sexta-feira, fevereiro 27, 2009

Os dilemas de K9 e R9
e de Verdão e Timão


Definitivamente, não é fácil ser técnico e dirigente de futebol. Os casos de dois artilheiros, em situações muito distintas, mostram esse drama cotidiano.

Keirrison, o K9, está gastando a bola no Palmeiras. Joga muito, sem dúvida. Keirrison é o produto brasileiro de exportação por excelência. Pé-de-obra extremamente qualificado, diria meu amigo Mauro Beting. Claro que seus empresários, os donos de seus direitos federativos e econômicos olham para o garoto e sabem que estão montados numa mina de ouro.

Ronaldo Fenômeno, o R9, vive montado numa mina de ouro. Tudo com que sonha Keirrison ele já conseguiu. Suas carreiras vivem momentos distintos. Uma ainda começa, a outra se aproxima do fim. Ambos ainda têm algo a provar e, com certeza, muita bola para jogar.

Tento me colocar no posto dos dirigentes do Palmeiras e do técnico do Corinthians, Mano Menezes.

O Palmeiras tem apenas 20% dos direitos federativos de Keirrison. Está ajudando o garoto a aparecer pelo mundo com a força de sua camisa. Sabe-se que como todo clube brasileiro, o Palmeiras não nada em dinheiro, pelo contrário. Já se especulou que Keirrison valeria no mínimo R$ 75 milhões. Desses, R$ 15 seriam do Palmeiras. Mas acredita-se que o talento do garoto possa alcançar o valor de R$ 90 milhões, o que daria ao Verdão R$ 18 milhões.

O que fazer numa situação dessas? Claro que se continuar jogando bem, Keirrison pode até ser valorizado ao ponto de ultrapassar esses valores. Se for à Copa, provavelmente terá seu preço multiplicado. Mas diria o pessimista de plantão: se não vender agora, pode desvalorizar, se machucar etc. Faz parte do risco, é como aplicar na bolsa. Se tivesse dinheiro em caixa, acho que o Palmeiras deveria comprar mais um percentual dos direitos federativos de Keirrison, aumentando sua parcela no negócio. Algo como 70 e 30 ou 60 e 40.

Ao que tudo indica, Palmeiras e sua parceira teriam chegado a um acordo de que o valor para a venda de Keirrison seria de 50 milhões de euros. Algo em torno de R$ 150 milhões. Nos moldes atuais, seriam R$ 30 milhões para os cofres verdes. Se alguém fizer essa oferta, Keirrison deve deixar o Palestra Itália, é inevitável.

O caso de Ronaldo é de tirar o sono de Mano Menezes. Já pensaram no que deve ser a pressão em cima de um treinador que tem ali ao lado um dos maiores jogadores de todos os tempos, sem jogar há um ano, clinicamente recuperado, e uma engrenagem de marketing que está emperrada justamente porque o garoto-propaganda não joga?

Mano sabe que qualquer erro no planejamento pode ser fatal. Uma precipitação pode comprometer todo o projeto. Também sabe que o time anda emperrado, óbvio, e que um fora-de-série, mesmo longe da melhor forma física, resolve muitos problemas. Com Ronaldo jogando, aposto que o Corinthians arruma um patrocinador no dia seguinte. E com certeza Mano já deve ter ouvido isso dos dirigentes, que estão sofrendo para pagar salários etc.

Por isso que técnico de futebol precisa ganhar bem para ser bem cobrado e, também por isso, dirigente de futebol precisa ser profissional, estudar administração, economia etc.

segunda-feira, fevereiro 23, 2009




OS ANOS DOURADOS DO



CARNAVAL EM BARIRI









Com o desfile rolando solto na Sapucaí, preferi sintoninar na TNT e acompanhar a cerimônia de entrega de prêmio do Oscar. Fui vencido pelo sono. Algo que há 25 anos era impossível de se pensar. Carnaval era uma palavra mágica, representava muito mais do que quatro dias de festa, samba, marchinhas e quilômetros rodados, sempre no sentido horário, em volta do salão do Umuarama Clube de Campo de Bariri.






Tempos de glória absoluta e imbatível do Ghererê, o maior bloco de carnaval de que a Milionária do Vale já teve notícia. Tetracampeão do Carnaval. Só não fomos mais porque - perdão, concorrência - resolvemos parar por cima e já não dava graça.






O Ghererê era, na verdade, uma confraria, quase uma irmandade. Uma galera de mais ou menos umas 30, 40 pessoas que vivia junta o tempo todo nas férias e que, na época do Carnaval se multiplicava. Para virar bloco foi, com o perdão do trocadilho, um pulo. Lembro-me que lá pelos idos de 83 ou 84 o Purga (Dirceu Contador) fez um desenho de uma camisa para o bloco. Era um bando de malucos pichando uma nuvem no céu. Dali pintou uma fantasia de louco, outra de espantalho e por ali fomos. Era uma diversão mais sadia. Claro que sempre tinha um fogo aqui, um pileque acolá, um coma alcóolico. Mas era tudo mais ingênuo e sincero do que acontece hoje.






Ou pelo menos parecia mais ingênuo e sincero para mim, no auge dos meus 17 anos. Hoje sequer me imagino brincando o Carnaval. Meus filhos já foram às suas matinês e espero que possam se divertir tanto quanto eu me divertia com os meus grandes amigos do Ghererê na minha querida Bariri. É tanta gente que, para não esquecer os nomes de ninguém, deixo duas fotos daquela época. E aviso aos proprietários das fotos, meus grandes amigos Mozart Marciano e Carla Chaim, que estão muito bem guardadas e serão devolvidas em breve, quando pudermos visitar a metrópole.

sexta-feira, fevereiro 20, 2009

Cruzeiro sereno.
Mas e o Kléber?

