se de comparar um título ao outro, se Taça Brasil valerá Copa do Brasil, se Brasileiro, Robertão... o fato é que são títulos que não 'existem' hoje para CBF é um verdadeiro absurdo!

De resto, concordo com o que você disse.

Edgard Franco disse...

O que as pessoas não estão entendendo é que a CBF não está mudando o nome dos torneios. Está apenas os reconhecendo oficialmente. Copa União também continua Copa União. Taça Brasil e Copa João Havelange também. Quanto à forma de disputa, em 1971 era diferente do que é hoje, e nem por isso invalida o título.
O que a CBF está deixando claro é que a Taça Brasil e o Robertão eram os torneios mais importantes do país, posto hoje ocupado pelo Brasileirão. Repito, comparar a Taça Brasil com a Copa do Brasil é ridículo. A Copa do Brasil é torneio de segunda linha, pois os melhores não jogam. A Taça Brasil era jogada para definir o melhor time do país, e enviá-lo à Libertadores. Discutir a forma de disputa é ridículo. Os presidentes e federações da época assinaram. Não podemos discutir isso hoje, nem no que se refere à Taça Brasil, nem no tocante aos vários Brasileiros jogados com mata-matas ou finais.

Rafael disse...

Não acho que esteja fazendo justiça, esses times sempre foram campeões desses torneios, mas eram épocas de disputas diferentes, um deles de regulamento muito parecido com a copa do brasil.
Acho que já tinhamos uma identidade quanto aos clubes brasileiros estamos dando outra.