quinta-feira, setembro 30, 2010



Salários no futebol:

uma explicação


Cabe aqui uma explicação sobre a questão do salário no futebol. Do jogador, digo. Muita gente reclama quando um jornalista fala que o clube tal está com salários atrasados. Aí o gaiato, que se acha defensor da moral e dos bons costumes, enche o peito, aquece os dedos e digita: você está errado! O salário está em dia, o que está atrasado é o direito de imagem.

Explico. O direito de imagem faz parte do salário de um jogador de futebol. Em números: fulano acerta um contrato para ganhar, por exemplo, 50 mil reais por mês. Este é o valor total dos seus vencimentos, que são pagos divididos entre salário registrado em carteira e o direito de imagem, quando se emite uma nota fiscal de empresa, tipo Craque Camisa 10 Promoções Esportivas.

Porque direito de imagem? Porque os jogadores atuam em espetáculos transmitidos pela TV e o clube "usa" suas imagens para vender o produto futebol e também a marca de seus patrocinadores exposta em camisas.

Peguemos o caso do Palmeiras, que publicamente assume que está em atraso com os jogadores, o que é muito melhor do que clubes que devem mas negam. Como é feita a composição salarial dos atletas palmeirenses: 60% do valor total é pago como direito de imagem, via nota fiscal de pessoa jurídica. Os 40% restantes são registrados em carteira como funcionário.

Portanto, se fulano acertou ganhar 50 no total, ele tem que receber os 50 porque este é o valor do seu contrato, não importa como será pago. Se recebe apenas 20 do que está registrado em carteira, seus vencimentos estão, sim, atrasados no valor de 30.

Espero ter conseguido explicar.

Flu reencontra

o rumo da taça


O gol mais importante da rodada do Brasileirão foi o de Conca para o Fluminense. Emblemático na dificuldade do jogo e também no confronto de quem sonha com o título diante de quem quer acordar do pesadelo representado pela ameaça de rebaixamento.

O Fluminense jogou pressão para cima do Corinthians, que jogou menos futebol do que o de costume e só não perdeu para o Botafogo por causa de um erro grave da arbitragem, que anulou gol legítimo de Herrera, e de outros erros de conclusão incríveis, em especial um de Caio, no último lance do jogo.

Embora tenha se afastado um pouco da pontuação dos líderes, o Botafogo voltou a jogar um futebol que o credencia a sonhar. O Corinthians abriu uma dúvida em seu torcedor. Menos pelo resultado, mais pela perda do equilíbrio, que vinha sendo seu grande diferencial.

Este equilíbrio que está voltando ao Fluminense, que engatou vitórias seguidas e recuperou a ponta mostrando que tem, sim, muito fôlego.

Assim como o bom time do Cruzeiro, do excelente Montillo, que está ali, coladinho ao Corinthians, embora com um jogo a menos, mas parece que com futebol, no mínimo, equivalente.

E como não citar o Atlético Paranaense? O Furacão é outro que entrou na lista dos sonhadores com todos os méritos. Uma linda campanha de recuperação. Não vai ser fácil jogar na Arena da Baixada de agora em diante. Como, aliás, nunca foi e nunca será.

Palmeiras e Grêmio reagem

O segundo turno de Palmeiras e Grêmio faz suas torcidas lamentarem o que foi o primeiro. O Verdão voltou a jogar bem contra o Inter, teve Marcos Assunção e Valdívia em noite inspirada, e venceu sem contestações. Felipão fez o time errar menos e ganhar consistência. Ainda não pode sonhar, mas seguindo assim de repente até poderá.

O mesmo vale para o Grêmio do exuberante Douglas e do ótimo Jonas, que atropelou um São Paulo apático, frágil na defesa como há muito tempo não se via, e confuso taticamente. Renato Gaúcho, que muita gente não leva a sério como técnico (mas eu levo) levantou o Grêmio.




quarta-feira, setembro 29, 2010


Exército Brancaleone

de Palestra Itália


A citação à famosa comédia italiana do cinema não é por acaso. O que se passa no Palmeiras em termos políticos é de rir para não chorar.

Tamanha é a profusão de trapalhadas que pode-se esperar qualquer coisa, literalmente. Exatamente quando o time engata uma rara sequência de duas vitórias, e o clube tem o documento que antecipa a aprovação das obras de sua Arena publicado no Diário Oficial, explode uma crise política com toda a cara de vendetta, ou vingança, em italiano, já que se trata do Palestra.

Em resumo, um dos vice-presidentes eleitos assume no lugar do mandatário afastado por problemas de saúde e, de cara, afasta o vice de futebol, eleito como ele, do comando do fuebol.

A verdade é que para não fugir à tradição de sua origem, o Palmeiras é uma colcha de retalhos formada por várias facções políticas, tal qual à Itália pré-republicana. O que interessa é exercitar a vingança, anular o inimigo, dar o troco de derrotas anteriores. O clube e sua razão de existir, o time de futebol, que fiquem em segundo plano. As questões pessoais é que importam.

É comum soar o telefone nas redações e do outro lado um conselheiro palmeirense tem denúncias contra uma administração, seja ela qual for.

Endividado, rachado politicamente, o Palmeiras viu na eleição de Luiz Gonzaga Belluzzo uma esperança de modernização em meio à plêiade de pessoas e ideias arcaicas que dominavam o clube. Belluzzo tem sido uma decepção, já que a dívida do clube aumentou em sua gestão, os títulos não vieram e a política virou uma guerra civil.

Os profissionais de verdade no Palmeiras, atualmente, são os torcedores e os jogadores, que atuam sem receber o que tem por direito. Correm, treinam, lutam e se entregam, mesmo sem ter o sagrado salário depositado na íntegra no final do mês.

Não é privilégio do Palmeiras essa situação caótica. Muitos outros clubes de futebol brasileiro a vivem, viveram ou a viverão.

Historicamente, o Palmeiras sempre foi um oásis em termos de pagamento aos jogadores. Administrativamente e futebolisticamente foi moderno e ousado até meados dos anos 70. Depois só voltou a pensar e a agir grande quando terceirizou a administração de seu futebol.

