quinta-feira, novembro 24, 2011



Efeito suspensivo no Stjd!


Confesso que não aguento mais essas notícias de efeito suspensivo no futebol brasileiro. Indepentemente de camisa, de time, é um festival de desrespeito.

Como disse um twitteiro outro dia, é melhor abrir um supermercado, porque tudo vira distribuição de cesta básica.

Se é para suspender e depois conceder efeito suspensivo, melhor não suspender ninguém, porque falta uniformidade de critérios. Porque alguns são suspensos e não recebem efeito suspensivo e outros recebem?

Que os torcedores mais exaltados me perdoem, mas nessa todo mundo já foi beneficiado na história. Os vascaínos reclamam, com razão, do efeito suspensivo concedido ao Sheik, do Corinthians. Mas Edmundo jogou a final do Brasileiro de 97 numa situação em que, se não estou enganado, a nomenclatura não era efeito suspensivo, mas uma antecipação de julgamento.

Deveria ser tudo mais prático e menos ritual. Claro que todo mundo tem direito a defesa, mas é preciso terminar com essa confusão de penas em jogos ou em dias, de artigos que estabelecem suspensões que vão de 60 a 700 dias, uma coisa sem nexo, sem lógica.

Também é preciso estabalecer critérios para a procuradoria. Não adianta se basear apenas em imagens de TV, porque um dia elas podem faltar. E a lei tem que ser universal.

Talvez seja melhor conceder efeito suspensivo ao Stjd para que ele seja reciclado.

quinta-feira, novembro 17, 2011



Números falam mais

alto que a bola do líder


O Brasileirão chegou a um ponto em que resumo com a seguinte frase: agora é o Corinthians que perderá o título, não outro time que virá a ser campeão.

Explico: para deixar escapar seu quinto título nacional, o alvinegro paulista precisará cometer vacilos numa estrada que se oferece cada vez mais livre. Ou trocando em miúdos, a Fiel pode apostar mais nos números que na bola do time.

Não significa dizer que o time está blindado contra vacilos. Já cometeu vários durante a competição. Acontece que os outros vacilaram mais.

Na ponta do lápis, o Corinthians será campeão, sem precisar de tropeços dos rivais, com mais sete pontos. Um empate e duas vitórias, ou 77%,77 de aproveitamento. Cabalísticos corintianos de plantão observarão algo de cósmico nesses números, certamente. Não é pouco, mas o que os outros precisam é muito mais.

Para chegar a esse aproveitamento, o Timão jogará contra Atlético Mineiro, em casa, Figueirense, fora, e terá o clássico contra o Palmeiras. O jogo-chave parece ser o duelo contra o Galo, que luta para permanecer na Série A e tem um time que sugere mais pontos do que conquistou pela qualidade. Nova vitória, mesmo que os rivais diretos somem três pontos, deixaria o Corinthians com dois de vantagem e seis em disputa.

O Vasco, que marcou bobeira contra o Palmeiras, precisa tirar uma diferença de três pontos, porque ficou duas vitórias para trás. Enfrentará o Avaí em casa e dois clássicos: Fluminense e Flamengo.

O Flu tem o mesmo número de vitórias do líder, mas está cinco pontos atrás. Enfrenta, pela ordem, Figueirense, fora de casa, e os clássicos contra Vasco e Botafogo.

O Figueira precisa tirar seis de diferença para o líder, com o diferencial de enfrentar o Corinthians em casa e poder arrancar três desses pontos por conta própria. Antes precisa vencer o Flamengo, ainda hoje, e também buscar pontos do Fluminense.

Como se vê, muita gente que está abaixo do Corinthians se enfrentará, o que reforça minha tese de que agora o time paulista só perde para ele mesmo.

Se for campeão, o que é bastante provável, o Corinthians será um detentor de título premiado pela regularidade e não pelo bom futebol. Há pelo menos dois times que, de fato, estão jogando melhor que o Corinthians: Vasco e Figueirense. Mas o que interessa é somar mais pontos.

Contra o Ceará, o líder, novamente, ficou devendo futebol no primeiro tempo. Além de postura de líder. Foi acuado e pressionado por uma equipe seriamente ameaçada de rebaixamento. Na etapa final, mais corajoso e beneficiado pelo nervosismo evidente do Ceará, o Corinthians se soltou um pouco e venceu numa jogada individual de um atleta que anadava esquecido e marcado pela torcida, o peruano Cachito Ramirez.

