sexta-feira, julho 29, 2011

Ronaldinho e a seleção


Não compartilho da opinião daqueles que acham que o ciclo de um atleta se encerrou na seleção brasileiro assim, de sopetão.

Claro que escrevo sobre Ronaldinho Gaúcho, o tema da semana. Todo mundo quer saber se ele pode ou não jogar novamente na seleção.

Por que não?

Vejo da seguinte forma: seleção é para quem está jogando melhor na época da convocação. Claro que se há um jogador com 34, 35 anos hoje, que terá 38 na Copa, é preciso pensar muito, pesar prós e contras, porque futebol hoje é muito mais físico que qualquer coisa.

Mas Ronaldinho Gaúcho tem 31 anos, poucas contusões graves. Terá 34 anos na Copa.

Embora não seja mais o jogador espetacular que foi e não tenha alcançado o patamar de desempenho do xará fenomenal, é um jogador diferenciado.

Se na função que ele exerce não tem ninguém jogando melhor que ele, sua convocação não é absurda, se acontecer.

Renovação se faz quando aparece alguém melhor ou se a idade ou uma contusão a impõe.

Outro detalhe: não vejo Ronaldinho Gaúcho como armador, como camisa 10 em termos táticos. É um 10 muito mais como o Messi, um meia-atacante de chegada, que precisa estar mais perto da área. Não disputa posição com o Ganso, por exemplo. Mas pode ser interessante ter os dois lado a lado.

Falta à seleção brasileira esse jogador. O próprio Thiago Neves, companheiro do Gaúcho no Flamengo, pode exercer essa função. É o elemento de ligação entre meio e ataque, o cara que sabe jogar como meia mas também como atacante, que faz as duas funções durante o jogo.

O pessoal da minha faixa etária para trás chama de ponta-de-lança.

Se continuar jogando bem, merece ser novamente convocado. Não precisa de teste. Se for convocado algumas vezes  e jogar não, não será convocado novamente, abrirá vaga para alguém que estiver melhor. Simples assim, penso eu.



quinta-feira, julho 28, 2011


O dia em que

a terra parou

A noite desde 27 de julho foi daquelas que serão recordadas por muitos outros 27 e por muitos outros julhos. Talvez numa simbólica homenagem àqueles astros do pop rock que foram cedo, aos 27 anos, fazer shows em outra dimensão.

Mas o que vale é que a rodada do Brasileirão será lembrada por muitos anos. E me fez lembrar de um dia em que, na escola, em São Paulo, a molecada só falava de um 5 a 4 entre Cruzeiro e Inter, pela Libertadores, em 1976. Não tenho essa vocação enciclopédica de alguns coleguinhas, que adoram números, datas, efemérides. Prefiro me ater à essência, ao significado das coisas.

Espero que ninguém venha hoje com mirabolantes teses táticas para explicar os 5 a 4 do Flamengo no Santos e os 4 a 3 do São Paulo no Coritiba. 16 gols em dois jogos não se explicam com números de linhas de ônibus. Admiram-se. O negócio é ver, rever e festejar esse dia em que a terra parou para lembrar que o futebol pode ser, sim, um saudável ópio do povo.

Isso é o Brasileirão, embora muita gente torça o nariz e não curta o que, para mim, é o melhor campeonato nacional de clubes do planeta bola.

Parabéns, Elano!

Ao dar a cara para bater na entrevista após o jogo, o meio-campo santista Elano mostrou que tem caráter. Tem jogador que por muito menos, por um frango, um pênalti perdido, uma expulsão, desaparece por uma semana. Mas quando brilha, quando se dá bem, fica horas dando entrevista.

Elano é um bom jogador, útil, eficiente, regular. Dificilmente joga muito bem, dificilmente joga muito mal. Tinha feito um passe lindo para o primeiro gol de Borges. Aí perdeu o pênalti que, depois, ele mesmo afirmou que errou porque bateu diferente do que costuma bater, do que treina.

Mas foi lá, assumiu, deu a cara. Merece respeito.

Parabéns, Ronaldinho!

Foi Ronaldinho Gaúcho em noite de Ronaldinho Gaúcho. Como há muito não se via. Decidindo, criando, encantando. Não se pode exigir de jogadores exibições de gala toda semana. Mas de alguns parece que é isso que se cobra. Jogar bem não é suficiente para jogadores como ele, é a impressão que fica. Ele tem que dar recital toda hora? Impossível.