Há uma corrente importante no clube, que cresce a cada dia, cujo objetivo é separar definitivamente o time de futebol do clube social. Esse grupo que não é político abraçou essa posição política, que talvez seja a única saída para pacificar os palestrinos. As velhas rusgas de italianos e suas republiquetas palestrinas atrapalham cada vez mais o Palmeiras que hoje é de milhões de brasileiros.



terça-feira, setembro 28, 2010

A coluna desta terça

no Diário de S.Paulo


Pena que só publicam o abre e não todas as notas no site. Mas taí:

http://www.diariosp.com.br/_conteudo/2010/09/8384-luxemburgo+nao+e+uma+estrela+cadente.html

segunda-feira, setembro 27, 2010

Minha tese sobre

quem vai levar o

título do Brasileiro

Futebol é bom porque cada um tem a sua teoria e nenhuma delas é a verdade absoluta. Eu deixo aqui a minha teoria sobre o Brasileirão de pontos corridos. Sempre achei que o campeonato nesses moldes não se resolve nos confrontos diretos entre os postulantes ao título. Acho que o campeão é o time que perde menos pontos para quem está atrás dele, principalmente nos duelos contra as equipes que lutam contra o rebaixamento.

Explico com exemplos: Fluminense e Corinthians foi taxado de final antecipada. Mas doeu mais no bolso de pontos do Corinthians a derrota para o Grêmio, em casa. Mais até do que perder para o Inter. Os bons times roubam pontos uns dos outros e isso acaba se diluindo. Como também ganham pontos dos que estão abaixo, é nesse tipo de jogo que não se pode vacilar. No caso do Timão, o jogo mais importante, a meu ver, é contra o Ceará, não contra o Botafogo. Isso em cima dessa tese.

O São Paulo ganhou do Palmeiras, que está ali juntinho dele, mas apanhou do Goiás, que apanhava de todo mundo, e perdeu posições. O Verdão ganhou de Prudente e Flamengo, que lutam para não cair, e subiu, mesmo tendo perdido o clássico.

Dos atuais ameaçados pelo rebaixamento, o Corinthians ainda enfrentará Atlético Goianiense, Avaí, Atlético Mineiro, Flamengo e Goiás. O Fluminense pegará Avaí, Goiás e Prudente. O Cruzeiro jogará com Atlético Goianiense, Atlético Mineiro, Goiás, Prudente e Flamengo. Os adversários do Inter nesse grupo serão Atlético Mineiro, Avaí, Flamengo, Atlético Goianiense e Prudente. No caminho do Botafogo aparecem Flamengo, Atlético Goianiense, Prudente, Atlético Mineiro e Avaí. Os confrontos do Santos serão contra Prudente, Flamengo, Atlético Mineiro, Goiás e Avaí.

Em defesa dessa minha tese arrisco dizer que, entre os candidatos ao título, aquele que perder menos pontos contra esses desesperados tem tudo para ser o campeão brasileiro.

domingo, setembro 26, 2010

Palmeiras fez seu

melhor jogo no ano


Ante um Flamengo perdido, desconectado, o Palmeiras fez seu melhor jogo na temporada. Consciente, lúcido, entendendo perfeitamente o desencontro do adversário e tirando proveito disso com inteligência.

Claro que não se trata do caso de dizer que o Verdão agora é candidato ao título etc. Mas há claros sinais de que quando a qualidade técnica do time aumenta o futebol cresce de maneira correspondente. Um meio-campo que possa contar com Marcos Assunção, Valdívia, eventualmente Kléber e Tinga dá outra cara ao time, complementado por Kléber à frente.

O chileno fez seu melhor jogo desde que voltou e fornece um padrão diferente, com técnica e velocidade. Assunção é o cérebro do time, Tinga tem potencial e velocidade, e Kléber é um grande atacante. Lincoln em forma dá mais toque.

Com esses jogadores e um ambiente mais leve o Palmeiras pode pensar em um bom trabalho na Sul-americana e numa campanha sem sustos no Brasileiro.

No Mengão o caso é sério. Quando um time mostra a falta de conexão com o jogo que mostrou ontem, em especial no primeiro tempo, é preciso uma terapia invasiva. Mudanças, chamadas, cobranças, recolocar alguns jogadores no mundo real. Time para subir na tabela o Flamengo tem. Ou melhor, jogadores. Time ainda não.

Cruzeiro x Santos

Só consegui ver os melhores momentos. Vitória merecida do Santos, mas que poderia ser diferente se o Cruzeiro tivesse convertido em gols o domínio da primeira etapa. Ainda acho que são dois times com potencial para disputar o título.

sexta-feira, setembro 24, 2010

Que acontece

com o Luxa?


Cinco pauladas na cabeça diante do Flu, e Luxemburgo foi demitido do comando do Galo. Em termos práticos, esse tipo de atitude é a pura transferência de responsabilidade. Caiu o chefe, agora os subalternos que se virem, antes que caiam também. Em vez de chamara apenas o técnico de burro, a galera tranfere as cobranças para os jogadores. É um recurso antigo dos dirigentes, em especial os brasileiros.

Mas e o Luxa? Não cerro fileiras com os que o chamam de decadente. Aliás, tem muito de pessoal nisso. Tem gente que não gosta dele como pessoa e bate no profissional por causa disso. Eu trato apenas do profissional. E não acho que ele esteja decadente. Segue sendo um baita treinador. Mas está mal, isso se percebe.

Cada um arrisca suas teorias. Eu acho que quando Dunga foi chamado para treinar a seleção brasileira, o Luxa despirocou. Ele achava que era o momento de seu retorno, de uma nova chance. Vinha de bons trabalhos com o Cruzeiro e com o Santos. Desde aquele instante, passou a pensar menos em futebol e mais em ser uma voz contra qualquer coisa.

Para usar um termo chato e bobo, mas muito em voga entre a boleirada, perdeu o foco. É só uma teoria, claro.

Também discordo daqueles que não dão importância à conquista de títulos estaduais. Acho que conquistá-los nos grandes centros ainda é importante, claro que degraus abaixo da Libertadores, do Brasileiro e da Copa do Brasil.

Luxemburgo talvez tenha sido picado pela vontade de ser um diretor técnico, um Alex Ferguson brasileiro. Pode ter se sentido até mais importante do que realmente é, algo que acontece com qualquer pessoa que faça muito sucesso e seja badalada. Aí vem um séquito de baba-ovos que só fazem adular e transformam o ego do sujeito num vulcão em erupção.

Só não acho que estejamos assistindo ao último capítulo de Wanderley Luxmburgo como treinador de futebol. Ele ainda tem lenha para queimar.

Vai reprensar algumas coisas, algumas contratações, o investimento em jogadores que não seguram o rojão do protagonistmo, como Diego Souza, por exemplo.

O tempo dirá. E acho que pro Luxa o tempo ainda não passou na janela.

E o Galo?

Mais importante que o Luxa ou qualquer técnico é o time, a instituição. No caso o Galo e sua linda torcida. Que é a única a agir profissionalmente, exceto os bobocas que ficam investigando as baladas dos jogadores.

