sexta-feira, outubro 18, 2013

O futebol brasileiro como ele é



Pipocam análises e questionamentos sobre a qualidade técnica do Brasileirão - Séries A e B.

Analiso de uma forma bem simples e direta, citando Nelson Rodrigues: vemos, analisamos e criticamos o futebol brasileiro como ele é. E atualmente é fraco, limitado tecnicamente, embora exista competitividade.

Explicações devem existir várias e cada um tem a sua. A questão do calendário é uma delas. A falta de uma pré-temporada adequada me parece a mais necessária das alterações. A quantidade de jogos disputadas no ano pode ser relativa. Há grandes equipes europeias que fazem 70 partidas em uma temporada.

Se formos puxar mais longe pela memória, o calendário brasileiro nos 50, 60 e 70 era um escândalo, e foi essa a época de ouro do futebol no País.

Claro que o mundo mudou, o jogo mudou, mas é preciso reconhecer que, tecnicamente, mudou para pior. Atualmente os jogadores correm muito mais e jogam muito menos. A dificuldade para uma dominada, uma virada de jogo, um chute de efeito, uma tabela e diretamente proporcional à capacidade respiratória, força, impulsão.

Há cada vez mais atletas e menos jogadores. O ideal seria que tivéssemos jogadores que fossem bons atletas.

Entendo e respeito todos os argumentos de que falta tempo para treinar, mas também falta qualidade de treinamento. Principalmente na base. Os jogadores chegam aos times de cima cada vez mais mal formados, com defeitos graves nos fundamentos básicos do futebol. Aprendem quase sempre a destruir com absoluta competência, mas sofrem horrores quando são chamados a criar, a pensar.

Quem quiser discutir seriamente o futebol brasileiro não pode deixar em branco esse tópico. Como diz o intelectual Toninho Neves, sempre antenado, no tempo em que diziam que os treinadores dormiam no banco mas havia craques às pencas, o Brasil ganhou três Copas do Mundo entre 1930 e 1970 (tirando o período da Segunda Guerra). Entre 1970 e 2010, na era de pranchetas e estrategistas, foram duas conquistas e muitas empacadas em quartas-de- final. No mínimo, faz pensar.

Por mais que o futebol tenha mudado, existem questões básicas, fundamentais, que não mudam nunca. O jogo é sucesso planetário porque é simples. Diferentemente do voleibol e do basquete, esportes nos quais é possível transformar um galalau desengonçado em grande jogador em alguns meses, no futebol isso é praticamente impossível. As técnicas aplicadas a cada jogo são muito distintas.

Formamos cada vez mais volantes combativos e corredores, e cada vez menos meias criativos e lançadores, ou pontas-de-lança dribladores e finalizadores.

Para isso também é preciso pensar com bom senso.

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