Quando foi contratado, nadei um pouco contra a maré. Não tenho bola de cristal, mas acho que um jogador da idade do Gaúcho ainda tem lenha para queimar, sem comparações com o que aconteceu há alguns anos. Ontem, na Vila de Pelé e Neymar, ele deu o recado de que ainda está por aí.

quarta-feira, julho 27, 2011



Clubes x Fifa, uma


guerra anunciada


Há tempos venho dizendo isso: a grande batalha do futebol se dará entre clubes e seleções, ou leia-se entre clubes e Fifa. A disputa é pelo menos negócio, que envolve os milionários direitos de transmissão de jogos e a utilização dos milionários que disputam os jogos, os atletas.

Não há santos dos dois lados dessa trincheira. Desde que a Fifa saiu do controle dos europeus, em especial dos ingleses, há uma batalha nos bastidores que está sendo escancarada agora, com as intermináveis denúncias de corrupção na entidade, que respingam na CBF. Sob o argumento pueril de que nos tempos e sir Stanley Rouss o esporte era mais esporte, na verdade há uma ferrenha disputa pela montanha de dinheiro que envolve o futebol.

Com Havelange no poder, a Europa perdeu força, principalmente a Inglaterra. Acontece que a Inglaterra é a pátria dos clubes mais ricos e poderosos do planeta bola, muitos deles bancados por mecenas milionários cujo saco parece não ter fundo.

Como atesta este post no blog do Juca Kfouri, a guerra de declarações já começou. Por trás dessa guerra está o interesse maior, a grande disputa entre clubes e a Fifa e seu jogo de seleções, a Copa do Mundo. Os clubes investem fortunas em seus elencos estelares e não querem dividi-los com as seleções para que só a Fifa lucre durante a Copa. Além disso, temem receber jogadores dilacerados fisicamente, quando não com graves contusões (vide o caso de Michael Owen, por exemplo).

Pincei do blog do Juca essas declarações do grande Karl-Heinz Rummenige, craque de bola e hoje dirigente do Bayern de Munique, um dos mais poderosos clubes do mundo.

“Quando eu conquistei o Campeonato Europeu (em 1980), havia oito equipes nas finais. Esse número triplicará até 2016. Na Copa do Mundo, que costumava ter 16 times, agora são 32. Os clubes pagam os jogadores mas eles não fazem parte do processo de decisão. Não somos tratados com respeito”.
Rummenigge insinua a possibilidade de um rompimento com as associações internacionais se as queixas da ECA sobre o congestionamento do calendário não venhaa a ser discutidos. “Vou dar-lhes uma chance, mas estou pronto para uma revolução se essa for a única forma de chegar à uma solução”, disse.

Repararam que há um europeu reclamando da Eurocopa?

No âmbito brasileiro da discussão, taí a situação do Santos, que reclama por ter de ceder seus craques à seleção brasileira para o amistoso contra a Alemanha. Embora o Santos já tenha sido corretamente auxiliado pelas alterações de tabela em virtude da Libertadores. Nada mais justo.

A questão não é essa. A questão é que os interesses da Fifa e dos clubes são opostos. A Fifa até criou seu Mundial de Clubes para tentar amenizar o clima. Mas em especial para os europeus, o que importa é a Champions League, seus milhões em prêmios e publicidade.

Outra questão que merece ser debatida: os jogadores se interessam por tudo isso? Como classe, estão mobilizados? Ou basta que seus polpudos cheques sejam depositados regularmente e o resto que se dane?

Para este blogueiro não será surpresa se no futuro, em alguns anos ou décadas, a disputa no futebol seja fundamentalmente entre clubes, com a diminuição gradual do espaço para jogos entre seleções nacionais.

Que acham?

quinta-feira, julho 21, 2011


O Mano e os caras

Não serão fáceis os próximos dias de Mano Menezes à frente da seleção brasileira. Dia 25 ele convoca os jogadores para o amistoso contra a Alemanha, dia 10 de agosto, em Stuttgart. De acordo com os nomes relacionados pelo treinador saberemos algo sobre o que deve acontecer com o time.