Acho que o Galo montou um time bom no papel, mas que peca no sentido de compromisso. Não quero dizer que não corram, não se apliquem. Mas é muito jogador venha a nós o vosso reino e não seja feita a sua vontade. Muita individualidade.

Acho que é de personalidades como a do Obina que o Atlético precisa nesse momento. Ele não tem medo de tentar, de arriscar e protagonizar.

Se o problema era o Luxa, agora é dos jogadores. Estarei domingo na Arena do Jacaré para conferir as cenas do próximo capítulo, contra o Grêmio.

quinta-feira, setembro 23, 2010

Conmebol prejudica

os times brasileiros


Seguinte, eu acho que a Conmebol pisou no tomate ao mexer nas regras de classificação para a Libertadores com a bola rolando. Também acho que por trás disso há um interesse comercial muito conhecido e um ingrediente político disfarçado.

O lado comercial é bancado pela tv do México, que paga muito caro para ter seus times como convidados de luxo na Libertadores. São 3 times mexicanos invertendo a ordem geopolítica e disputando um torneio sul-americano quando são norte-americanos.

Ou seja, o México, pagando, tem o mesmo peso para a Conmebol que toda a tradição e a história do Uruguai de Peñarol e Nacional, que também classifica apenas 3 times.

Só Brasil e Argentina têm 5 vagas fixas. Justifica-se pela importância dos dois gigantes continentais. Nas 14 edições mais recentes da Libertadores, em 12 havia pelo menos um time brasileiro. Em duas delas, as duas únicas ocasiões na história, havia dois times de um mesmo país, o Brasil, disputando o título. Foram 6 títulos brasileiros nesse espaço de tempo (Cruzeiro, Vasco, Palmeiras, São Paulo e Inter, duas vezes)

Nessas 14 edições, em 6 havia um time argentino disputando. Em 5 a taça foi para a Argentina (Boca 4 vezes e Estudiantes, uma).

Os times brasileiros chegaram ao dobro de decisões dos argentinos e ganharam um título a mais, além de terem feito duas finais entre eles.

Some-se a isso o fato de o mercado brasileiro de futebol ser muito maior e mais forte economicamente que o da Argentina. O Mexicano também é mais forte.

Com o Inter campeão e garantido na Libertadores, mais a vaga da Copa do Brasil para o Santos e as 4 tradicionais do Brasileirão, seriam 6. Com uma eventual vitória brasileira na Sul-americana, o número subiria para 7, mas aí já existiria a compensação tirando uma vaga do Brasileirão.

Basicamente, foi tirada a vaga extra do país que tem o time campeão da Libertadores. Aí eu pergunto: porque não propuseram isso em 2009, quando o Estudiantes foi campeão?

Quem acompanha de perto o futebol sul-americano sabe do poder de Julio Grondona, o presidente da Associação de Futebol Argentino. E também sabe que a CBF dá muito mais pelota para a seleção brasileiro do que para os clubes.

Agora a CBF tenta reagir lutando para recuperar essa vaga. Talvez seja tarde. Com seus times quebrados e um futebol interno que foi estatizado para sobreviver, Grondona sabe que as cotas em dólares da Libertadores são fundamentais para seus afiliados.

Resta saber se levará a melhor na queda-de-braço com Teixeira.

quarta-feira, setembro 22, 2010

Caso Neymar: Santos

está pagando para ver

"O Santos já perdeu o controle dessa molecada". A frase foi dita a mim e ao companheiro Milton Leite numa noite gelada de inverno, no restaurante do hotel City Lodge da Cidade do Cabo, horas depois de a Espanha eliminar Portugal da Copa da África.

O autor é uma pessoa importante na política do Santos, que sabia muito bem do que estava falando. Falava de Ganso, Neymar e cia. Muito mais de Neymar.

Acho o seguinte desse já chamado Caso Neymar: o Santos está pagando para ver. Raspou os cofres, jogou no mercado futuro para segurar Neymar na Vila. Porque tinha perdido André, Wesley e Robinho e não poderia perder mais um, sob pena de ver questionado o novo projeto administrativo.

Todos no Santos sabem que Neymar passa dos limites. Como muitos outros jogadores passaram. Desde antes das conquistas do Paulista e da Copa do Brasil. Madson, pro exemplo, esteve diversas vezes na mira de Dorival Jr. Foi perdoado. Como Neymar, como Ganso. As coisas foram se acumulando e não havia mais como retomar o comando perdido pelo técnico e pela diretoria.

O Santos prometeu pagar a Neymar percentuais de contratos de marketing que ainda não conseguiu fechar. Seria ainda mais complicado fechá-los com Neymar fora de campo por 15 dias e alguns jogos.

Neymar errou e erra por, talvez, achar que seja imprescindível, que já seja o craque que ainda não é e torço para que venha a ser.

O Santos errou ao não dar um choque de realidade na molecada lembrando quem foram Zito, Coutinho, Pepe, sem falar em Pelé. Poderia ter usado isso para colocar os pés voadores da meninada no chão. Não fez.

Eu confesso que não queria estar na pele de Neymar. Agora ele terá que decidir sempre. Quando não fizer, será cobrado, justa ou injustamente.

Dorival Jr. é muito bom técnico, mas falhou no controle de um grupo de talentos e egos. Na saída, aplicou seu melhor golpe estratégico. Deixou a imagem de quem tentou ser disciplinador, quando foi exatamente o que não tinha conseguido. E largou a bomba nas mãos de Neymar e do Santos, que a partir de agora não poderão errar mais.

Pelo menos é o que eu penso disso tudo.

E vocês?

segunda-feira, setembro 20, 2010

Fla-Flu: isso

que é clássico

Fiquei paralisado em frente à tela da TV, nem pra um gole d´água dava para levantar. Alguns argumentam que as defesas falharam, que tecnicamente não foi um primor e blablabla.

O que interessa é que o Fll-Flu de ontem no Engenhão foi daqueles jogos que fazem valer a pena estar em campo ou em frente à TV. Eletrizante, com seis gols e inúmeras oportunidades.

Se o gramado não fosse um escândalo de ruim, muitos outros gols teriam saído. Em várias oportunidades os jogadores erraram chutes por culpa daquele pasto vergonhoso.

É de jogos como esse que o Brasileirão precisa.

O empate acabou sendo melhor para o Flamengo, que livrou 6 pontos do Galo. O Flu viu o Corinthians abrir dois pontos que podem se transformar em cinco em 13 de outubro.

domingo, setembro 19, 2010

O Trio que ganhou o

clássico pro Tricolor


Foi tecnicamente um clássico pobre, como não poderia ser diferente no estágio atual de Palmeiras e São Paulo. Mas houve três diferenças, a meu ver fundamentais, para que o Tricolor vencesse o Verdão.

