quarta-feira, março 08, 2006

CRÍTICO OU FÃ DISFARÇADO ?

Acho que crítica de música é uma atividade meio sem sentido. Por que música é muito gosto, meio intangível. Ou você gosta ou não gosta. Existem músicos fracos que criam belas melodias, e outros com grande formação que não conseguem compor grandes canções. Então, a crítica fica quase sempre subjetivo.
Agora, o que me irrita é quando a crítica tenta empurrar alguma coisa. Quando o sujeito acha um disco ou banda do cacete e quer vender a idéia de que só por que ele acha todo mundo tem que achar também. Aí não é crítica, é fã travestido.
Pois aí vem o Oasis, uma banda que não me diz nada, da qual eu não gosto, mas que tem algumas (poucas) boas músicas. E chovem linhas e linhas de críticas tentando, de alguma maneira, vender o Oasis como uma superbanda. Existem alguns truques nesses textos. Como dizer que "todos os 14.600 ingressos foram vendidos". Se é uma banda da qual o carinha não gosta, ele escreveria que "apenas 14.600 ingressos foram vendidos". Principalmente se formos comparar com o U2, com os Stones e até mesmo com bandas fajutas como aqueles RBD que deram confusão outro dia num shopping. O que eu acho é que quando o crítico gosta da banda, ele acha um absurdo que alguém não goste e que a banda não faça sucesso.
Há algum tempo, li uma crítica sobre o Cure, banda que acho legal. O cara dizia que eles estavam comemorando o sucesso de vendas: 700 mil. No mesmo jornal, tinha uma nota sobre o Phil Collins, de quem sou fã declarado, dizendo que o último disco dele tinha sido um fracasso de vendas. Sabe quanto vendeu? 5 milhões.
O problema com o jornalismo de música popular no Brasil é que falta senso e critério, eu acho. No que se refere ao pop/rock, os caras chupam tudo que se escreve em Londres ou em Nova Iorque. Faz quase 15 anos que tentam emplacar o Oasis como superbanda e aqui não faz eco. Tem um público mais pra cult que pra sucesso. E quando falamos em música brasileira, aí só vale medalhão da MPB ou novos queridinhos como Seu Jorge.
Aí eu pergunto, quantas linhas você já leu sobrea o tal do Calypso, que eu acho horrível, mas que é o maior fenômeno recente da música popular brasileira? Não interessa se é bom ou ruim, mas é um fenômeno, o povo gosta, por que não informar sobre isso?
Em compensação, meia dúzia de críticos leu em algum jornal londrino que Franz Ferdinand e Artic Monkeys são os novos revolucionários do rock. E resolveram republicar tudo por aqui. E não faz eco. Fica aquele clubinho. Acho que crítico de música escreve pra outros críticos de música.
Mas respeito alguns, entre eles Fabian Chacur, um dos poucos críticos músicais que conheci que parte de uma premissa que acredito ser fundamental: não tem preconceito. É capaz de elogiar um disco de uma banda que ele não gosta. Como um jornalista esportivo corintiano fanático é capaz de escrever que o Palmeiras ganhou merecidamente do time dele.
Ah, não serei um dos 14,600 (nossa, que multidão!) que verá o Oasis em São Paulo.

Um comentário:

Anônimo disse...

E eu vejo um agravante, Nori. Algumas destas bandas "cool" que os críticos adoram elogiar acabam virando grandes sucessos. E, ao atingir um público grande, não prestam mais. Críticos gostam de música que pouca gente gosta, para ficar com a fama de "descobridor". Tenho nojo disso.