Se for mantido o time da Copa América, com a manutenção de alguns jogadores que estiveram na Copa de 2010 e estarão em idade avançada em 2014, Mano demonstrará claramente que precisa de resultados para se sustentar no comando do time, que isso importa mais do que um trabalho gradual até a formação de um time em 2014, sem ligações com o passado. Caso contrário, com uma lista que apresente novidades e reconciliações com jogadores que não estão sendo chamados, como Hernanes e Marcelo, Mano demonstrará que está sendo fiel a uma proposta e não a um emprego.

Comportamento e grupo são coisas relativas. No time da Copa América, havia jogadores que estiveram na Copa do Mundo e não se falavam. Dois deles sequer se olhavam ao pegar o mesmo elevador de hotel, sem se importar que houvesse testemunhas. A outra dupla proporcionou constrangimento quando um estendeu a mão para cumprimentar o outro, que ignorou.

Espírito de grupo, amizade de concentração, nada disso é determinante. Houve grandes times nos quais os jogadores se odiavam fora de campo, mas eram profissionais e honestos com a bola rolando.

Mas esse é o menor dos problemas de Mano Menezes. Há coisas mais urgentes a resolver. Encontrar um lateral-esquerdo, por exemplo. Descobrir se Kaká tem ou não condição física de jogar novamente em alto nível. Testar uma nova dupla de volantes para as vagas dos pouco convincentes Lucas e Ramires. Tratar de aproveitar a seleção olímpica para dar cancha a jogadores como Lucas, o do São Paulo, prematuramente levado para o time principal.

Neymar e Ganso devem, sim, ser os pilares dessa nova seleção. Pato é um nome que merece todo o crédito. Resta saber se vale a pena seguir apostando em Robinho, quando o próprio admite que Neymar já é melhor do que ele era com a mesma idade. Parece mais importante encontrar um centroavante para ocasiões em que se faça necessário.

Se Mano ouviu a sensacional entrevista de Óscar Tabarez, técnico do Uruguai, após a semifinal da Copa América, certamente tirou proveitosas lições. O Maestro foi de uma sinceridade lancinante, exalando lucidez. Disse que seu trabalho tem cinco anos e que foi implantada uma filosofia nas seleções uruguaias de todas as categorias. Filosofia esta que inclui exigência de estudo formal e também da história do futebol por parte dos garotos.

Tabarez também conseguiu recompor o pensamento do torcedor uruguaio, que acreditava que o país seguia sendo a potência que fora no século passado. Resgatou o orgulho e o compromisso que une a Celeste e sua gente, pavimentou o caminho para a chegada de talentos como Suárez, Cáceres e outros ao time principal e estabeleceu uma linha de trabalho.

O Brasil, que tem uma população quase setenta vezes maior que a do Uruguai, uma economia infiitamente maior e um futebol muito mais rico, não consegue estabelecer uma filosofia de trabalho no que se refere a suas seleções de futebol. Mesmo tendo um exemplo disso em seu prório território, o voleibol.

Enfim, há tempo e talento para uma boa Copa em 2014. Mas é preciso tomar decisões corajosas, cortar laços que pouco acrescentam e ousar. A resposta está com Mano e seus caras. Dia 25 saberemos.

Ah, as viúvas

Pois não é que apareceram viúvas de Dunga após a eliminação brasileira na Copa América? Com o mesmo discurso obtuso do resultado a qualquer custo, das vitórias sem sustentação, que empurram sujeira para baixo do tapete. São os mesmos que xingam a seleção e os jogadores a qualquer tropeço, mas não admitem que alguém faça críticas. Só eles podem. Os mesmos que utilizam absurdos argumentos clubísticos no que se refere à seleção, algo que já está fora de moda desde o século 20.

Para completar, existem aqueles que usam o fantástico gancho do "vocês nunca jogaram bola" para atacar quem não pensa da mesma maneira. Como se eles tivessem jogado em algum lugar, e como se ter jogado bola fosse credencial para fazer alguma coisa depois de ter jogado bola.

Três dos cinco treinadores brasileiros campeões mundiais ou não jogaram bola profissionalmente ou jogaram mal. Feola, Parreira e Felipão. Sabiam e sabem mais de futebol que muito craque profissional e pseudo-craque de pelada. Jogar é uma coisa, entender  o jogoé outra. Isso ouvi de um ex-jogador. Dos bons.