Cada uma dessas diferenças tem nome. O garoto Lucas, que até outro dia era Marcelinho, jogou um grande segundo tempo e se aproveitou da torrente de erros dos zagueiros palmeirenses. Miranda e, principalmente, Alex Silva, são zagueiros excelentes, que quando se propõem a defender, sabem fazê-lo.

Exceção feita a esses três, o clássico foi a imagem exata do momento remendão por que passam os dois times. E acho que foi por ter esses três do seu lado que o São Paulo venceu. A partir do instante que fez 1 a 0, impôs os nervos sobre a já conhecida fragilidade técnica da defesa palmeirense e até poderia ter feito mais gols.

O Palmeiras não poderia querer muita coisa com um ataque que teve Tadeu e Luan, e com Valdívia ainda sem justificar o investimento nele feito.

Como times, ambos mostraram muito pouco. Era o típico caso, desde o início, de muita vontade e aposta em um erro para fazer um gol. O Palmeiras erra mais, em níveis absurdos para um time profissional. Maurício Ramos errou um bote em Marcelinho (opa, Lucas!), que bateu firme e fez 1 a 0.

Depois, em outro erro de um zagueiro palmeirense, de Danilo, que perdeu um tempo de bola e entregou para Lucas, Fernandão fez 2 a 0.

Em resumo, ganha mais quem erra menos. E quem pode, num universo de 11 jogadores, contar com 3 que possam se destacar em um jogo.

O que projetar para ambos?

Nada de muito promissor.

São times irregulares, sem padrão tático definido, que quando enfrentam adversários de mais qualidade técnica tendem a perder. Quando enfrentam times do mesmo padrão atual, irregulares como eles, podem conseguir uma vitória aqui, um empate ali e também perderão.

O São Paulo leva uma pequena vantagem por ter, no momento, jogadores menos ruins, e contar com gente como Miranda e Alex Silva, já estabelecidos como atletas muito bons, e Lucas, uma boa promessa.

O Palmeiras tem Marcos Assunção, seu melhor jogador na atualidade, e espera que com Marcos e Kléber de volta, com o auxílio de Valdívia quando ele conseguir jogar, possa sustentar uma pontuação que não dê sustos em sua torcida.

sexta-feira, setembro 17, 2010

Candidatura colorada


Dá gosto ver jogar esse time do Inter. Toca bem demais a bola, é consciente, técnico e preciso. Além disso, derruba um clichê insosso de torcedores e analistas, aquele de que time que joga com apenas um atacante não quer atacar. Quanta bobagem!

O Inter de Celso Roth chega com 4, 5 jogadores no ataque. Tem um trio de armadores de luxo, Tinga, D´Alessandro e Giualiano, e ainda pode surpreender com as chegadas de Glaydson (Guiñazu) e Wilson Mathias. Sem contar Nei e Kléber.

O que é melhor? Jogar com três atacantes ou atacar com 5 jogadores, mesmo que nem todos sejam atacantes?

O que ficou dos 3 a 1 do Colorado no São Paulo foi que o Inter é candidato ao título. Tem time para isso. Resta saber se até a reta final do campeonato terá pontuação para, de fato, jogar para ser campeão. Porque se não tiver, aí estará pensando, com toda a justiça, no Mundial de Clubes.

Mas bola jogada, hoje temos Corinthians, Fluminense, Cruzeiro, Inter, Botafogo e Santos com plenas condições de disputar a taça.

O São Paulo preocupa seu torcedor. Fica claro que o elenco, tão festejado até pela própria torcida, não é assim tão poderoso. Faltam opções para o ataque e para o meio-campo. E falta atitude da direção do clube para tomar posição, para manter ou não o Baresi e não ficar mudando de opinião de acordo com o resultado.

Não vi Vasco e Avaí porque estava comentando São Paulo x Inter. Mas o Vasco se juntou ao Palmeiras como rei dos empates. O que mostra que como o rival paulista é apenas médio em desempenho.

quinta-feira, setembro 16, 2010

Timão e Raposa

deram o bote


O Fluminense bobeou, e Corinthians e Cruzeiro se aproveitaram. A liderança que parecia folgada e o encaminhamento do título para as Laranjeiras agora se transformaram no que tende a ser uma renhida batalha pela taça.

Como prega o clichê, futebol é momento, e o de Corinthians e Cruzeiro é melhor que o do Fluminense.

Comecemos pela tal da final antecipada. A personalidade corintiana foi determinante. Apenas nos 20 minutos iniciais o time se mostrou muito recuado, preocupado demais em defender. Depois disso, se instalou no Engenhão como se estivesse no Pacaembu e construiu uma vitória maiúscula.

Como time o Corinthians se encontrou há algum tempo. Mesmo em derrotas como a sofrida para o Grêmio, tem um cara, um padrão. Mantém um ritmo durante a maior parte do jogo.

O que não ocorre com o Fluminense, que altera momentos de altos e baixos. Deco, por exemplo, nitidamente sentiu o ritmo do jogo de ontem, não esteve linear. Mas em seus momentos de alta, é um jogador fundamental para o Flu. Assim como Conca e o próprio Washington.

Quem trafega por este blog é testemunha há tempos de uma opinião que manifesto sobre a defesa do Fluminense. Considero o ponto vulnerável do time. Não há um grande zagueiro, alguém que seja um pilar para uma zaga com dois ou três beques. São todos parecidos, do mesmo nível. Para uma linha de três, acho que falta alguém com categoria e controle para fazer a sobra.

Mas não se pode tirar da lista de favoritos um time que conta com meias do quilate de Conca e Deco e pode ainda ter Fred, se este falar menos e jogar mais. Talvez Muricy pense em mudar a base de sua marcação para o meio, com uma dupla de volantes mais pegadores, em detrimento de um trio de zagueiros reticentes.

E o Cruzeiro? Como joga fácil esse time. Montillo foi uma grande sacada para um time rápido, de base técnica e boa estruturação tática. Ganhar cinco jogos seguidos nesse mar de equilíbrio que é o Brasileirão credencia a Raposa para novos e ousados botes.

O Botafogo parou no Goiás. Mas poderia se dizer que o time foi apenas o Bota, já que meio time (Fogo) estava de fora. Cinco desfalques é muita coisa para qulquer equipe, e a galera do Loco Abreu sentiu isso ontem.

Em Porto Alegre, o Palmeiras jogou um primeiro tempo como há muito não se via, neutralizando o Grêmio na maior parte do tempo, tocando bem a bola e contando com Marcos Assunção novamente inspirado. O gol de Ewerthon aos 2 minutos da etapa final praticamente selou o resultado. Só não o fez porque o Verdão ainda não tem muita confiança nele próprio e recuou demais. Para sorte de Felipão, o Grêmio não teve inspiração compatível com a data de seu aniversário de 107 anos.