Foi categórico o triunfo do Cruzeiro sobre o Estudiantes, confirmando a grande fase e o favoritismo do clube mineiro em seu grupo na Libertadores. O time já tem uma cara, uma cadência, um jeito de jogar. O Cruzeiro segue fiel a sua tradição de bom toque de bola, de estilo elegante e com a bola rolando de pé em pé.

Resta saber como será a mistura desse Cruzeiro sereno com a inconstância emocional do atacante Kléber. Muito bom joador, a ponto de fazer 2 gols em menos de 15 minutos. Mas também incontrolável ao ponto e ser expulso logo depois por uma falta desncessária e de força desproporcional em cima de Verón.

Questiono apenas, isso em tese, os cartões que são dados para comemorações de gol. Ali celebra-se a alegria, o êxtase, e acho que em alguns casos os cartões são o anti-clímax. É muito fácil para um árbitro aplicar o cartão quando um jogador tira ou quase tira a camisa. Não é tão fácil punir o jogo violento ou o antijogo. No caso de Kléber, ele mereceu o cartão amarelo pela falta em Verón, e caberá a Adílson Batista controlar o ímpeto de seu atacante. No Palmeiras ele foi muito útil, virou ídolo, mas passou muito tempo suspenso e arrumou muita encrenca dentro de campo. O Palestra mineiro tem o desafio de domar a fera. Se conseguir, terá um atacante muito eficiente.

quinta-feira, fevereiro 19, 2009

O SPORT É O BRASIL
NA LIBERTADORES



Tudo bem que primeira rodada não serve para projeções e análises que se proponham definitivas. Mas quando se esperava muito dos badalados São Paulo e Palmeiras foi o Sport o brasileiro que brilhou na abertura da Libertadores. Galvão Bueno não teria problemas em bradar que o Sport é o Brasil na Libertadores.

O Leão do Nordeste conseguiu um resultado histórico em Santiago, batendo o Colo Colo, campeão chileno. Resultado que só deve reforçar a paixão da gigante torcida rubro-negra pernambucana. O Sport se firma como o maior time do Nordeste brasileiro e briga contra o quase absurdo e permanente descaso que a maioria da mídia tem para com o futebol que se pratica longe dos grandes centros. Porque o Sport é, sim, um grande time do Brasil.

Seus torcedores merecem curtir esse momento e têm o dever de passar a energia que costumam transferir para o time na Ilha do Retiro. Com essa vitória no Chile e a tendência de manutenção dos ótimos resultados em Recife, o Sport já se projetou como favorito ao primeiro lugar do grupo. Pode parecer precipitação afirmar isso com apenas uma rodada. Mas é apenas tendência. Se vencer seus três jogos em casa o Leão chega a 12 pontos e se classifica, no mínimo, em segundo lugar. Claro que é preciso vencê-los e isso não será fácil. Mas o Sport mostrou que pode.

Infelizmente não consegui ver o jogo do Sport aqui em São Paulo. Por isso analiso apenas o resultado e seu impacto na sequência do grupo 1 da Libertadores.

O VÍCIO SÃO-PAULINO

Foi um Tom e Jerry do futebol, o jogo do gato caçando o rato. E por pouco o rato não levou a melhor. O empate com sabor amargo para o São Paulo por pouco não se transformou em tragédia - se virasse derrota. Mesmo assim, obriga o Tricolor a buscar pontos em Cáli e em Montevidéu nas próximas rodadas.

O jogo foi um bombardeio e não seria absurdo se o placar terminasse em 4, 5 a zero para o time brasileiro. Mas chance perdida não conta ponto. O que conta são as análises e observações que podem vir do que se observou.

O São Paulo confia tanto na eficiencia de sua força aérea que se tornou um time viciado em cruzamentos para a área. Isso desde há muito tempo. Foi assim com Adriano e já era antes dele. A equipe de Muricy Ramalho tem no subconsciente uma orientação para cruzar bolas em busca de alguém que as cabeceie ou empurre para a rede. O problema é que mesmo quando não é a jogada mais indicada, a que se desenha, o São Paulo quase sempre opta pelo chuveirinho, ou aposta num escanteio para que Jorge Wagner jogue o pânico para dentro da área inimiga.

Com Dagoberto e Borges o time fica com os pés e a bola no chão, mais leve, com mais opções. Washington é muito bom, mas se movimenta menos e limita o raio de ação do time quando este enfrenta uma marcação mais forte e um adversário retrancado. O gol de empate surge quando Dagoberto foge do estilo bitolado da bola levantada para a área. Ele cruza a meia altura e Borges faz numa meia-bicicleta inspirada. Inspiração, aliás, que anda faltando a esse São Paulo eficiente mas ainda condicionado a fazer de sua principal arma a única.

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Assim é que se
trata La Pelota

A Libertadores está aí, pulsando, mexendo com os corações latino-americanos. Hora certa para recomendar um blog que deve ser leitura - não de cabeceira, claro - de notebooks, deskotps, iphones, smartphones e afins.

O La Pelota é um blog seminal sobre o futebol cucaracha, tão esquecido, tão abandonado pela mídia, mesmo estando aí do lado.

Capitaneado por três grandes jornalistas esportivos que você não vê nas telinhas, nem ouve nas ondas de rádio, mas com certeza vai ler muito e já ouviu muita gente boa ler o que eles escrevem. Cauê Dias, Bruno de Almeida e Leonardo Habibi compartilham da mesma paixão que eu nutro pela pelota que rola pelas "calles", "potreros", "semilleros" e afins de nossos vizinhos.

A esta paixão adicionam pesquisa, conhecimento, contatos e grandes sacadas.