Esses enviuvados são os mesmos que também nunca jogaram bola e insultam Falcão nas redes sociais dizendo que ele jogou muito mas não serve para treinador. Quanta bobagem!


quarta-feira, julho 06, 2011

A camisa da seleção

não tem proprietário


Reproduzo minha coluna publicada terça no Diário de S.Paulo.


O empate com a Venezuela não precisa desencadear uma crise ou uma revolução na modorrenta seleção brasileira da estreia na Copa América. Longe disso. Mas bem que proporciona uma oportunidade de ouro para Mano Menezes incorporar de vez o papel de comandante da equipe e mostrar ser ele quem manda. Algo como chegar ao vestiário, dar um bico na mesa e gritar: aqui é seleção brasileira, meu filho!




Até aceito que um técnico de seleção conte com seus homens de confiança. Mano tem Lucas como seu representante no campo e o volante jogou bem contra os venezuelanos. Mas quem assume o comando de um time como o Brasil precisa estar apto a dar um grito de liberdade, a chutar o balde, como se diz nas ruas, e provar que a camisa cinco vezes campeã mundial não tem proprietários.



Jogador de futebol é malandro por natureza. Até para sobreviver em um meio que é uma selva. Contra a apenas esforçada Venezuela, Mano teve uma chance de ouro de mostrar que, teoricamente, é o único a ter cadeira cativa até 2014.



É algo muito mais psicológico, de liderança, do que futebolístico. Obviamente, Ganso e Neymar são craques, titulares da seleção. Mas jogaram pedrinha no domingo e mereciam ter saído do time. Antes de criar uma crise, Mano daria um recado simples, direto: se não jogarem, tem mais gente ali fora babando por uma chance. Não é um ato definitivo, mas de uma sutileza de momento.



O mesmo princípio vale para Robinho. Ainda que tenha jogado bem no Milan, na seleção, Robinho é aquele que foi sem nunca ter sido. Jamais cumpriu a promessa de ser um craque decisivo, imponente. Não pode se dar ao luxo de reclamar porque sai sempre, pois não tem jogado para justificar cadeira cativa.



Mano é bom treinador, inteligente, atualizado. Merece crédito. Mas possui em seu grupo nove jogadores da campanha da Copa de 2010. É muita sombra para um processo de renovação, para um estágio de mudança de gerações.

E mais do que um parceiro dos jogadores, o técnico da seleção brasileira precisa ser um executivo capaz de se impor diante de jovens milionários e badalados, mostrar ser ele quem manda. Nem que seja para chacoalhar certas acomodações e soberbas que, de vez em quando, ficam evidentes.



Santa desorganização

Se há algo em que nós, sul-americanos, somos absolutamente iguais é na desorganização. Nada parece funcionar direito quando se tenta organizar algo em nosso continente. Encontrar uma vaga de estacionamento é um parto. A zona mista de entrevistas parece zona de guerra. Ainda há tempo para melhorar.



Escala de folgas

Os empates de Argentina e Brasil tiveram pesos diferentes para as respectivas comissões técnicas. A argentina cancelou a folga programada para o sábado e enclausurou os atletas na concentração de Ezeiza. A brasileira manteve o descanso de ontem, o que deve ter aliviado os jogadores do isolamento em Campana.



Copa América

As notícias do rebaixado River Plate (foto à esquerda) e a estátua feita pelo Boca para Riquelme são dois temas que ofuscaram o torneio. E na sexta-feira, enquanto a seleção local jogava contra a Bolívia, milhares de argentinos celebravam o centenário do modesto Nueva Chicago, da Terceira Divisão, no Obelisco de Buenos Aires.



Nó tático

Não é fácil ser Messi na Argentina. Embora as vitrines das lojas de artigos esportivos ? inclusive os pirateados ? estejam tomadas por camisas branca e celeste que levam o nome do craque do Barcelona, é difícil encontrar alguém que as esteja vestindo.



Messi é quase um estrangeiro em sua própria terra. Foi aos 13 anos para Barcelona e lá se fez jogador. Não vestiu camisa de time argentino, não criou raízes, identidade, tampouco rejeição. A ponto de ser Tevez ? e não ele ? o craque considerado o jogador do povo pelos compatriotas.