Ao longo do jogo, foi salvo por Júlio César, goleiro que é outro alvo frequente de críticas por parte dos torcedores. E que encabeça a defesa que menos sofreu gols no campeonato: 35.

quarta-feira, novembro 16, 2011

Emocional atrapalha

o voleibol feminino


Ainda que algumas ausências importantes e o fato de ainda estar em curso a busca por uma nova levantadora, há um problema maior que aflige a seleção feminina de vôlei na Copa do Mundo. É uma questão emocional, muitas vezes e em alguns casos pessoal.

Esse tipo de problema é o mais difícil de administrar e configura-se na principal diferença do trabalho de um treinador no comando de homens e mulheres. O homem é mais tosco e muita coisa se resolve na porrada, no grito, e tudo fica bem dez minutos depois. A mulher tem nuances com as quais os homens não sonham, e uma crise particular, de cunho pessoal, amoroso, seja lá o que for, tem contornos muito mais sérios para uma equipe.

Tecnica e taticamente, a questão de se buscar uma levantadora demanda tempo. Fofão tinha muito tempo de seleção, conhecia as jogadoras, que as conheciam. O levantador é o atleta no voleibol que precisa armazenas mais informações. Sobre o bloqueio adversário, os sacadores adversários e, principalmente, sobre os atacantes que vai abastecer em seu próprio time. Cada atacante gosta de um tipo de bola. Um mais veloz, outro mais alta e por aí vai. Quando se tem uma levantadora da longevidade e técnica de Fofão tudo fica mais fácil. A mudança demanda tempo e paciência.

A questão emocional é muito mais complicada. Muitas jogadoras são mães, esposas, namoradas, e os longos períodos de ausência criam situações cuja administração é muito difícil. Muito mais do que se formos comparar com um time de homens. Em muitos casos, as questões pessoais tornam-se coletivas e o impacto no desempenho de algumas atletas é profundo.

Ainda assim, sendo ou não via Copa do Mundo, o voleibol feminino do Brasil tem tudo para chegar a Londres com boas possibilidades de medalha.

PITACOS MUSICAIS

Sou um fã inveterado de música e de quando em vez posto algo sobre esse tema que me fascina.

Vi o show de Peter Gabriel no SWU. Quem frequenta esse espaço sabe que sou fã de Genesis. Fãzaço. Gosto muito mais do Genesis do que do Peter Gabriel solo, e mais do Genesis sem o Peter Gabriel do que com ele.

Isso posto, o show do cara é bem legal. Mas foi apresentado no local errado e para o público errado. A orquestra é excelente, ele ainda canta muito bem, embora com algumas limitações inevitáveis impostas pelo tempo. Nem todas suas músicas funcionam no formato orquestrado. Como seu trabalho sempre foi muito percursivo (ele também era baterista), em algumas canções a falta de uma percursão nervosa é evidente.

O problema é que Gabriel não fez nada de novo ao verter sua obra e a de outros para esse formato com orquestra. Ou então de pegar canções pop e rock e dar uma nova roupagem. Não há nada de aventureiro e ousado nisso.

Mas por ser um artista queridinho da crítica, Gabriel é tratado com reverência e rotulado de moderno e ousado em tudo que faz, mesmo que não seja nada disso.

Phil Collins, que herdou os vocais do Genesis de Gabriel, não conta com o beneplácito da crítica. Pelo contrário. Há alguns anos, gravou um discaço de versões para big band de canções dele e do Genesis, além de alguns clássicos do jazz nesse formato. Com Quincy Jones e Tony Bennett. Foi atacado de tudo quanto é jeito, embora tenha sido mais convincente que Gabriel nesse tipo de aventura.

Sting regravou clássicos dele e do Police em formato "clássico" e tomou porrada. Além disso, gravou um disco belíssimo de músicas sacras e folclóricas, em formato camerístico, e também tomou cacetada.

Infelizmente, a crítica musical é assim mesmo. Elege alguns e execra outros. Falta isenção à maioria. Porque analista tem que ser isento, não imparcial.  Tem que ter a capacidade de reconhecer qualidade em algo que não gosta.

Aí do Gabriel eu pulo pra Marisa Monte, cujo disco novo comprei e tenho ouvido bastante. E gostado muito. Leio aqui e ali alguns textos da crítica musical chamando o disco de cafona e brega. Se fosse não haveria problema. Para mim não é. Vejo a obra como mais popular, romântica, direta. Tem uns bolerões ali daqueles bem mexicanos. E qual o problema de ter bolero?

Gosto da produção, com a participação de Dadi, ex-Cor do Som. Marisa tem uma voz agradável, e sempre flertou com o cancioneiro popular e romântico e com o pop descarado do tempo dos Tribalistas.