Ao clicar essa Pelota você certamente sairá muito mais informado e preparado para as discussões de "boliches", "bodegas" e outros com os hermanos.

terça-feira, fevereiro 17, 2009

Muito mais defeitos que
virtudes na derrota do
Palmeiras na Libertadores


O Palmeiras tem muitas lições para tirar de sua estréia na fase de grupos da Libertadores. A primeira delas é que Campeonato Paulista não serve de parâmetro para competições internacionais. Como diria o filósofo, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

Outro aspecto é que em jogo internacional os erros têm um peso muito maior. E o Palmeiras errou demais, principalmente em seu sistema defensivo. Erros individuais e principalmente táticos. Que podem passar despercebidos contra um Mogi Mirim, mas ficam evidentes em jogos contra equipes mais gabaritadas e experientes.

Os gols surgiram de erros individuais provocados por equívocos táticos. Pierre ficou (e geralmente fica) sobrecarregado na marcação do meio-campo, o que deu muto espaço ao meio-campo da LDU. Espaço que o esperto argentino Manso aproveitou. O Palmeiras precisa mais de um segundo volante para marcar ao lado de Pierre do que de um terceiro zagueiro. Mesmo porque os alas palmeirenses não são jogadores que façam a diferença que justifique a última linha de três defensores.

Desde o início do Paulistão que a defesa palmeirense mostra problemas nas bolas cruzadas para a área. Exceto Edmílson, os outros zagueiros do time são, quando muito, apenas razoáveis e têm problemas de recuperação. Marcos, que voltou fora de ritmo, demonstra claramente que não confia na defesa e se precipita em algumas saídas por causa disso. O lance do segundo gol da LDU foi a prova disso. Dois campeoes mundiais na bola e erro duplo.

A juventude do time cobrou seu preço, o que serve de experiência e aprendizado. Keirrison jogou mal e foi mal aproveitado pelo time. Cleiton Xavier não assumiu a responsabilidade de organizar o meio-campo, assim como Diego Souza. Mesmo contra um adversário inferior tecnicamente e visivelmente assustado no início do segundo tempo, o Palmeiras não soube se impor. E houve alguns exageros em faltas desnecessárias, provocadas por erros infantis de passes, como o de Marquinhos, que originou a jogada que culminou no terceiro gol equatoriano.

O time mostrou potencial para evoluir e se classifcar, mas há questões táticas e técnicas a serem resolvidas. Contra adversários um pouco melhores ficou claro que o time marca mal no meio-campo e se expõe demais quando sai com os alas. O que evidencia a falta de equilíbrio do time, que é leve, ofensivo, insinuante, mas ainda está longe de ser confiável.

segunda-feira, fevereiro 16, 2009

O PERCENTUAL DE IMBECILIDADE
QUE AMEAÇA O NOSSO FUTEBOL


Imagine-se na seguinte situação. Você vai ao estádio ver um grande jogo de futebol. Comprou seu ingresso com antecedência, pagou caro, chegou cedo e o mínimo que espera é tranquilidade e segurança para você, mulheres e crianças que o acompanham.

Mas eis que na entrada do setor para o qual você havia comprado ingresso muito antes e pagando muito caro há um corredor polonês de torcedores violentos e provocativos da equipe adversária. Para chegar ao seu lugar no estádio você precisa passar por eles e tem que ouvir, calado, de cabeça baixa, com mulheres e crianças ao seu lado, qualquer sorte de ameaças, ofensas e xingamentos. Isso rezando para que não sejam agredidos, você, mulheres e crianças.

Pois ouvi esse relato de um amigo que foi ao Morumbi ver São Paulo x Corinthians. O clássico de pouco futebol e muita imbecilidade, dentro e fora de campo, que escancarou o amadorismo e a precariedade das pessoas que cuidam do esporte mais popular do País e o despreparo emocional de boa parte dos que o praticam.

Cheio de boas intenções, nas quais realmente acredito, o promotor Paulo Castilho resolveu agora colocar o argumento na frente dos fatos. Cismou que reduzindo o número de torcedores adversários na casa do mandante reduzirá a violência. Não foi o que se viu no clássico deste domingo. Porque sendo 10% ou 5%, no atual modelo em que os torcedores mais violentos são privilegiados na venda de ingressos, serão sempre os briguentos que irão a campo. Talvez até infiltrados entre uma maioria que quer apenas ver um jogo de futebol.

O argumento de que na Argentina isso foi tentado com sucesso não se sustenta. Em 26 de janeiro de 2009 um torcedor do Boca Juniors foi assassinado diante de sua família por um outro torcedor do Boca, por causa de rixas internas entre as torcidas. Pode não se matar dentro do estádio (o que continua ocorrendo, vide o ocorrido em um Arsenal x River de 2008, quando uma briga entre torcedores do River provocou cenas de agressão com correntes, facas e tudo mais). Vejam neste vídeo.

Acontece que se mata mais nas cercanias, como aconteceu com o torcedor assassinado em Minas antes de Cruzeiro x Atlético. E mesmo com as melhores intenções, nossas autoridades insistem em empurrar a sujeira para baixo do tapete e não atacam a impunidade. Preferem cercear o direito sagrado de ir e vir, de ir a um jogo de futebol pelo simples prazer de ir a um jogo de futebol. Querem restringir o número de torcedores, mesmo sabendo que só irão os mais violentos, porque estes têm privilégio junto à direção dos clubes. Direção de clubes que, quase sobre boquirrota, contribui para acender o pavio da violência e da insanidade, como este mesmo blog alertou recentemente.

O que há de positivo na ação do promotor Castilho é um trabalho de bastidores para mudar a lei, para torná-la menos branda e permissiva e devolver o futebol ao torcedor que quer apenas gritar o gol. Antes que ele seja dominado pelos que chamam pela morte.

sexta-feira, fevereiro 13, 2009

VASCO, SANTOS E SUAS CRISES


Será que haveria um ponto comum nas crises por que passam dois dos maiores times do Brasil, Vasco e Santos?