A camiseta argentina parece sempre apertada, desconfortável em Messi. Não veste bem como a azul e grená do Barça. Não existe, ainda, aquela cumplicidade demonstrada com Xavi, Iniesta, Villa.



É um processo razoavelmente conhecido pelos brasileiros, que se acostumaram, nos últimos anos, a ver jogadores vestirem a camisa da seleção nacional, mas com pouca ou nenhuma conexão com a alma que ela simboliza.

Messi é cracaço de bola, tem tudo para liderar a Argentina rumo a uma bela campanha nesta Copa América, mas parece ainda não ter optado pela nacionalidade argentina como jogador de futebol. Tem chance de pedir a documentação a partir de amanhã, no confronto decisivo contra a Colômbia, em Santa Fé.

sábado, julho 02, 2011


Não basta Messi


para ser o Barça


O objetivo declarado do treinador da Argentina, Sergio Batista, é emular o Barcelona com a camisa albiceleste. Parece claro, já que o melhor jogador do mundo é argentino e joga no Barça. Mas é impossível para Batista naturalizar Xavi, Iniesta, Villa, Piqué. Ainda que o técnico argentino tenha outro bom nome do Barça como compatriota, Mascherano.

O futebol é traiçoeiro e não perdoa. Poderia ser uma outra história hoje se a Argentina tivesse traduzido em gol 17 minutos de bom futebol na etapa inicial. Não o fez e depois foi se perdendo aos poucos, muito bem marcada por uma Bolívia disciplinada, consciente e dedicada a um projeto tático: diminuir espaços.

Messi talvez não estivesse sendo contestado por alguns críticos argentinos se alguma das boas jogadas que criou tivesse terminado em gol. Mas o talvez não joga. E Tevez não jogou bem, o que prejudica Messi na seleção argentina.

Falemos de tática, que sei que muitos gostam. Batista propõe um resgate do estilo argentino, afirma que o futebol de seu país não pode copiar o europeu. Então por que diabos escalou Mascherano de terceiro zagueiro? Por que abriu mão de um meia, por pior que fosse, que tivesse como missão assegurar a posse de bola, um dos pilares do estilo argentino de jogar?

Penso o seguinte: se alguém tem Messi no time, é preciso que o estilo de jogo de Messi determine o estilo de jogo do time. O genial precisa se impor. Na segunda etapa, quando teve um desempenho de jogador comum em dia ruim, Messi muitas vezes estava recuado, no campo de defesa dos donos da casa. Pecado para um jogador fatal nos últimos 30 metros, com uma arrancada infernal.

O jogo de abertura da Copa América mostrou uma seleção que sabia exatamente o que fazer, mesmo que fosse pouco o que pudesse. A Bolívia tirou mais do seu menos, marcou, foi disciplinada, fez uma linha de quatro zagueiros, fechou os lados do campo como pôde e diminuiu o campo, tirando a possibilidade de arranque de Messi e Tévez. Quando saiu desse plano, sofreu sufoco. Quando teve a bola do jogo, Marcelo Moreno hesitou e perdeu a chance de fazer história.

Do outro lado havia um time, a Argentina, que podia mais e fez menos. Não se encontrou como time em momento algum, deixou distantes seus jogadores, corrompendo a tradição histórica do toco me voy,  das triangulações. Messi parecia olhar para o lado e perguntar: cadê o Xavi, onde foi parar o Iniesta? Socorro!

A entrada de Aguero melhorou o posicionamento argentino, e o gol do Kun mostrou alguma coisa do que pode e se espera desse time. A jogada do gol, a ajeitada de peito, foi de Burdisso, não de Zanetti, como eu disse no SporTV. O frio de quatro graus negativos congelou minha observação, além do futebol de Messi e da dona da casa.

Teoricamente, o Brasil é favorito contra a Venezuela, como a Argentina era contra a Bolívia. Para nossa sorte, hoje o Brasil tem volantes mais consistentes e com melhor saída de jogo que os argentinos. E temos Ganso, um meia com o qual a Argentina só pode sonhar. Amanhã veremos como os fatos se comportarão em relação à teoria.