Mas qualquer artista que ouse sair um pouco da linha ativista intelectualóide ou MPB cabeça defendida por uma parcela da crítica toma porrada. O que no caso de Marisa Monte não deve fazer diferença, já que ela tem uma carreira estabelecida, acima de julgamentos preconceituosos. 

sexta-feira, novembro 11, 2011



O Dia do Fico de Neymar


Existem diversas maneiras para se analisar o Dia do Fico de Neymar. Também há somente uma vontade fundamental para que tudo se resolvesse a favor da permanência: a vontade de Neymar.

Só ficou por que quis. Hoje quem manda em seu destino é o jogador. O que é extremamente saudável, embora incomode significativamente setores da mídia, da cartolagem, da torcida e de ex-jogadores. Não é todo mundo que se acostumou com essa independência dos jogadores e com o fato de atualmente eles estarem por cima da cadeia alimentar e econômica do futebol.

O mundo mudou. Recentemente, um presidente de clube grande esteve num programa de TV do qual participo e disse que estava espantado com essa mudança. Que quando ele começou no futebol eram os diretores que chegavam de carro importado, agora são os jogadores. Segundo ele, os dirigentes hoje chegam "no máximo com um Corollinha". Dá para ver o que ele pensa do futebol e como está ultrapassado só com essa frase.

Mas voltemos ao Neymar. Ele ficou no Santos porque foi bom para ele. O ser bom para ele tem nuances. Bom porque ele gosta, fato, mas bom, também, porque ficando no Brasil ele ganha mais do que receberia na Europa. Isso é fato incontestável. Mesmo já sendo uma estrela reconhecida no planeta bola, Ñeymar não chegaria para sentar na janelinha entre as estrelas da Europa. Até em virtude da lei do vestiário e das crises de ciúmes de outras estrelas. Ou alguém acha que ele chegaria no Barça ganhando mais que o Messi, ou no Real faturando mais que o Cristiano Ronaldo? Duvido!

O futebol europeu não está imune à crise econômica do continente. A grana está curta, muitos clubes estão endividados até o pescoço. Salvam-se os que têm mecenas tipo Berlusconi, algum sheik maluco ou, então, um milionário russo de origem duvidosa.

Hoje tem dinheiro circulando no Brasil. Muito dinheiro. Também no futebol. Neymar é produto de uma nova geração de jovens, da era digital, das redes sociais. Tudo que ele faz vira notícia no minuto seguinte, seja postada por ele mesmo em seu twitter, ou por um paparazzo de plantão. Neymar representa essa moçada esperta, antenada e apressada. Parafraseando e modificando uma antiga frase da juventude de outras eras, ele é o porta-voz do viva rápido e enriqueça jovem. Tudo isso sem deixar de curtir.

O jogador de futebol não é mais marginalizado como antes. Até porque, sendo bem sincero, hoje ele tem muito dinheiro, que é o que interessa para a grande maioria. A grana mudou de mão, e os bajuladores de plantão adoram quem tem a carteira forrada. Se junto com a bufunfa vier uma revista de pseudo-famosos, tá melhor. O que boleiro tem de aspone é uma grandeza. Isso sem contar no exército de parentes e ex-namoradas e futuras companheiras que surgem do nada.

Bom, mas e o moleque bom de bola, o que tem com isso? Tem que, além de jogar muito futebol, amadureceu e desabrochou na hora certa. Quando todos os fatores convergem para o sucesso que ele pilota com a bola nos pés.

Se Neymar tivesse surgido no Santos com o mesmo talento, o mesmo carisma, o mesmo cabelo, em 1995, seria vendido em seis meses. Para sorte dele e nossa, surgiu depois. Num cenário mais favorável para o Brasil e extremamente desfavorável para a Europa. Como não quer jogar num time de sheik ou milionário russo, Neymar pode ser exigente. Pode escolher jogar, se quiser, nos melhores times europeus, enquanto segue jogando no que ele faz ser o melhor da América, o Santos.

Por trás de tudo que se fala e especula, acho que há um fator que tem sido pouco avaliado para o sucesso da operação Fica, Neymar: a exploração comercial de sua imagem. Pelo que se diz na mídia, ele e seu pai conseguiram que o Santos liberasse 100% dos direitos sobre a imagem de Neymar em publicidade. O que poucos jogadores já conseguiram e conseguirão de uma equipe, em especial de Real Madri e Barcelona.