Talvez sim. Porque são clubes que sofrem os efeitos maléficos de administrações personalistas e prologadas, cujos defeitos e vícios acabam refletindo, cedo ou tarde, no desempenho do time de futebol.

O Vasco foi dirigido como um feudo por Eurico Miranda durante muito, muito tempo. Teve grandes momentos, grandes times, mas sempre havia uma pergunta, um questionamento quanto aos métodos utilizados por seu, digamos, dono à época. Tenho um amigo vascaíno que sempre defendia os métodos do Eurico afirmando que ele lutava pelo Vasco. Recentemente mudou de ideia.

O que se lê e ouve é que o Vasco virou terra arrasada. A bomba estourou em Roberto Dinamite, que agora tem sua biografia de maior ídolo do clube sendo contestada por um início de administração conturbado. O Vasco não caiu por causa de Roberto. Mas há perguntas que Roberto precisa responder, tais como empregar um sobrinho no clube. Para quem defendeu as ideias que defendeu, ele não pode fazer tal coisa.

Também parece impensável que um clube futebol profissional possa perder seis pontos porque inscreveu de maneira irregular um atleta. Em pleno século 21 isso é inadmissível.

O Vasco precisa de pacificação, da união dos vascaínos, de uma lavagem cerebral para apagar os métodos que fizeram até alguns vascaínos, como o amigo anteriormente citados, aceitarem os absurdos que eram praticados simplesmente porque o time vencia.

O caso do Santos tem diferenças, mas, talvez, o vício seja o mesmo. O clube tem um dono, seu presidente. Que, isso é sabido, emprestou dinheiro das suas empresas para o clube em momentos complicados. Em troca assumiu o monopólio político/administrativo. O Santos é administrado como uma empresa familiar. Está longe da situação quase pós-guerra do Vasco, tem um patrimônio, cresceu, mas será que é saudável que seja sempre a mesma família a mandar num clube tão importante?

O último capítulo da crise santista foi a demissão do técnico Márcio Fernandes. Tratado como herói por ter livrado o clube do rebaixamento no Brasileiro de 2008, Márcio virou o inocente útil. Ganha muito menos que os principais jogadores, aceita tudo que o clube impõe, não reclama, nõa bate de frente. Mas se o time ganha, é o alvo perfeito para que se jogue a culpa.

Mas o que dizer da atuação de Roni contra o Marília? De sua saída com sorriso irônico no rosto? Ou de um Molina que pouco correu atrás da bola mas teve fôlego para tentar chutar por trás um adversário. De jogadores que viram as costas para o time ao primeiro passe errado?

Porque uma coisa é técnico sem comando. Outra é direção de clube que não banca o comando do treinador. E uma terceira é jogador que zomba de técnico sem comando.

Só sei que vascaínos e santistas não merecem o que têm passado. Muito porque é a vontade de um que se impõe sobre o sentimento coletivo. E cedo ou tarde isso desaba.

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

São Paulo x Corinthians:

estão brincando com fogo


Todo mundo tem razão na mais recente picuinha envolvendo dirigentes de São Paulo e Corinthians. Como atestou Tiago Leifert no Globo Esporte de hoje, um está certo e o outro também, e não se chegará nunca a um acordo nos termos atuais da discussão.

O dono do estádio cuida de seu espaço como bem entende e faz cumprir a regra que vale para destinar espaço ao visitante. Como cada vez mais o mando de campo parece ser decisivo no futebol atual, então a regra vale para todos.

Pode não ser o mais inteligente, e parece não ser mesmo. Os três grandes da capital paulista e mais o Santos, o grande do Litoral, deveriam procurar atuar muito mais em conjunto, para multiplicar a força que cada um tem isoladamente. Podem ser adversários, devem e continuarão sendo. Mas poderiam ser parceiros em assuntos que lhe interessam. Como promover melhor seus jogos e tratar melhor seus clientes, os torcedores.

No caso em questão, os dirigentes de ambas as partes uma vez mais pecaram pelo pouco cuidado com as palavras, fossem faladas ou escritas. Pisam em terreno minado quando utilizam termos e frases que podem atiçar os bandidos que agem infiltrados em grupos uniformizados. Gente que usa o futebol como pretexto para brigar, para matar.

Para esse tipo de gente, uma palavra fora de ordem pode desencadear uma pancadaria, gerar emboscadas e tragédias.

Pois uma vez mais isso foi feito. Em vez de agirem juntos, de buscarem o entendimento, de agirem como profissionais do esporte, alguns dirigentes soam cada vez mais amadores, apenas no sentido de agradar a torcida e contabilizar interesses políticos.

Pensemos na seguinte hipótese: que mal haveria em clubes como os que se enfrentarão domingo decidirem, por exemplo, que os tricolores ficariam com 70% da carga dos ingressos e os corintianos com 30%? Os donos da casa ainda seriam maioria e os visitantes teriam mais espaço e conforto.

O mesmo vale para o Santos quando manda seus jogos na Vila, ou para o Palmeiras no Palestra. Já passou da hora de diminuir a temperatura entre os torcedores mais fanáticos para preservar a vida e valorizar o esporte, a disputa sadia.

Por isso, boa sorte e que os céus olhem por quem precisa ou quer ir ao São Paulo x Corinthians de domingo.

terça-feira, fevereiro 10, 2009

Enfim, um grande jogo

da Seleção Brasileira


Goste-se ou não do trabalho de Dunga, é preciso ser isento na análise. Depois da vitória sobre a Argentina, na final da Copa América, finalmente a Seleção fez um grande jogo, contra um adversário de primeira linha.

