Transpiração 2011
Emocionante é. Equilibrado, idem. Mas a cara desse Brasileirão imprevisível é a transpiração. Poderia ser um pouco mais de inspiração. Tirando Neymar quase sempre, e um Thiago Neves aqui, um Ronaldinho ali, um Montillo acolá, além de alguns lances esporádicos, é um torneio, digamos, esforçado.
Time por time, o melhor ainda não pintou. Poderia ter sido o Santos, se jogasse completo o tempo inteiro. Mas o se não joga. O Neymar, esse sim, joga. E muito.
O Fluminense é o melhor do returno e tem, no momento, o maior número de bons jogadores em boa fase.
O Corinthians é regular mas depende da transpiração, pouco inspirado que é. Se não deixa tudo em campo, perde muito de sua força. Não tem bola para administrar, tem que jogar sempre no 110% de entrega.
O Vasco é equilibrado e regular. Mas depende muito de Diego Souza para ter a centelha da inspiração.
O Flamengo tem essa inspiração vez ou outra com Thiago Neves e Ronaldinho. Para ser campeão precisa que eles estejam inspirados mais vezes.
O Botafogo talvez precise que seu técnico seja mais inspirado.
O Figueirense depende menos de inspiração de um ou outro, mas mesmo assim tem em Júlio César e Fernandes jogadores que mostram essa fagulha criativa (bonito isso).
Ao Inter parece ter faltado inspiração para muitos dos seus bons jogadores quando o time mais precisou.
Embora seja um campeonato divertido, o Brasileirão mostra algo preocupante. O jogador de futebol brasileiro padrão, atualmente, é um atleta muito bem preparado fisicamente, mas com capacidade técnica limitada. Pouco ou nada preocupado com liderança ou identificação com clube ou história.
Não chego ao ponto de dizer que são extremamente frios e profissionais. Mas me arrisco a dizer que são frios. Não gostam de assumir a responsabilidade em campo, se puderem, a passam de lado para o mais próximo.
Isso talvez se reflita na dificuldade que os times enfrentam, alguns para simplesmente permanecer na Série A, outros para vencer a Série A.
Felizmente ainda temos alguns jogadores diferentes, mais ousados, de personalidade. Poucos. Sem contar Neymar, que é fenômeno.
A pergunta que me faço e aqui deixo é a seguinte: o que é melhor, um campeonato equilibrado e de média técnica baixa, ou um campeonato com algumas disparidades mas de qualidade maior como espetáculo?
2 comentários:
Muito bom o texto, Nori!
Também vejo nesse campeonato algo que a maioria dos comentaristas não fala: falta de competência. Quase todo mundo gosta de exaltar o equilíbrio do Brasileirão - que é legal sim -, mas pouca gente fala que esse equilíbrio é muito fruto de uma mediocridade dos times e, como você mesmo falou, uma incapacidade de "chamar a responsabilidade" na hora H. Não só entre os jogadores de um mesmo time, mas entre os times um empurra a bola para o outro. Se fosse permitido, esse campeonato terminaria com 20 times em 2° e nenhum campeão.
Abs,
Beto Passeri,
www.futebologiabrasil.blogspot.com
Eu acho que a exaltação que estamos vendo com relação a esse Brasileirão se deve a queda dos nossos critérios de exigência (imprensa e torcida).
Nos últimos anos, tivemos campeonatos igualmente fracos tecnicamente (nem jogador tão badalado como R10 e Neymar tínhamos) e emocionalmente inferiores. Principalmente nas três conquistas do São Paulo e na do Cruzeiro, que foi um festival de monotonia.
Bastou um bom teor de emoção para que nos sentíssemos agradados.
Mas claro que eu preferiria times melhores do que outros, porém com boa dose de técnica e competência.
Mas vejo uma luz no fim do túnel. Só há um remédio para tratar essa enfermidade. E o Neymar deu o primeiro passo nesse "tratamento".
Abração, Nori!
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