quinta-feira, fevereiro 07, 2013



Nível Internacional



Há atletas e atletas. Entre o amador praticante de atividades recreativas e o profissional topo de linha existe um universo de diferenças. Ainda que tenham bom nível de habilidades individuais, fundamentos e algum treinamento.

Essa diferença também é gritante dentro do universo dos atletas profissionais. Não há como comparar um profissional de nível regional, ou até mesmo nacional, com um grande atleta de nível internacional. Tudo é diferente. O tempo de reação, a capacidade e o desenvolvimento técnico, o nível de treinamento, a preparação física e a experiência.

Existem ótimos atletas profissionais de nível nacional que jamais alcançaram ou alcançarão o nível internacional.

O nariz de cera serve para trazer para o texto o debate sobre Neymar na seleção brasileira. Que o menino é um fenômeno, craque de bola, só alguém muito rancoroso ou fanático ao extremo por um clube que seja rival do Santos para não reconhecer.

Neymar já é um craque indiscutível em nível nacional e continental, mas ainda não se transformou num jogador de nível internacional.

Essa é minha tese para o fato de ele não render com a camisa da seleção brasileira, em grandes jogos, o que rende quando joga pelo Santos.

Nada é definitivo quando se trata de um jovem talento de apenas 21 anos. Como bem lembrou o Juca Kfouri em seu blog, Messi também não convencia com a camisa da seleção argentina aos 21 anos. Engrenou agora, e ele irá para sua terceira Copa do Mundo em 2014. Neymar nunca foi a uma Copa.

Mas que Neymar está devendo em nível internacional, eu acho que está. Porque quando se enfrenta uma seleção grande, no mínimo de 80 a 90% dos jogadores desta equipe são de nível internacional.

Mas que diabos é esse tal de nível internacional, Noriega?

Explico: é jogar reepetidas vezes contra os melhores de várias nacionalidades, vários estilos, nos melhores campeonatos e melhores estádios. Seja em ambiente de clube ou de seleção.

Façamos uma comparação banal. Todo peladeiro que se preze já teve a experiência de, um dia, bater bola com um profissional da ativa ou ex-profissional. Essa diferença que existe entre o peladeiro amador, ainda que bom de bola, e o profisisonal, mesmo que de nível médio, é mais ou menos o que acontece quando o se confronta o aspirante ao nível internacional e o integrante deste patamar. Sem entrar no mérito do talento.

Neymar tem dificuldades nesse tipo de jogo, porque não tem almoço grátis. Ninguém dá espaço, o tranco é mais pesado, a capacidade física e muscular é diferente. O peso do chute, a matada de bola, é outro jogo. O garoto santista tem todos os elementos técnicos e inventivos para entrar nesse clube pela porta da frente, ser eleito conselheiro e fazer parte da diretoria executiva. Mas antes disso precisa se adaptar a frequentá-lo, perder a timidez e entender as regras de convivência.

Não se trata de afirmação em virtude de um jogo. Neymar está na seleção principal desde 2010 e ainda não emplacou um grande jogo contra time grande. E é nosso melhor jogador, disparado.

O que também não surpreende, porque o Brasil hoje tem pouca representatividade em nível internacional. Não temos protagonistas nos grandes times do mundo, embora tenhamos, sim, alguns bons times.

É bom que o Brasil deixe de lado os jogos inúteis contra seleções de quinta categoria, nos quais todo mundo faz gol, ensaia dancinhas e sorri para as lentes. Isso não acrescenta nada.

Com pouco tempo para achar um time e dar cancha internacional a Neymar e outros talentos, o bom mesmo é enfrentar times cascudos, grandes, recheados de atletas desse nível.

Para entender a diferença, basta reparar na naturalidade com que Oscar já enfrenta esse tipo de jogo, mesmo estando há pouco tempo jogando na Inglaterra. Nem digo isso tendo como referência o Campeonato Inglês, mas os jogos de Liga dos Campeões e, aí, sim, os grandes clássicos da Inglaterra.

Acredito que Neymar alcançará esse patamar. Com algum sofrimento, muito questionamento, mas ele tem o principal: talento. Precisa colocá-lo à prova contra os que estão no topo, com frequência cada vez maior.

Outro dia o menino foi anulado na bola pela zaga do modesto Bragantino. Ficou irritado. A vida no topo é muito mais competitiva. Todos conhecem Neymar, assistem as imagens dos seus gols. Ninguém vai esperar pelo drible. Num estadual e em boa parte do Brasileirão e da Libertadores, ele nada de braçada. Mas tem uma prova de fundo pela frente até realizar seu potencial de brilho mundial. Torço para que consiga já em 2014.

Um comentário:

Adriana Lima disse...

Na minha humilde opinião, acho q ele deveria ter saído essa temporada para jogar fora. 1 ano e meio lá fora seria bom pra ele e pra seleção.

Enfim... que a amarelinha se encante por ele!

Salve Nori!
bjs