O Brasil jogou bem em todos os setores, foi firme, organizado, criativo e mostrou o melhor toque de bola desde muito tempo. Talvez até desde a Copa das Confederações de 2005.

Os destaques foram Robinho, que no mano a mano é fora-de-série, e Ronaldinho Gaúcho, que fez uma partida de líder, de camisa dez, de jogador que é referência para o time.

Há tempos eu acho que o jogador brasileiro tem essa coisa meio blasè de só gostar de jogar grandes jogos, contra grandes adversários. Cada vez mais me convenço disso.

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

John Hollins critica Felipão.

Mas quem é John Hollins?

Leio que um treinador inglês chamado John Hollins afirmou que Felipão, recém demitido do Chelsea, não sabe treinar clubes. Mas quem seria John Hollins, me perguntei, já que não sou letrado em futebol inglês.

Pois fui ao pai dos burros da era digital, o espetacular Google. John Hollins foi jogador do Chelsea nos anos 60 e 70. Se aposentou e treinou equipes de grande tradição no mundo como Stockport, Rochdale, Swansea, Queens Park Rangers.

Ah, antes disso treinou o Chelsea pré-Abramovich. Comandou os Blues em 134 jogos, tendo vencido 49, perdido 48 e empatado 37, entre 1985 e 1988. Espetacular rendimento de uma vitória a mais que uma derrota no geral.

Seu único título foi a valorosíssima Full Members Cup de 1986, vencendo o Manchester City por 5 a 4, após estar ganhando por 5 a 1.

Foi demitido do Chelsea em 1988 após QUATRO MESES sem vencer um jogo da liga.

Com este currículo, John Hollins diz que Felipão, bicampeão da Libertadores, campeão brasileiro, da Copa do Brasil não sabe treinar clubes.
Felipão fracassou? Ou faltou

paciência ao dono do Chelsea?


Leio que Felipão foi demitido do Chelsea. Vejo de duas maneiras a medida tomada pelo time do bilionário Abramovich. A primeira: Felipão fracassou. A outra: o dono Chelsea não teve paciência.

Prefiro a segunda hipótese. O Chelsea está em quarto lugar na Liga Inglesa, sete pontos atrás do líder. O time não venceu nenhum clássico e a pressão das arquibancadas foi tipicamente brasileira, em nada lembrando a fleuma britânica.

Considero Felipão um baitatécnico, um dos melhores do mundo. Ao seu estilo, do seu jeito. Ele precisa confiar nos jogadores e ter a confiança dos mesmos, assim como precisa que a direção do clube ou seleção em que trabalhe acredite nele. Não creio que tenha acontecido isso no Chelsea.

Aliás, o Chelsea é um caso à parte. Um time que eu definiria como um adolescente querendo conquistar a maioridade no futebol meio que na marra. Abramovich quer fazer do seu brinquedo o maior clube do futebol mundial e com isso multiplicar a fortuna que ali investiu. Mas as coisas não são assim tão simples. Manchester e Liverpool, por exemplo, também tinham muito dinheiro - até a quebradeira mundial -, só que com muito mais história e tempo de trabalho e sucesso.

Também pesou contra Felipão o marketing virulento do português José Mourinho. Sempre forçando as comparações, sempre se colocando um patamar acima do treinador que o sucedeu no Chelsea e havia ocupado o lugar dos seus sonhos: o comando da seleção portuguesa.

Felipão quase sempre dá resultados, mas isso a médio e longo prazo. Trabalhos meteóricos como aquele no Cruzeiro ficam no meio termo. Segundo os argumentos de seu assessor de imprensa, Felipão queria rejuvenescer o elenco do Chelsea e não conseguiu. O que azedou de vez sua relação com a direção do clube foi o fracasso na compra de Robinho. Por uma bobagem de um marqueteiro qualquer do Chelsea que botou o nome do atacante na camisa do clube e mandou para a loja sem que o negócio estivesse fechado.

Em suma, acho que o Chelsea agiu mal. De quebra, Dunga agora ganha um concorrente de peso se Felipão ficar muito tempo no mercado e a Seleção Brasileira continuar jogando esse futebolzinho sem graça.

Com Felipão à solta o Brasil x Itália desta terça ganha uma outra importância.

domingo, fevereiro 08, 2009

Velocidade palmeirense
deixa Santos atordoado


A velocidade do jovem time palmeirense foi o fator determinante para a vitória sobre o Santos no primeiro clássico do Paulistão.

Não seria absurdo se o Palmeiras tivesse feito cinco gols nos primeiros 20 minutos de jogo, enquanto o time do Santos assistia, atônito, às arrancadas de Keirrisson, Williams e Kleiton Xavier.

Mas não fez. Os dois marcados aconteceram graças a uma falha de Fábio Costa e, depois, a um pênalti que foi lance de pura interpretação. Fábio Costa toca em Keirrison, mas será que o suficiente para derrubá-lo? O juiz acho que sim. Acho que não foi absurdo marcar e também não seria o fim do mundo não marcar. Absurda, sim, foi a falha de Adaílton

O Santos se equilibrou, conseguiu acertar a saída de bolas e levou perigo ao final do primeiro tempo. Mas quando Lúcio Flávio começava a jogar, não voltou para o segundo tempo. Com 44 segundos, Keirrison, impedido, fez 3 a 0. Kléber Pereira ainda diminuiu, mas o cansaço palmeirense também se verificava entre os santsitas, que correram atrás do resultado durante todo o segundo tempo. No final, Cleiton Xavier brilhou, com inteligência e talento, levando os donos da casa aos 4 a 1. Resultado que não reflete a superioridade verde no primeiro tempo e também não faz justiça à luta alvinegra na segunda etapa.

