segunda-feira, agosto 18, 2008

CHOROS, VACILOS, VITÓRIAS

E A VARA QUE DESAPARECEU.

É O SHOW DA VIDA EM PEQUIM

Entre choros, vitórias, derrotas e o sumiço inexplicável de uma vara tenho tentado acompanhar, na medida em que o sono permite, as madrugadas olímpicas. Admito que sou um torcedor daqueles que sempre acredita na grande vitória, no resultado histórico. É esse torcedor que briga com o analista durante as madrugada. Vejamos o caso do handebol. Adoro esse esporte, acho sensacional em termos de plasticidade, tática e talento individual. Mas torcer para o Brasil é duro. Porque a vitória fica ali, se oferecendo, pedindo para ser conquistada, e o Brasil ainda não aprendeu a seduzi-la no handebol. O jogo masculino contra a Espanha foi de doer. Dois contra-ataques desperdiçados bestamente representaram o fim do sonho. Felizmente, o analista de plantão dentro de mim dá uma bronca no torcedor e lembra que o handebol está crescendo de maneira consistente.
O momento do handebol brasileiro lembra muito o do voleibol no início dos anos 80, antes do grande salto de qualidade. Lembro de uma doída derrota do vôlei masculino para a Iugoslávia em Moscou-80. Jogo ganho e o Brasil perdeu, desperdiçando a chance de brigar por medalha. Mas ela chegou em 84. Talvez seja o caminho que o handebol vai percorrer. Falta ainda apuro tático, concentração e, principalmente, jogar mais contra os grandes, aprender, pegar cancha.
Outro tema recorrente nas madrugadas olímpicas é o choro de alguns atletas brasileiros. Há casos que são tocantes. Diego Hypólito, por exemplo, não precisa nunca pedir desculpas de nada ao povo brasileiro. Há outras categorias e outro tipo de gente que precisa, e muito, pedir desculpas. Ele não. O que aconteceu é do esporte, ele fez o seu melhor, tem e fez história. Há o choro crônico da Jade Barbosa, que merece análise profissional. Evidentemente, falta a ela balancear talento com equilíbrio emocional. Tem muito talento. O choro do Eduardo Santos, do judô, me parece um choro tipicamente brasileiro, da dor de uma derrota esportiva de quem já conseguiu vencer na vida quando tudo jogava contra ele.
O choro da Fabiana Murer é de raiva. Como pode sumir um material de competição, um instrumento de trabalho de um atleta, em plena disputa das Olimpíadas? Não pode. eu acho até que ela foi respeitosa demais com a organização de Pequim. Resta agora solucionar o caso da vara sumida. Onde ela desapareceu, quem se responsabilizará?
E por falar em salto com vara, que fenômeno é esse que reúne mulheres tão bonitas na mesma prova?
E o choro do César Cielo, banhado em ouro? Mais um fenômeno do esporte brasileiro. Fico imaginando quantos outros como ele, João Carlos de Oliveira, Gustavo Borges e tantos outros existiriam se houvesse uma política esportiva nesse País. Duro mesmo é ver o sucesso de Quênia, Jamaica e outros países tão ou mais pobres, sem tantas condições e sem tanto marketing olímpico conseguirem muito mais.
Com algumas madrugadas ainda pela frente, resta saber que tipo de choro virá por aí? Porque tem vôlei, de quadra e praia, iatismo etc.

3 comentários:

Anônimo disse...

não me conformo com o caso da Murer!
Cadê o responsável da delegação para protestar?
ou será que tem medo do Mao?
Absurdo!
Em relação à Jade, tratamento psicológico ontem pra ela!
qquer um vê a cara de terror dela na apresentação!
Diego: inacreditável! Torço para que supere a decepção.
E o que dizer da Daiane, que saiu do tablado DE NOVO!!! Em Atenas vá lá, mas agora ela abusou!

Robert Alvarez Fernández disse...

Caro Maurício e colegas do BLOG: olhando o quadro de medalhas me ocorreu uma reflexão que vai virar artigo logo, é que adoro brincar de estatística nas horas acadêmicas vagas.....os países que ganham mais medalhas tem duas características principais que parecem, em primeira análise, até opostas, mas nem tanto :

- Países de IDH muito alto com relativamente grandes extensões territoriais : esporte com abordagem funcional, voltado para a construção de melhores cidadãos, é matéria obrigatória, com nota e falta, na educação básica a qual todos tem acesso; abordagem funcional do esporte, os campeões emergem da grande massa da população envolvida com o esporte, o resultado é menos importante que o resultado social em si.

- Países que usam o esporte como canal de propaganda de seu modelo político e econômico : são países que não primam pela sua segurança institucional nem pela qualidade de vida de sua população por conta de seu desenvolvimento econômico, orientação marxista do esporte (não necessariamente econômica e política, não confunda).

Claro que esse primeiro "insight" vai evoluir, estou tabulando dados ainda...e de que lado será que estamos nós, amada Terra Brasilis?
Pessoalmente vejo tentação marxista na nossa orientação esportiva, mas é só um primeiro approach....

Temos tão poucos talentos que emergem que o peso do país fica todo nas costas deles, do Diego, da Jade, da Fabiana, do pessoal do Judô, etc...hora de criar uma política esportiva de fato, mas o que vemos é a farra dos dirigentes e políticos.

Abraços a todos,

Robert

Anônimo disse...

Caro Noriega, em primeiro lugar, permita-me dizer que gostei de saber da existência do seu blog (e me perdoe a ignorãncia), pois sempre admirei e respeitei seus comentários no SPORTV, pela sua ponderação e sensatez. Agora tenho também outro canal para saber sua opinião e, concorde eu ou não com ela, ao menos sei que pode me acrescentar mais a respeito desta coisa que tanto gostamos: o esporte. Quanto às Olimpíadas, de fato muitos choros merecem análise, mas acho que deve-se pensar urgentemente em fortalecer emocionalmente a maioria de nossos atletas, e abrir-lhes os olhos para entenderem que, se podem ir até lá, podem fazer mais e conquistar algo. Essa coisa de 'é muito bom estar aqui' enche a paciência. Me parece falta de atitude, enquanto a maioria dos atletas parece ir para buscar conquistas mesmo, e não meramente para participar.