O Flamengo consegiu uma virada de alento sobre o frágil Prudente, em cima da hora. Vale muito pelo resultado que produzirá algum alívio para que Zico possa trabalhar com alguma calma e tente reorganizar um time que costuma ser seu maior inimigo. As crises do Flamengo se geram no próprio clube.

Ah, é bom não brincar com o Atlético Paranaense. Já são 31 pontos.

Neymar

Por fim, a grande virada do Santos sobre o Dragão goiano foi ofuscada por mais uma do Neymar. Talento esse garoto tem de sobra, o que parece faltar a ele é discernimento e a devida fiscalização da família. Ao que tudo indica e apontam algumas informações de Santos, Neymar é vsito como um saco de dinheiro habilidoso por familiares e empresário.

Rebeldia não tem nada a ver com certas atitudes. Parece estar faltando alguém encostar no Neymar e contar para ele quem foram Zito e Coutinho, que vivem ali bem perto dele. Isso para não falar no Edson Arantes do Nascimento.

Quem sabe o moleque se toque que no universo do futebol ele ainda é café pequeno. E amargo.

terça-feira, setembro 14, 2010

No balanço das horas

tudo pode mudar......

Ando meio nostálgico depois de passar pelo glorioso Arquidiocesano e rever amigos dos anos dourados na última sexta-feira. Daí o título do post, com referência ao clássico oitentista do Metrô. Mas a referência é à rodada do Brasileirão.

O negócio embolou de vez. Tanto o Fluminense pode disparar de novo, como pode ser igualado pelo Corinthians. Assim como Botafogo e Cruzeiro podem empurrar o Timão para o quarto lugar na tabela, com Santos e Inter novamente chegando junto.

A questão é que fica difícil estabelecer um padrão para esse campeonato. Houve um momento em que se achava que o Fluminense abriria larga vantagem. Outro em que se apostava numa arrancada do Corinthians. Agora a sinalização mais clara pode ser a de que Cruzeiro e Botafogo preparam um ataque fulminante aos líderes.

Sorte de quem acompanha o campeonato, que não é primor algum de técnica, mas fornece emoção e disputa em boas doses.

O que tem cara de um indicador seguro é que o grupo dos 6 primeiros deve seguir assim. Para baixo do Santos não há regularidade e elencos suficientes para sustentar uma grande reação. Talvez o Grêmio surpreenda, resgatando a força do Olímpico e agora que se afastou um pouco da zona de degola. É o que os próprios times demonstram, numa sucessão de altos e baixos impressionantes. Na quarta um grande jogo, no domingo uma atuação apática.

Há, ainda, os que fazem da mediocridade a marca registrada. Caso do Palmeiras e do Vasco, os reis dos empates. Medíocre no sentido de mediano. Mas que estão pendurados nesse jogo burocrático e se dali descolarem provavelmente será para baixo, na zona de grande preocupação. Onde já habitam Flamengo, Atlético Mineiro, Avaí e Vitória.

segunda-feira, setembro 13, 2010





Centenário corintiano pela

lente de Daniel Augusto Jr.




Abre nesta segunda, 13 de setembro, a partir das 19h30, a e exposição sobre o Centenário do Corinthians em fotos do grande Daniel Augusto Jr. É no Sesc Lapa Scipião, em São Paulo.

Daniel é desses Repórteres Fotográficos com R e F maiúsculos, dono de um olhar privilegiado, captado com maestria pela arte de escrever com a luz. Vale conferir.


sexta-feira, setembro 10, 2010

Balada do Loco


Se eu tivesse a pena de um Erasmo de Roterdã tentaria fazer algo como o Elogio da Loucura. Ou "Locura", no caso. Mas não tenho e fico mesmo na citação de outro time de gênios, os Mutantes, e e sua Balada do Louco. No caso, do Loco. Do Abreu.

Sebastián Abreu é uma saudável gota de loucura nesse futebol povoado de jogadores certinhos no sentido de serem medianos. Exalam preparo físico, declarações óbvias e jogo idem.

Não que Abreu seja craque, longe disso. É apenas diferente, foge da mesmice. É até um jogador algo improvável, tem mais pinta de basqueteiro, anda meio desengonçado.

Mas o golaço que fez ontem contra o Santos, no Pacaembu, mostra que o Botafogo só tem a ganhar caso se deixe levar por essa onda de "locura". Ali ele teve frieza de matador para resolver o lance com um chapéuzinho em Rafael e a definição fatal. Para alguém que bate aquele pênalti que ele bateu contra Gana, nas quartas-de-final da Copa da África, o gol de ontem é fichinha. Fez a diferença num segundo tempo marcado por um show de passes errados.

Aí, o Loco saiu de campo dizendo que assim são os bombeiros, trabalham para apagar incêndios. A maioria desses volantes corredores que povoam o nosso futebol diria que foi iluminado, que agradece aos céus e essa ladainha que de tão chata parece ensaiada.

Longa vida a Sebastián Abreu, a Papai Joel, que com sua prancheta vai levando o Botafogo a voos altos no Brasileiro. Os certinhos que me perdoem, mas uma pitada de "Locura" é fundamental.

quinta-feira, setembro 09, 2010

Fique de olho no apito

Esse trecho da canção Camisa Molhada, de Carlinhos Vergueiro, ficou eternizado na memória do torcedor de tanto que foi utilizado pelo poder comunicador do rádio durante muitos anos.

Pego emprestado o refrão e já de cara escrevo o seguinte: não, eu não acredito em esquema de arbitragem, em favorecimento, em jogo de cartas marcadas. Sim, eu acredito em erros e na ruindade de muitos árbitros de futebol.

Ontem foi um escândalo de erros a arbitragem do baiano Jaílson Macedo de Fretias em Atlético Paranaense e Corinthians. Claro que a televisão escandaliza o erro ao mostrá-lo em câmera lenta, em HD, em vários ângulos. Mas é erro, não importa se em blu-ray ou em tv com antena de bombril.

Os erros são de interpretação, quase sempre. Porque o diabo da regra do futebol é interpretá-la. Tem coisa que eu acho falta e você, não. O pênalti a favor do Corinthians quem apitou foi o Ronaldo, seguido pelo Jaílson em ato de puro reflexo. Tecnicamente, não é pênalti. A bola desvia no joelho de Vagner Diniz e involuntariamente toca em seu braço. Ele não leva o braço em direção à bola e nem o abre com a clara atitude de aumentar sua área de acesso à mesma. Claro que muita gente pode ler esse texto, ver a imagem e discordar.