Conclusões: o Palmeiras é rápido, insinuante e tem elenco para poupar suas estrelas para a Librtadores. Apenas a zaga ainda não se acertou nas bolas aéreas. Edmílson compensa a insegurança de Jeci.

O Santos ainda não se encontrou taticamente. Mas tem time para jogar melhor. No entanto, falta elenco, faltam opções para mudar um jogo, alterar o sistema tático. E a zaga precisa de alguém para jogar ao lado de Fabiano Eller, o único confiável.

DEU MERDA!

Perdoem o título, mas não consegui encontrar outra expressão que representasse o que presenciei neste sábado, em Santo André. O time da casa e o Marília tentavam fazer um jogo pela Primeira Divisão do Campeonato Paulista quando veio a chuva. Torrencial, anormal. Gramado encharcado, jogo paralisado. Até aí, tudo certo.

Mas o que se seguiu foi nojento, repugnante, revoltante. Os vestiários de Santo André e Marília, então, foram invadidos por um mar de esgoto e água barrenta. Os jogadores, profissionais de futebol, tiveram de correr para salvar seus pertences e, para isso, se expuseram ao risco de doenças ao pisar naquele mar de sujeira - havia fezes boiando e ratos nadando.

Funcionários da prefeitura de Santo André informaram aos repórteres do SporTV Marcos Peres e Edgar Alencar que seriam necessárias 48 horas para tirar a água dos vestiários. Se eles sabem que leva todo esse tempo para tirar a água suja, então sabe-se que o vestiário inunda e que, literalmente (de novo me perdoem a expressão), a merda brota.

Aí eu pergunto como é que um estádio nessas condições é aprovado pela Federação Paulista de Futebol em sua vistoria?

Os jogadores de futebol, os verdadeiros donos do espetáculo, ficam ali, expostos à imundície em seu local de trabalho. O torcedor é tratado como gado. Isso na divisão principal do campeonato do estado mais rico do País.

Há estádios no Interior de São Paulo onde chove mais na cabine do que no campo. Outros em que as goteiras são gigantes. Nos corredores de acesso dos torcedores percebem-se infiltrações gigantescas, muitas delas que permitem ver até os ferros por que há por trás do concreto. Os banheiros são imundos em 90% dos casos.

Mas esgoto invadindo vestiário foi a primeira vez que eu vi.

Se os homens da Fifa que estão no País vistoriando cidades candidatas a receber jogos da Copa do Mundo viram tudo que aconteceu ontem, certamente sairão assustados do Brasil.

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

Respeito ao trabalho

no Japão seduz Caio Jr.















Caio Jr. é um dos mais promissores técnicos de futebol da nova geração brasileira. Ainda não deu o salto definitivo para o grupo dos que estão no topo, ainda não conquistou um título importante, mas tem bons trabalhos no currículo, alguns deles que impressionam, como levar o Paraná Clube à Libertadores, deixando para trás gigantes do futebol nacional.

Atualmente Caio é o técnico do Vissel Kobe, do Japão. Ele está na paradisíaca ilha de Guam, no Oceano Pacífico, em plena pré-temporada, com outras três equipes japonesas e uma sul-coreana.

No primeiro jogo-treino, Kobe venceu o Omiya por 5 a 2. Antes do segundo jogo-treino, contra o Sapporo, da segunda divisão japonesa, Caio Jr. respondeu algumas perguntas do Blog do Nori.

BN - Qual sua primeira avaliação desta aventura japonesa?

CJ - Surpreendente, não imaginava que fosse me adaptar tão rápido.

BN - Quais as principais diferenças entre Brasil e Japão para um treinador de futebol?

CJ- A principal é o respeito, depois o planejamento e a estrutura.

BN - A crise económica afetou o futebol japonês?

CJ - Em principio não, mas o comentário é que vai afetar.

BN - No momento em que você estava conseguindo espaço em grandes clubes optou por sair do País. Não teme ficar esquecido no mercado brasileiro?

CJ- Sempre quis trabalhar no Japão e achei que era a hora certa. Fiz um contrato de 3 anos que se cumprir voltarei para o Brasil mais tranquilo, com experiência internacional e acredito que deixei as portas abertas no Brasil.

BN- De longe, como você avalia o início de temporada no Brasil? Quais os times que despontam como os favoritos para os títulos em 2009?


CJ - Estadual é bem diferente do que Brasileiro, mas os 5 primeiros do ano passado continuam como favoritos e mais o Internacional.

O livro do Menon não

é para ser lido apenas

pelos corinthianos


Vá lá que o fato de o Menon, vulgo Luís Augusto Simon, ser um dos meus melhores amigos interfira na análise. Mas a gente precisa ser isento, o que é diferente de ser imparcial. E sendo isento, recomendo a leitura do primeiro livro do Menon, A Saga Corintiana. Não apenas para corintianos que são, claro, o público-alvo.

Há várias maneiras de se encarar o livro. Como lembrança da passagem do Timão pela Série B, como arquivo histórico, como diversão, entre outras. Eu acho que a melhor maneira de encará-lo é como uma autêntica aula de como se contar histórias em linguagem jornalística de alto nível.

Sem querer ser pedante, acadêmico ou mesmo professoral, o Menon sabe como poucos resumir o que foi um jogo, dada sua enorme capacidade de ver um jogo de futebol. Também tem um raro senso de localização de personagens. Isso feito, resume precisamente o que foram aqueles dias para uma das maiores torcidas do Brasil.