Dizia-se que Ronaldinho Gaúcho, em seu auge, tinha esse acordo com o Barcelona. O que não é pouca coisa. Geralmente, os atletas cedem percentuais ou até o total do que ganham com publicidade individual para o clube. Assim como recebem um percentual do que o clube ganha com suas imagens.

Por mais que o Santos ou qualquer time do mundo possa oferecer um salário fixo estratosférico para Neymar, a cereja do bolo é a publicidade num Brasil que deixou de ser vidraça para ser não estilingue, mas estrela principal da vitrine econômica.

O rosto de Neymar hoje é o mais requisitado da publicidade brasileira. O moleque, assim como Ronaldo Fenômeno, parece ser feito de T-Fal, nada gruda nele. Tem carisma para sair natural em propaganda de qualquer coisa e faz vender. Os torcedores adversários não odeiam Neymar, admiram. Mas talvez não ao ponto de virarem a casaca. Ou seja, Neymar não cria conflitos que espantem as vendas.

Não gosto de colocar números em textos e opiniões, porque vivemos num País violento, onde o sucesso incomoda e atiça a bandidagem. Mas calculo, de maneira geral, que Neymar vá faturar com publicidade mais do que o dobro do que recebe como salário. E não acho difícil que chegue ao final do mês faturando mais do que Messi e Cristiano Ronaldo.

Sem precisar enfrentar períodos de adaptação, invernos rigorosos, idioma pouco conhecido, distância da terrinha e outros dramas que sempre afetaram o boleiro nacional longe de casa.

Neymar em 2009, um em 2010 e outro agora. Fisicamente, tecnicamente e taticamente vê-se um jogador novo - e melhor - a cada etapa.

Se o mundo continuar girando desse jeito, com a moeda da sorte econômica caindo sempre para o nosso lado, num prazo de dez anos nossos clubes podem ser grandes de fato em nível mundial. Principalmente se tiverem juízo administrativo. Porque de nada adianta aumentar o faturamento e a dívida crescer junto.

Dinheiro há de sobra no mercado do futebol brasileiro. Com juízo, inteligência e uma dose de sorte, não é preciso ficar namorando a bola do vizinho.

segunda-feira, novembro 07, 2011



Transpiração 2011


Emocionante é. Equilibrado, idem. Mas a cara desse Brasileirão imprevisível é a transpiração. Poderia ser um pouco mais de inspiração. Tirando Neymar quase sempre, e um Thiago Neves aqui, um Ronaldinho ali, um Montillo acolá, além de alguns lances esporádicos, é um torneio, digamos, esforçado.

Time por time, o melhor ainda não pintou. Poderia ter sido o Santos, se jogasse completo o tempo inteiro. Mas o se não joga. O Neymar, esse sim, joga. E muito.

O Fluminense é o melhor do returno e tem, no momento, o maior número de bons jogadores em boa fase.

O Corinthians é regular mas depende da transpiração, pouco inspirado que é. Se não deixa tudo em campo, perde muito de sua força. Não tem bola para administrar, tem que jogar sempre no 110% de entrega.

O Vasco é equilibrado e regular. Mas depende muito de Diego Souza para ter a centelha da inspiração.

O Flamengo tem essa inspiração vez ou outra com Thiago Neves e Ronaldinho. Para ser campeão precisa que eles estejam inspirados mais vezes.

O Botafogo talvez precise que seu técnico seja mais inspirado.

O Figueirense depende menos de inspiração de um ou outro, mas mesmo assim tem em Júlio César e Fernandes jogadores que mostram essa fagulha criativa (bonito isso).

Ao Inter parece ter faltado inspiração para muitos dos seus bons jogadores quando o time mais precisou.

Embora seja um campeonato divertido, o Brasileirão mostra algo preocupante. O jogador de futebol brasileiro padrão, atualmente, é um atleta muito bem preparado fisicamente, mas com capacidade técnica limitada. Pouco ou nada preocupado com liderança ou identificação com clube ou história.

Não chego ao ponto de dizer que são extremamente frios e profissionais. Mas me arrisco a dizer que são frios. Não gostam de assumir a responsabilidade em campo, se puderem, a passam de lado para o mais próximo.

Isso talvez se reflita na dificuldade que os times enfrentam, alguns para simplesmente permanecer na Série A, outros para vencer a Série A.

Felizmente ainda temos alguns jogadores diferentes, mais ousados, de personalidade. Poucos. Sem contar Neymar, que é fenômeno.

A pergunta que me faço e aqui deixo é a seguinte: o que é melhor, um campeonato equilibrado e de média técnica baixa, ou um campeonato com algumas disparidades mas de qualidade maior como espetáculo?