O pênalti marcado a favor do Furacão é outra peça de ficção. Vagner Diniz se joga, deixa o próprio pé esquerdo tocar o direito e se projeta. Leandro Castán ainda tem tempo de segurar o movimento da perna e evitar qualquer toque. Que se diga em defesa do Jaílson, do lugar em que ele estava ele não tem esse detalhe de imagem que a TV nos fornece e pode ser levado ao erro. Já o bandeirinha não poderia deixar essa passar em branco.

Há uma tendência clara na arbitragem do Brasileirão, não se sabe se por orientação ou não, de dar pênalti em todo lance de mão dentro da área. A interpretação está sendo deixada de lado em favor da famosa regra da pelada, do racha, do babinha. Bateu na mão é pênalti. Cabe aos jogadores entenderem isso e se adaptarem.

Bola rolando

O Flu se acalmou e Conca voltou a jogar bem. O suficiente para sapecar 3 a 1 no desacelerado time do Ceará e abrir três pontos do Corinthians.

Em Curitiba houve equilíbrio, e o Corinthians segue sendo um time no Pacaembu e outro longe dele. Resta saber ao final do campeonato qual perfil reinará, se o de mandante ou de visitante.

O São Paulo passou sem sustos pelo Flamengo, venceu a terceira seguida e já consegue ver a luz da Libertadores mais de perto. Já o Mengão está se encrencando sozinho.

O Palmeiras fez um jogo ruim de doer contra o Vitória e ambos foram embora do Barradão unidos nessa arte de judiar da bola. Menos pior para o time paulista, que manteve-se 8 pontos afastado da zona de rebaixamento, embora não demonstre forças de chegar ao G-6.

Em Uberlândia o Cruzeiro foi econômico, mas venceu outra e já está lá em cima da tabela, nos calcanhares do Corinthians e vendo de perto o Fluminense.

Hoje comento Santos x Botafogo, no Pacaembu, com Milton Leite, Carlos Cereto e Janaína Xavier. No Sportv, para todo o Brasil, menos São Paulo.

terça-feira, setembro 07, 2010

Bola ao cesto

de uma ilusão


Ah, como eu torci pelo basquete contra a Argentina! Acho que todo mundo torceu. O que já é uma vitória, porque até outro dia a gente mal lembrava do nosso basquete, tão glorioso e tão judiado.

Dessa vez foi como tem que ser. Lutado, suado, batalhado. Infelizmente, derrotado de novo. Mas tivemos a ilusão de que poderia dar. E realmente poderia. Como nos tempos que os mais velhos, como eu, ainda ouviam falar do jogo de bola ao cesto, um dos sinônimos do basquete.

Acontece que no esporte de alto nível o fator emocional é decisivo. Saber vencer, ou no caso do basquete brasileiro, reaprender a ganhar, custa tempo. E derrotas como a de ontem na Turquia.

A Argentina, mesmo sem Ginóbili e Nocioni, é um time mais consistente que o Brasileiro, erra menos. No esporte de alto rendimento ganha quem erra menos. O nível de erros do Brasil ainda é alto. Não apenas o erro de um lance livre, de um arremesso, mas o equívoco na tomada de decisão, a precipitação ao tentar um chute de três quando o melhor era trabalhar a bola. A falta de coragem de arriscar na hora certa, coisas assim.

O Brasil teve um Marcelinho Huertas gigantesco, jogando em altíssimo nível, com uma coragem espantosa. A Argentina teve um Scola decisivo, frio, perfeito no momento decisivo. Quando o jogo apertou e ficou ali, em plena fronteira, apareceu Scola para resolver a questão e oferecer a vitória aos castelhanos.

De minha parte fica uma decepção com Leandrinho, a quem respeito profundamente, mas ainda não vi jogar pela seleção o que joga na NBA. De Leandrinho se espera que seja decisivo, que ganhe jogos que os times levam parelhos. E ele ainda está devendo isso com a camisa do Brasil. É na hora do aperto que aparecem os grandes jogadores, os caras que resolvem.

É assim com o Giba no vôlei. O cara pode estar mal o tempo inteiro, mas na hora de ganhar se agiganta. O fora-de-série faz isso no esporte de alto nível. Nessa camada de atletas existem os bons, os muito bons, os craques e os fora-de-série. Esse Scola é um fora-de-série, porque faz tudo que os craques fazem, mas na hora do aperto, quando o time precisa. Há inúmeros grandes jogadores que nessas horas somem. No vôlei dizem que encurtam o braço, no futebol que se escondem. É o caso do cara que prefere tentar cavar o pênalti do que driblar o goleiro e fazer o gol. Ele tem medo de decidir.


Gutierrez foi excelente nos três pontos pela Argentina, e Marcelinho Machado não esteve à altura quando era preciso que estivesse. Coisas do jogo.

Resta esperar um pouco mais. Não adianta mexer em treinador. Nossos jogadores são bons, mas quando se juntam ainda não formam um grupo vencedor. Recuperaram o respeito internacional, é verdade. Mas para voltar a vencer e a estar entre os melhores, é preciso mais.

Pena que, mais uma vez, o esporte brasileiro perdeu um jogo que poderia ter vencido.

segunda-feira, setembro 06, 2010

A virada do Presença


Nos bastidores do elenco do São Paulo Rogério Ceni emana liderança. Por isso é chamado de Chefia e, principalmente, Presença pelos outros jogadores.

Pois há o dedo de Presença na virada Tricolor sobre o Atlético Mineiro e pelo fato de o time estar encaminhando a saída da crise.

Primeiro: Rogério está jogando o fino, novamente. Segundo: conhece mais de futebol do que todos os dirigentes do clube e tem a moral para sugerir e propor mudanças que o novato Sérgio Baresi ainda não possui.

Não existe nada de simbólico no abraço coletivo que Rogério recebeu dos jogadores ao final do jogo em Ipatinga. É agradecimento puro e simples, recheado de respeito pelo líder.

Dagoberto não participou do abraço. Pode ter sido coincidência. Talvez não, já que foi cobrado duramente pela falta de comprometimento na eliminação para o Inter, na Libertadores. Quem cobrou? Presença, claro.

Sinal amarelo no líder

O Fluminense estancou. Perdeu nove pontos em 15 disputados e já deixou a liderança em aproveitamento nas mãos do Corinthians.

Cedo para desespero, mas não é tarde para avaliações importantes. O time é bom, muito bom, e tem tudo para ser campeão. Mas pelo menos para mim falta dar ao grupo um pouco mais de competitividade no meio-campo e consistência na defesa.

