quarta-feira, outubro 26, 2011


Vozes que jamais

deixarei de ouvir

Sou um ouvinte inveterado de rádio AM. De Jornalismo no rádio. Isso desde muito cedo. Ouvia muito as rádios Bandeirantes e, principalmente, a Jovem Pan. Sei de cor algumas das vinhetas da emissora que o genial Fernando Vieira de Mello transformou em referência de muitas gerações de ouvintes de jornalistas.

Ainda ouço muito a Pan e cada vez menos capto o espírito do jornalismo praticado pelo Vieira de Mello. Mas essa é outra história.

Li hoje no jornal que morreu Aluani Neto, o repórter aéreo da Jovem Pan. Para quem vive numa cidade maluca e praticamente inviável como São Paulo, os repórteres aéreos das emissoras de rádio são quase anjos da guarda. Nos tiram de enrascadas, de congestionamentos e conseguem humanizar essa metrópole cada vez mais desumana.

Lembro-me de acordar antes de ir para a escola ouvindo o Aluani Neto e seus boletins sempre precisos, texto ágil, correto e informativo, indicando caminhos para escapar dos engarrafamentos. Isso há mais de 25 anos. Levava um radinho de pilha na mochila e ficava ouvindo rádio no ônibus, o saudoso Divisa Diadema, que pegava na Rafael de Barros e me levava ao ponto em frente ao ginásio velho do Colégio Arquidiocesano, na Domingos de Morais.

Aliás, devo um agradecimento eterno ao motorista que conduzia o Divisa Diadema nos primeiros anos da década de 1980, por que várias vezes ele esperava a mim e a outros alunos atrasados alguns metros abaixo do ponto, sabendo que a gente chegaria e nos livrando da falta. Parece-me algo impensável nos dias de hoje. Tanto que fizemos uma vaquinha no final do ano e compramos um presente para ele, que não era professor, mas nos ensinou muito sobre solidariedade.

De volta às vozes do rádio que me acompanham desde muito cedo. Ainda ouço muito o mestre José Paulo de Andrade na Bandeirantes, ele e seu fiel escudeiro Salomão Ésper, agora com o jovem e talentoso Rafael Colombo e o fantástico Joelmir Beting. Também na Band ouço meu grande amigo Paulo Galvão à tarde, no Três Tempos.

Mas é a velha Pan que ecoa na minha alma de ouvinte. Com Joseval Peixoto, outro mestre, no jornal que abre o dia, ancorado por algumas das velhas e inesquecíveis vinhetas.

Sempre brinco com meu amigo e colega de trabalho Milton Leite que "quando eu era criança" eu era ouvinte dele no Show da Manhã da Pan. Claro que eu já não era criança, mas sempre me divirto ao recordar o Miltão sugerindo que "a dona fulana da Vila Ré quer trocar um fogão por uma  cafeteira".

Algumas vozes marcantes da minha vida como Israel Gimpel, Realli Júnior e agora Aluani Neto se calaram nas ondas do rádio. Mas certamente estarão para sempre em minha memória de ouvinte.

  

5 comentários:

Alexandre Giesbrecht disse...

Sabe que até hoje a voz do Milton Leite me lembra a mesma coisa? Eu pegava muitas vezes o fim do Show da Manhã antes do Jornal de Esportes no início dos anos 1990. Eu queria mais é que acabasse logo para ouvir o José Silvério falar "Alô, ouvintes do Brasil", mas me divertia com as propostas de troca às vezes absurdas!

Ricardo Oliani disse...

Post delicioso!
Saber reverenciar os seus mestres, enxergá-los fora dos muros da Educação formal; demonstrar, mas, sobretudo, sentir, sempre, gratidão à vida e a muitos dos seus personagens, são algumas das características que lhe fazem um profissional brilhante e um ser humano de quem me orgulho de ser fã e amigo! Abçs!
Queiroz

Wilson Oliveira disse...

Belo relato, Noriega!

Aqui no RJ a JB e a CBN me acompanham no trabalho. Nos finais de semana gosto de escutar a Rádio Globo e a Estadão, sempre atento a parte do esporte.

Costumo dizer aos amigos da faculdade, que o estudante de jornalismo que quer seguir para a área esportiva, tem que ouvir rádio. O estudante que não ouve rádio, não é completo, hehe!

Abraços!

Marcelo Unti disse...

Nasci em 74 e tenho o mesmo sentimento. Cada vez que uma dessas vozes se apaga tudo isso volta da memória. e tem o recem falecido Ibraim Mauá. Santos terra da caridade e da liberdade..... Grande homenagem Noriega. E sou do tempo da Tv Cultura, ouvindo seu pai!

Anônimo disse...

Noriega está informação que vôce deu no programa do Arena spotv quarta-feira 26/10/2011 . Sobre o sumiço das taças dos Santos do Mundiais . As taças eram transitórios como a Jules Rimet a taça deve estar com o Olimpia do Paraguai que foi o Último a ganhar 1979 .