sexta-feira, julho 27, 2012



Galo, Vasco, Flu

e Grêmio na boa



Não éapenas pela pontuação na tabela. Atlético Mineiro, Vasco, Fluminense e Grêmio ocupam, pela ordem, as quatro primeiras colocações do Brasileirão com mérito e futebol. Cada um do seu jeito, com seu estilo, mas sem contestações.

Nesse momento, se destacam em um grupo separado dos restantes, mesmo aqueles que estão atualmente mais próximos do chamado G-4. Em termos de qualidade, consistência e projeção para o futuro da competição, esses quatro têm tudo para seguir disputando o título até o final.

O GALO é incontestável na ponta. 86,% de aproveitamento, fato inédito desde 2003 nesse sistema de disputa. Tem o melhor ataque, a melhor defesa e, consequentemente, o melhor saldo. Soma dez vitórias o que, a grosso modo, significa dizer que já alcançou a marca equivalente a vencer todos os jogos como mandante no turno. Mostra um futebol leve, solto e ousado do meio para a frente. Atletas rápidos, com deslocamento constante, e um Ronaldinho Gaúcho menos showbol e mais participativo. A defesa, embora estatisticamente mostre resultados, tecnicamente parece, a meu ver, alguns pontos abaixo do potencial ofensivo. O que não tem atrapalhado em nada, diga-se.

Em termos de regularidade, o VASCO é um fenômeno. A equipe tem um padrão de rendimento que já entra em sua segunda temporada. A base é o meio-campo e a estruturação tática, que não desmorona com a saída de jogadores por contusão. Juninho Pernambucano ainda joga o fino, e Alecsandro é dos melhroes atacantes da competição. O Vasco é das raras equipes brasileiras que consegue jogar do mesmo jeito em São Januário e como visitante. Mas terá um problema a administrar com as saídas de Diego Souza e Fágner, dois titulares indiscutíveis e referências técnicas da posição no grupo. Será difícil substituí-los à altura.

A cara do FLUMINENSE reflete o estilo de Abel Braga. Luta em primeiro lugar, entrega total, compromisso, ainda que falte um tantinho de qualidade aqui e acolá em algumas situações. O Flu conta com Deco que, em condições físicas, dá um toque de classe que raras equipes têm. Ele é capaz de abastecer Nem e Tiago Neves em velocidade e armar contragolpes mortais. Fred é um centroavante de nível internacional. Há uma penca de bons jogadores à disposição, que sugerem um desempenho mais eficiente e plástico em campo, que ainda não aconteceu. O time não tem vergonha de se fechar e abraçar a manutenção da vitória como se fosse a vida.

Para quem achava (eu jamais pensei ou escrevi isso, diga-se) que Luxemburgo estava ultrapassado, taí o GRÊMIO para mostrar que isso é questão pessoal ou birra. Com três vitórias fora de casa, a equipe mostra capacidade de virar uma velha deficiência, que é a de ser mais forte no Olímpico do que longe dele. O meio-campo tem potencial para ser dos melhores do Brasileirão, com dois volantes pegadores e com boa saída de jogo, e dois meias de experiência e bom toque de bola. Zé Roberto parece um menino e já mostra serviço logo de cara. Marcelo Moreno e Kléber formam uma bela dupla de ataque. Falta controlar alguns excessos da defesa, que exagera na dose da pegada.

Fora esses quatro, o restante dos clubes do Brasileirão é uma massa ainda disforme, na qual se destacam correria, preparo físico, disposição e talento raro. Exceto o CORINTHIANS, que tem time para, encaixando uma sequência de vitórias, encostar na turma de frente. É time equilibrado, consistente, forte e confiante. Mas o preço do abandono do campeonato no início é pesado, e qulquer tropeço será multiplicado.

BOTAFOGO, INTER, CRUZEIRO E SÃO PAULO são incógnitas.Times irregulares, inconsistentes, que quando todos imaginam que vão decolar, patinam. Se encontrarem algum ponto de equilíbrio, talvez possam chegar à disputa pela taça. Entre esses quatro, quem parece ter mais pinta disso é o Inter. Mas tem sido assim ano após ano, e no Brasileiro o time não consegue chegar.

Depois deles, há uma massa disforme de times que correm muito, lutam muito e tem jogado pouco. A luta para fugir do rebaixamento promete ser intensa, com a participação de "convidados" de luxo como Santos e Palmeiras. O SANTOS reza para que o período olímpico voe e Neymar retorne. O PALMEIRAS não pode jamais deixar de lado a transpiração, sua marca registrada. Jogar bem é quase um luxo ao qual o time não pode se dar o direito, dada a limitação. Não há zona de conforto para a família Felipão. O COXA não passará sustos se ajeitar a pontaria.

Diria que do Náutico para baixo todo mundo corre algum risco, não apenas pela pontuação, mas em virtude dos problemas das equipes para se ajustarem.

Será divertido, equilibrado e emocionante. Só espero que o nível técnico melhore.


OLIMPÍADA


Nada de novo na estreia da seleção. Um time inconsistente, que alterna bons e maus momentos, depende dos arroubos de talento de Oscar e Neymar. O sistema defensivo preocupa, e muito. Os laterais deixam avenidas que os volantes e os zagueiros suam para cobrir e não conseguem.

Com mais calma depois da estreia, a tendência é evoluir. Até porque o nível técnico do torneio olímpico não é grande coisa. Mas há equipes melhores que o Egito.

Duas perguntas:

- com essa base, temos seleção para brigar pela Copa em 2014?

- com pouco ou muito tempo de treino, porque a seleção segue com os mesmos problemas?

Um comentário:

FRANCISCO disse...

Nori,

A seleção não é um time, é um aglomerado de jogadores, onde cada um busca expor sua própria grife, assar sua própria sardinha, construir sua própria oca.
Ontem, nos três gols do Brasil, houve demonstrações explícitas de individualismo. Dois dos goleadores dedicaram os GOLS DO BRASIL aos rebentos, chupando o polegar, e um goleador dedicou o GOL DO BRASIL à esposa, à noiva, sei lá, beijando a aliança.
E, no momento em que o indivíduo se dispõe a usar a mídia, para vangloriar-se para com seus familiares, não admite que companheiros se aproximem - nem mesmo aquele que fez o passe que o deixou cara-a-cara com o goleiro.
Pior é que esses cretinos já vão para o jogo de promessa feita. "Eu vou fazer um gol pra você", como se gol fosse presente e pudesse ser dado. Por isso o lateral Rafael interceptou o passe do Oscar para o Hulk, ou para o Damião (não lembro bem), e chutou a gol com a perna esquerda, com uma penca de defensores à sua frente - e quando Rafael chuta de perna esquerda, chuta ao Deus dará. Foi um lance fortuito, uma jogada improvável; mas, felizmente para nós, desta vez, Deus deu.
Pelo que me lembro, apenas durante três oportunidades o Brasil formou equipes de futebol: Em 94 com o Parreira, em 2002 com Felipão e em 70, porque, por diversos motivos, os componentes do grupo resolveram que qualquer sacrifício era válido para alcançar o título.
Em todas as outras vezes o interesse individual sobrepôs-se ao interesse do grupo.