Sinal verde no vice-líder

O Corinthians chegou no Flu. Se tivesse somado alguns pontos a mais fora de casa, já seria líder e até com vantagem. O desafio do segundo turno é esse, ser perigoso e respeitado fora de casa. Ganhar todas no Pacaembu não basta, porque Cruzeiro, Inter e Santos estão no retrovisor e tem times tão bons quanto. Sem contar o Flu e até mesmo o Botafogo, que surpreende sem ter um elenco tão qualificado.

domingo, setembro 05, 2010

Cruzeiro bom de Cuca

Foi daquelas viradas para encher de ânimo o torcedor do Cruzeiro e povoar de dúvidas os palmeirenses.

No clássico dos Palestras, o mineiro saiu de um 0-2 para um 3-2 com grande autoridade e uma tarde em que o treinador da equipe azul deu uma de Mestre Cuca.

No primeiro tempo, o Palmeiras levou na base da vontade, abriu 2 a 0, marcando forte, anulando Montillo com Pierre e controlando bem a falta de alternativas ofensivas do Cruzeiro. Wellington Paulista fez um pênalti bobo e deu a chance de o Palmeiras sair na frente e depois ampliar.

Na segunda etapa, Cuca mexeu no time, que correspondeu. Tirou o estabanado zagueiro Gil e colocou Roger no meio, abrindo mão da linha de três beques. Também colocou Farías na vaga do confuso Wellington Paulista.

Se no primeiro tempo o Palmeiras tinha facilidade para marcar, com Pierre dando conta de Montillo, na segunda etapa, para correr atrás de Farías, Thiago Ribeiro, Roger e Montillo, a cobertura verde se mostrou insuficiente.

Roger entrou jogando muita bola, comandou a virada, e sua movimentação provocou a mudança de marcação do Palmeiras, que deu espaço para Montillo jogar. E esse argentino joga muito.

Felipão demorou para mexer, não deu contra-ataque ao time quando ainda vencia por 2 a 0 e 2 a 1, só foi tirar o inoperante Valdívia quando o Cruzeiro já reivindicara a autoridade do jogo. Ponto para Cuca no duelo dos "professores".

O Cruzeiro chegou com possibilidade de brigar pelo título. Está sete pontos atrás do líder Fluminense e tem um belo elenco, capaz de suportar as agruras de um torneio que exige muito. Vem com uma boa base e tem em Cuca um treinador a quem falta apenas um grande título para ter o selo de qualidade definitivo.

Libertadores é algo palpável para o Cruzeiro, e o título é um sonho possível.

O Palmeiras mostrou coração de sobra, mas não o suficiente para compensar a falta de opções de um elenco mal montado. Kléber briga sozinho na frente, e enquanto Valdívia não entrar em forma, o meio depende de Marcos Assunção para criar. Só que quando ele precisa voltar para ajudar no combate, Edinho não dá conta da armação.

A realidade palmeirense é a zona intermediária, e a Libertadores é um sonho duro de ser alcançado via Brasileirão.

sexta-feira, setembro 03, 2010

Heróis anônimos do

futebol: um adendo

Sempre que escrevo um texto que cita alguém ou faz uma homenagem fico pensando se esqueci de alguma pessoa. Quase sempre esqueço, apesar do tamanho da cabeça.

Ao fazer a barba, lembrei do post anterior e procurei na memória. Achei, claro.

Como poderia esquecer de Santana, o Pai Santana, folclórico massagista e assessor para assuntos espirituais do Vasco.

Em 2001 fiz um trabalho para o SporTV para uma série de programas sobre misticismo no futebol. Fomos, eu e o repórter cinematográfico Marcelo Benincasa, ao apartamento de Santana, num subúrbio carioca.

Calor de deserto. Pai Santana estava doente, não levantava do sofá, mas nos divertiu com histórias maravilhosas e uma aura de bondade quase tangível. Sua esposa nos serviu o melhor mate gelado que tomei na vida.

Santana contou uma história hilariante. O Vasco tinha contratado um português, nos anos 70, se não estou equivocado era o Peres, meia até da seleção lusitana. Ou talvez seja o Lito. A memória de Santana estava falhando, a minha idem, e a história é melhor que os personagens.

Estréia no Maracanã, jogo importante, contratação cara. Pai Santana logo preparou um trabalho para proteção do gajo. Espalhou ovos de codorna pelas laterais do campo, entre outras coisas, tudo para cercar o craque.

Começa o jogo, o jogador sai para uma jogada na lateral, escorrega num dos ovos de codorna e se machuca. Logo de cara.

Figuras como Santana, Ximbica, Panza, Bola, Hélio também fazem do futebol brasileiro algo especial.
Heróis anônimos de

um time de futebol


Nos tempos de repórter setorista a gente conhece as entranhas de um time de futebol. O dia-a-dia dos clubes, os caras que estão ali apenas para agitar, os fofoqueiros, os apaixonados de fato, os dirigentes marqueteiros e os realmente bem intencionados.

Também conhecemos as pessoas que pouca gente conhece mas que fazem funcionar o time, que possibilitam aos jogadores chegarem ao clube e aos estádios com tudo pronto para treinar e jogar, e que também os socorrem nos momentos difíceis.

Principalmente os massagistas, os roupeiros, alguns seguranças e funcionários.

Lembro-me de um dia que fui às laranjeiras e conheci o famoso Ximbica, roupeiro do Flu e da seleção por muito tempo. Diziam que em alguns momentos ele mandava mais no time do que o próprio presidente, tamanha a autoridade moral adquirida.

Não conheci o Mário Américo, mas ouvi boas histórias do neto, dos tempos de ouro da seleção. Assim como aprendi a respeitar o Luizão, outro importante personagem dos bastidores da seleção e que certa vez, em Fortaleza, me arrumou uma carona providencial, já que o motorista do táxi que estava comigo simplesmente tinha sumido do mapa.

No São Paulo tinha o seu Hélio, massagista, uma figura sensacional, que andava de Mercedes e mesmo todo complicado com problemas de coluna carregava jogadores para fora do campo com um braço apenas. E tinha uma biblioteca de belas histórias. Era respeitadíssimo pelo Telê.

O Atlético Paranaense tem o Bola, um massagista que é quase que um símbolo do clube.

No Corinthians houve um trio de seguranças que era espetacular. Tim Maia, Pedrão e Kojak. Resolviam tudo na conversa, no bom humor, raramente apelavam para a violência e quando faziam era para conter alguém que tinha apelado primeiro.

Não ameaçavam ninguém, não se metiam onde não eram chamados, ajudavam e até passavam boas notícias de bastidores. Tim Maia, parecido mesmo com o Síndico, até arranhava um violão.