O livro do Menon derruba uma tese das mais absurdas que circula pelas arquibancadas e redações, de que é preciso torcer para um time para falar sobre ele. Porque este A Saga Corintiana captura a alma do time da Fiel com tanta ou mais sensibilidade do que um corintiano o faria.

quinta-feira, fevereiro 05, 2009

NÃO TEM EXPLICAÇÃO

Fico imaginando um ET, se é que existem (eu acho que sim) analisando o Brasil de algum quadrante do Universo. Que pensaria esse ET se soubesse que a novidade no Congresso são as eleições - de novo - de José Sarney e Michel Temer?
Que Sarney, cuja história política sempre foi tudo contra o que lutou o presidente Lula, hoje é seu aliado?
Ou como tentaria compreender esse ET o seguinte: um lutador de boxe cubano é repatriado ao seu país pelo Governo brasileiro porque queria sair de Cuba; um acusado de terrorismo na Itália ganha exílio no Brasil. Como agiria o Governo se um acusado de terrorismo em Cuba fosse preso no Brasil, e um lutador de boxe italiano pedisse asilo político em Brasília?

quarta-feira, fevereiro 04, 2009

AS PATADAS DOS "PROFESSORES" E
A FALTA DE COMANDO DOS CLUBES


Repercutiu - muito e mal - o caso das patadas do técnico do São Paulo, Muricy Ramalho, nos jornalistas durante a entrevista coletiva após a derrota do seu time para o Santo André. Não é novidade, nem exclusividade do Muricy.
Vejo a coisa da seguinte forma: ninguém está ali para saber o que pensa o cidadão Muricy Ramalho sobre a vida, o tempo, a crise global e mesmo sua visão sobre o futebol. As pessoas se reúnem ali após os jogos para entrevistar o técnico do São Paulo Futebol Clube que calha De ser hoje Muricy Ramalho. Houve muitos outros antes e haverá muitos outros depois dele. O clube permanecerá. Como no Corinthians é o Mano Menezes, no Palmeiras o Luxemburgo, no Inter o Tite, no Fluminense o Renê Simões.
Acima dos "professores", muito acima, estão as instituições para as quais eles trabalham. O técnico de um desses clubes não dá entrevista para fulano ou cicrano, mas para os milhões de torcedores dos seus clubes. Como um ministro de Estado não fala para o jornalista de determinado veículo, mas para mim, para você, para o contribuinte, o cidadão.
Acontece que, muito por culpa de um vício recente do jornalismo esportivo, os treinadores viraram celebridades. Falam mais do que deviam e por isso, muitas vezes, falam demais por não ter nada a dizer, como cantou um dia Renato Russo. Viraram estrelas de primeira grandeza e gostaram disso.
Ao serem colocados num pedestal para dar suas entrevistas enfadonhas e repetitivas (recheadas de perguntas enfadonhas e repetitivas) eles se sentem naturalmente superiores e se acham no direito de distribuir coices a torto e a direito. Alguns o fazem como teste. Luxemburgo, por exemplo, apenas repete o bate e assopra que foi eternizado pelo mestre Oswaldo Brandão. Primeiro uma patada para saber se o repórter pipocava ou não. Depois, um afago.
Mano Menezes é, atualmente, um dos mais educados entre os treinadores, assim como Renê Simões e Caio Jr. Ambos pensam antes de responder, até polemizam, mas com critério.
Muricy - e falo isso porque gosto dele e de seu trabalho e me dou bem com ele - é mais pavio curto, menos sofisticado. A embalagem pode ser vendida com autenticidade, mas o resultado acaba sendo falta de educação mesmo, em muitas situações.
O que ele e outros não entendem é que seria muito mais complicado se os clubes resolvessem, por hipótese, adotar a via direta de comunicação. Em vez de atender aos jornalistas, os treinadores todos os dias receberiam os torcedores para responder aos seus questionamentos. Por que é o torcedor do São Paulo que quer saber - e tem direito - qual será a nova dupla de ataque do time.
Isso tudo acontece porque as diretorias dos clubes são ausentes, na maioria dos casos. Porque as grosserias e patadas acontecem com os distintivos dos clubes e as marcas de seus patrocinadores como pano de fundo. Ou até nos bonés e camisetas. Quem está sendo indelicado é o sujeito que ocupa o cargo de treinador do clube e só é famoso e bem remunerado porque é treinador daquele clube, que oferece a ele as condições de trabalhar e ser reconhecido por isso, através de sua capacidade. O técnico não é dono do time, muito menos do clube.
Para um clube que faz questão de valorizar e divulgar sua fama de moderno e organizado, o São Paulo deveria mostrar a Muricy Ramalho que a ordem das coisas é um pouco diferente do que aparece creditado pela imprensa. É o treinador do São Paulo, Muricy Ramalho. Não Muricy Ramalho, o treinador do São Paulo. Pega mal para a imagem da instituição.

LUTO NO BASQUETE

Duas mortes abalaram o mundo do basquete. O passado de glórias representado pelo pivô Adílson, figura importante dos anos 70 e 80, de jogos memoráveis pelas quadras do mundo. E um futuro de esperanças representado pela pivô Michelle Spliter, de apenas 19 anos. Derrotados por doenças, eles foram vitoriosos na vida difícil, de batalhas, e nas quadras.

terça-feira, fevereiro 03, 2009

SOLIDARIEDADE BRASILEIRA
COM O BRASIL DE PELOTAS

Tenho uma modesta coleção de camisas de times de futebol. Gosto das menos óbvias. Duas das mais bonitas são uma preta da Áustria e uma vermelha da Suíça. Tenho especial apreço por uma que ganhei do presidente do São José de Porto Alegre, o simpático Zequinha. Outra do Noroeste de Bauru. Estou tentando comprar uma do Brasil de Pelotas, porque peguei ainda mais simpatia por esse clube vendo a reação solidária de sua fanática torcida à tragédia que vitimou o clube recentemente. Vejo que o torcedor brasileiro está solidário com o Brasil. Não consigo achar uma camisa do Brasil em lojas pela Internet. Tudo esgotado.
Não importa o tamanho do time, gosto das torcidas que adotam suas camisas. Não das torcidas que só aparecem em dia de final, em época de glória. Torcedor, citando ao contrário o que o Nélson Rodrigues disse para irritar o Otto Lara Resende, tem que ser solidário até no câncer.

