Se houvesse vontade dos dirigentes do futebol brasileiro em debater o futuro do esporte, eles olhariam com atenção para a pesquisa recém-divulgada pelo Data Folha sobre as torcidas dos clubes do País.
Mais do que a discussão rasa sobre quem tem mais torcedores, time A ou B, há um dado que é alarmante: 23% dos entrevistados não torcem para time algum.
Esse contingente é maior do que as torcidas dos dois clubes mais populares do País: Flamengo e Corinthians, que têm números de 18% e 14%, com margem de erro de 2% para mais ou para menos.
Esse contingente é muito maior do que o percentual de clubes como São Paulo, Palmeiras, Vasco, Grêmio, que convivem num empate técnico com índices que vão de 8% a 4%.
Termos como País do Futebol, Esporte das Multidões parecem cada vez mais fora de propósito.
Não que se deva desprezar números de clubes que amealham mais seguidores que a população de muitos países.
O que deveria ser estudado é porque o futebol não fala para 23% dos brasileiros.
E o que fazem os clubes para seduzir esses 23% e convencê-los de que vale a pena torcer por alguém?
Como o nível técnico atual, a violência nos estádios e a audiência em queda, se houvesse gente séria e interessada no futuro da modalidade, a pesquisa teria acendido o sinal vermelho.
Mas....
Mais do que a discussão rasa sobre quem tem mais torcedores, time A ou B, há um dado que é alarmante: 23% dos entrevistados não torcem para time algum.
Esse contingente é maior do que as torcidas dos dois clubes mais populares do País: Flamengo e Corinthians, que têm números de 18% e 14%, com margem de erro de 2% para mais ou para menos.
Esse contingente é muito maior do que o percentual de clubes como São Paulo, Palmeiras, Vasco, Grêmio, que convivem num empate técnico com índices que vão de 8% a 4%.
Termos como País do Futebol, Esporte das Multidões parecem cada vez mais fora de propósito.
Não que se deva desprezar números de clubes que amealham mais seguidores que a população de muitos países.
O que deveria ser estudado é porque o futebol não fala para 23% dos brasileiros.
E o que fazem os clubes para seduzir esses 23% e convencê-los de que vale a pena torcer por alguém?
Como o nível técnico atual, a violência nos estádios e a audiência em queda, se houvesse gente séria e interessada no futuro da modalidade, a pesquisa teria acendido o sinal vermelho.
Mas....
4 comentários:
Nori, em 2006, pesquisa similar apontou que os "sem time" eram 18%.
Em um ramo de atividade orientado ao mercado tal acréscimo de desinteressados geraria algum movimento no sentido de entender este comportamento; certamente se mexeria no produto, na organização, no preço, na comunicação. etc...no nosso futebol já viu, né? Abraços.
Robert
Abordagem importante. E a impressão que eu tenho, levando em conta que algumas pessoas se dizem torcedoras de alguma equipe, mas sem consumi-la de fato, e mantendo um afastamento do futebol em geral, é que o esporte bretão não tem uma relação com (bem) mais de 23%. E, como dito no post, infelizmente não vemos uma preocupação séria com essa questão, que na verdade é a primordial.
Abraços, Noriega!
Abordagem importante. E a impressão que eu tenho, levando em conta que algumas pessoas se dizem torcedoras de alguma equipe, mas sem consumi-la de fato, e mantendo um afastamento do futebol em geral, é que o esporte bretão não tem uma relação com (bem) mais de 23%. E, como dito no post, infelizmente não vemos uma preocupação séria com essa questão, que na verdade é a primordial.
Abraços, Noriega!
Boa noite, Nori!
A expressão chave do seu texto é "se houvesse gente séria" à frente dos clubes. Infelizmente, na política brasileira e na direção de clubes de futebol, não há GENTE SÉRIA. Bem, se há algum dirigente de clube ou político que se considere exceção, que se excetue e ponto final.
Creio que uma parte dos 23% que dizem não torcer para time nenhum, são ex-torcedores enojados com a baixaria da torcida clubista
Sou torcedor do Santos e costumo acompanhar as coisas do meu time no portal do Globo Esporte. Não tem um dia em que não haja nas páginas dedicadas ao Peixe manifestação de mentecapto semianalfabeto, torcedor do Corinthians, do Flamengo e, pasme, até do Atlético Mineiro e do Botafogo.
O indivíduo não tem nada a dizer. Seus pretensos "comentários" são, xingamentos e relinchos, porque é próprio do estúpido gostar de ouvir a própria voz.
De repente deixar de ser torcedor é cortar vínculo e contato com um monte de estrume.
O mesmo sentimento de autodefesa que leva o cidadão a não torcer por nenhum time pode levá-lo a torcer por times estrangeiros como o Manchester ou o Barcelona.
Outra parcela significativa de não-torcedores é constituída por pessoas saturadas pela exploração de dirigentes.
Quando o futebol do Santos de Dorival Junior começou a agradar a gregos e troianos, a primeira ação do presidente do clube foi cobrar preços exorbitantes pelos ingressos. Questionado, partiu para o deboche: "Quando o cidadão vai assistir ao Cirque du Soleil paga caro e não reclama". Como se jogo de bola fosse um espetáculo super-produzido e como se os espectadores dos mencionados eventos pertencessem à mesma categoria social. Assim, a torcida do Santos decresceu na era Neymar, embora o jogador tivesse inúmeros fãs e o time tenha vencido diversos torneios.
Pior ainda, o Santos perdeu torcida dentro do Município de Santos.
Infelizmente, a ignorância e o desinteresse dos dirigentes não deixam perceber que, como diria Newton, torcida atrai torcida na razão direta das massas. Ou seja: uma torcida cativante pode ser mais eficaz na atração de torcedores do que um grande time.
Como animal social, o homem carece de pertencer a um grupo, bastando para isso que encontre um ponto de identificação. A torcida do Corinthians, por exemplo, cresceu em plena era do "faz-me rir". O ponto de identificação: o sofrimento.
Se houvesse no Santos dirigentes comprometidos com o sucesso do clube, abdicariam da renda dos jogos em prol da lotação do Estádio, fosse da Vila Belmiro, fosse do Pacaembu, "adestrando" o torcedor para apoiar o time na vitória ou na derrota, como fazem os argentinos.
A visão de estádios cheios atrairia não apenas novos torcedores, como também, patrocinadores - e o Peixe não passaria três, quatro anos, sem um patrocinador master, como hoje acontece.
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