Li hoje a notícia da morte do seu Panza, um dos roupeiros do Palmeiras, já há muito tempo. Era daqueles mal-humorados engraçados, divertidos. Os jogadores o adoravam e levavam numa boa até as "cornetadas" explícitas de torcedor após as derrotas.

Deixo aqui minha homenagem a essas figuras emblemáticas do mundo do futebol. Trabalham muito, ganham pouco, servem como dirigentes e pais postiços de jogadores em diversas ocasiões. Infelizmente estão sumindo aos poucos, engolidas por um processo que tira todo o romantismo do esporte.
Ah, o torcedor!

Quarta-feira falamos sobre a paixão no Arena SporTV. Não se explica, não tem lógica, não é racional, exatamente porque é paixão.

Vejam o caso do Dagoberto, no São Paulo. Até outro dia alguns torcedores não o suportavam, a diretoria não o queria no time.

Entrou contra o Atlético Goianiense, fez o gol da vitória e já está sendo reapresentado como solução, chamado de herói.

Por isso é preciso cabeça fria, profissionalismo para quem administra um time de futebol. Só para controlar as paixões. Comportamento de arquibancada deixemos para os de arquibancada.

quinta-feira, setembro 02, 2010

Empate de luxo

no Maracanã


Foi daqueles jogos como eu gosto, com cara de mata-mata, indefinido até o último segundo, pegado e - também - muito bem jogado. Fluminense e Palmeiras honraram o Maracanã em um dos últimos jogos no estádio antes da parada para a enésima reforma visando a Copa de 2014.

O Flu tem como base de seu jogo uma dupla rara de meias: Deco e Conca. Eles facilitam, tocam de primeira, jogam simples. Em dois toques criam uma chance de gol.

O Palmeiras busca regularidade com base num meio-campo de cinco homens, mais fechado, marcador, e na capacidade individual de Kléber e Valdívia.

O líder do campeonato repetiu um defeito dos últimos jogos: não mantém o ritmo. Fez um a zero, recuou e ficou esperando um contra-ataque que quase não vinha. E assim como chega fácil, o Flu deixa o adversário chegar fácil. Deco e Conca ainda não têm o suporte de volantes duros na queda atrás deles, e sempre que perde a bola no meio, o time de Muricy tem alguma dificuldade na recomposição. Fernando Bob tem muito potencial, mas ainda precisa ser mais participativo.

O Palmeiras mostrou muita entrega, mais qualidade na troca de passes do que em jogos anteriores, mas ainda é uma equipe que tem alto índice de erros individuais. Tecnicamente, o nível geral do time é apenas médio. Embora alguns jogadores superem essa linha mediana. Marcos Assunção, Kléber e Valdívia puxam a fila dos bons de técnica. A dupla de zaga provoca arrepios no torcedor com alguns erros bobos.

No segundo tempo o Fluminense chamou o Palmeiras para a pressão e até conseguiu encaixar dois contra-ataques que poderiam ter sido mortais. Assim como tomou dois grandes sustos.

No final, o empate foi uma boa tradução do jogo. Com Deco e Conca o Fluminense poderia ter vencido, mas o resto do time não andou no mesmo ritmo. O Palmeiras teve boas chances com Ewerthon, Kléber e Luan, assim como a zaga quase entrega um gol para Washington.

Em termos gerais, há uma desaceleração do Fluminense, que perdeu 4 dos últimos 6 pontos disputados em casa. O Palmeiras ganhou 4 dos 6 que disputou fora e ensaia um momento mais regular.

O que valeu mesmo foi um jogo bom de se assistir.

Fogo alto

Que campanha a do Botafogo! Trinta pontos, quietinho, ao melhor estilo Joel Santana, sem badalação, sem status. Os oito pontos que separam o alvinegro do rival tricolor são perfeitamente superáveis, dado o equilíbrio da disputa.

Mengo baixo

Acendeu a luz amarela no Flamengo, com sete derrotas. Tem time para fazer muito mais, embora não faça. O Cruzeiro, que perde pouco, subiu e está às portas do G-4, juntinho de Inter e Santos.

quarta-feira, setembro 01, 2010

Parabéns, corintianos centenários!

Reproduzo a coluna de terça no Diário de S.Paulo

Cem anos da torcida que tem um time

Nada explica melhor o Corinthians do que os corintianos

Paixão não se mede. Para o torcedor, seu time será sempre o maior do mundo. Mas cada torcedor tem seu estilo, seu comportamento. O que ajuda a contar a história do próprio time que ele escolheu para acompanhar pelo resto da vida.

O corintiano ama seu time como qualquer outro torcedor. Não acredito em amor maior. A questão é que o corintiano é, sim, diferente.

Alguém disse certa vez que no caso do Corinthians é a torcida que tem um time e não um time que tem uma torcida. Sábias palavras.

O corintiano se basta. Vai ao estádio para ver os outros corintianos, o convescote da Fiel. É fácil explicar porque o Corinthians dá mais audiência na TV. Não é apenas por ter a maior torcida em São Paulo, mas porque os rivais se juntam em frente à telinha para secar. Já o corintiano parece não se importar com trivialidades. Seu compromisso é ser fiel. Ele não existe se não estiver em bando com os outros loucos.

É por isso que o corintiano gosta de ver garotos criados no clube vestindo a camisa do time. Ele se projeta naquele moleque, gostaria de estar no lugar dele e, de verdade, se sente entrando em campo quando vê alguém do “Terrão” pisando o gramado do Pacaembu.

Conheço corintianos que são a prova dessa tese. Daqueles que telefonam para palmeirenses numa segunda à noite e gritam “chupa!” do nada, apenas para dizer que seu time fez um gol contra o rival num torneio de futsal. Quando vem o troco, não fogem da raia, entram na brincadeira.

Em quase 25 anos de carreira passei vários cobrindo o Corinthians. O suficiente para entender que o corintiano não é apenas o cara que torce pelo Timão. Ele é a razão de ser, o timoneiro. Conheci Vicente Matheus, Oswaldo Brandão, Rivellino, Sócrates, Neto, Marcelinho e fiéis anônimos, mas fundamentais na tentativa de explicar esse fenômeno.

Lembro-me de um jogo conta o Atlético Paranaense, em 2007, no ano do rebaixamento corintiano. Vi uma cena tocante. Um grupo de torcedores já bem passados dos 50 anos, todos abraçados, chorando, gritando pela salvação que não chegaria naquela temporada.

Aos corintianos e ao corintianismo presto minha humilde homenagem na véspera do centenário. Parabéns, fiéis! A festa é de vocês.