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

A MAGIA DOS CAMPEÕES

MUNDIAIS DE BASQUETE












Foi, seguramente, uma das mais emocionantes e gratificantes jornadas de minha carreira como jornalista. Sábado, 31 de janeiro, em Brasília, apresentei o programa especial que o SporTV preparou para homenagear os campeões mundiais de basquete de 1959. Uma geração espetacular, que colocou o Brasil sempre entre os melhores do mundo de 1954 até 1970 e preparou o terreno para as gerações posteriores.

Estiveram em Brasília Wlamir Marques, Waldir Boccardo, Pecente, Jathyr e Edison Bispo.
Além de Saulo Souza, filho do inesquecível Carmo de Souza, o Rosa Branca. Amaury Passos não foi. Incrível como 50 anos depois os jogadores ainda vivos mantêm espírito jovial e se tratam como se ainda fossem atletas.

Destaco o desabafo de Wlamir Marques, um dos maiores de todos os tempos, citando as rivalidades bobocas e as tentativas infrutíferas de diminuir o valor de uma conquista histórica e inesquecível.

Na foto, da esquerda para a direita, estão Saulo, eu, Wlamir, o amigo Rodrigo Alves, profundo conhecedor de basquete do Globoesporte.com, Waldir, Edison Bispo e Pecente. Jathyr não aparece na foto.
RONALDO, ROBINHO E
A TENTAÇÃO DA BOLA

Chocante a foto publica pela revista Veja desta semana, em matéria sobre os meninos farristas do futebol. Ronaldo aparece com a cabeça entrelaçada por um par de pernas femininas numa boate paulistana. Talvez de melhor estilo, mas de reputação duvidosa como aquela frequentada por Robinho em Leeds.
Cada um faz da sua vida o que bem entende, não estou aqui para julgar ou criticar. Acontece que jogadores de futebol e quase todas as pessoas que circulam por esse meio acham que estão acima do bem e do mal e do andar normal das carruagens. O jogador de futebol padrão acha que as regras para ele não existem e que o fato de portar uma chuteira e uma camisa de prestígio dá entrada vip para qualquer coisa na vida. Entendem que todas as mulheres querem sair com eles e que são importantes para qualquer segmento. Ainda que exista uma legião de oportunistas prontas para vender o útero pensando em uma polpuda aposentadoria, algumas podem não sentir nada por um boleiro. E tem muita gente que não liga a mínima pra futebol.
E o boleiro com alguns neurônios deveria perceber que na maioria das vezes o que essas moças querem é fazer um filho com ele e viver de renda. Mas a história é antiga e talvez não tenha solução jamais. Porque atrás de um boleiro com dinheiro no bolso sempre haverá um cordão de puxa-sacos para carregar sacolas, atender telefones, pedir dinheiro emprestado, tocar um pagode e, claro, uma oportunista pronta a encomendar uma aposentadoria integral que demora nove meses para chegar.
PAULISTÃO PRECISA DE RECICLAGEM

Sou caipira com orgulho e aprendi a gostar de futebol através do Campeonato Paulista. Mas contra fatos não há argumentos. O modelo atual do campeonato, com 20 clubes, está esgotado. Não tem sustentação econômica e futebolística. Qualquer devaneio de grandeza até de um paulista de família quatrocentona dura uma fração de segundo se confrontado com a realidade. É impossível fazer um campeonato estadual com 20 times. Com algum esforço talvez houvesse 12 times em condições de disputar esse torneio, analisando tecnicamente.
O que ocorre com 20 times? O Paulistão começa muito antes do que deveria e atropela a pré-temporada dos principais clubes, que são aqueles que disputam as Séries A e B do Brasileiro. Com duas semanas de treino, as vezes com menos, os times entram na ciranda de jogos a cada 48 horas, o que impede que os treinamentos sejam bem realizados. Quando os times começam a entrar nos eixos, unindo desempenho físico e técnico, o campeonato acaba.
Acho que nunca se deve renegar o passado e esquecer as raízes. Os grandes paulistas são o que são por causa do campeonato estadual. As rivalidades nasceram e viscejaram (bonito isso!) ali. Só que o mundo muda e não há politica que resista aos fatos. Com esse modelo, o Campeonato Paulista não se sustenta por muito tempo.
O excelente comentarista Paulo Calçade escreveu algo sobre isso em sua coluna de estréia no Estadão de hoje.
Bola rolando, o torneio é de poucas surpresas em quatro rodadas. Dos pequenos, Barueri, São Caetano, Santo André e Mirassol mostraram alguma qualidade. De resto, os grandes estão alguns degraus acima. Entre os grandes, se destacam Palmeiras e Corinthians. O Palmeiras pelo raro e rápido entrosamento mostrado por um time jovem e veloz. E o Corinthians pela boa base que veio de 2008, somada a contratações que chegaram mostrando serviço. O São Paulo ainda está em ritmo de pré-temporada e, assim como no ano passado, tenta se moldar a um estilo de jogador (era Adriano, agora é Washington). Parece que a lógica de jogadores que se moldam ao estilo do time deve prevalecer novamente pelos lados do Morumbi. Senão o Muricy ainda vai soltar um palavrão daqueles em plena coletiva. O Santos se mostrou algo preguiçoso contra o Ituano, apesar da trave no meio do caminho. E com Fabão e Adaílton na zaga fica complicado.